quarta-feira, 26 de maio de 2010

Maré negra: BP ignorou por três vezes sinais de problema iminente

A companhia petrolífera BP ignorou por três vezes sinais que alertavam para um perigo iminente, pouco antes da explosão na plataforma Deepwater Horizon, a 20 de Abril, no Golfo do México, revelaram ontem senadores norte-americanos.

Os alarmes para avisar os funcionários da plataforma de que algo não estava bem soaram por três vezes: 51 minutos, 41 minutos e 18 minutos antes da explosão, segundo um relatório interno da BP, citado pelos senadores Henry Waxman e Bart Stupak.

Estes sinais foram ignorados e uma explosão acabou por sacudir a plataforma, fazendo onze mortos. A instalação, a 80 quilómetros da costa, acabou por se afundar dois dias depois, a 22 de Abril.

Ontem, a BP preparava-se para injectar cimento no poço que continua a derramar combustível, a 1500 metros de profundidade. O grupo petrolífero britânico explicou ontem que vai lançar “nos próximos dias” a operação que consiste em injectar líquidos pesados dentro do poço para reduzir a pressão. Depois, deverá tapá-lo com cimento.

“Estão em curso os últimos preparativos para tentar tapar o poço. Se as operações correrem bem hoje (...) tomaremos uma decisão hoje à noite ou amanhã de manhã quanto a fazermos uma tentativa para tapar o poço amanhã (quarta-feira)”, informou ontem no Senado David Hayes, secretário-adjunto para os Assuntos Internos, responsável pela gestão dos recursos naturais.

Mas esta segunda-feira, o director-geral da BP, Tony Hayward, avaliou “entre 60 e 70 por cento” a probabilidade de que esta operação tenha sucesso. Até porque nunca foi tentada a esta profundidade. No caso de fracassar, o grupo prevê outras medidas mas nunca antes do final do mês.

Obama vai à Luisiana

A Casa Branca anunciou ontem que o Presidente norte-americano Barack Obama vai esta sexta-feira à Luisiana para “avaliar” as operações que estão em curso para combater a maré negra. Esta será a segunda vez que o Presidente viaja até à região desde o início da catástrofe.

Ontem, a estação de televisão norte-americana ABC perguntou à responsável pelo Ambiente na Casa Branca, Carol Browner, se esta era a pior maré negra dos Estados Unidos. “Infelizmente, acredito que não há qualquer dúvida disso”, respondeu.

Até agora, a pior maré negra dos Estados Unidos remontava a Março de 1989, quando o petroleiro “Exxon Valdez” encalhou numa baía do Alasca, derramando 38.800 toneladas de petróleo.

O frágil ecossistema de zonas húmidas do Luisiana é um local de reprodução para peixes, moluscos e aves e representa 2,4 mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros) por ano para a indústria da pesca e do turismo. No mercado de Biloxi, localidade costeira no estado do Mississípi, os preços do camarão aumentaram dez por cento desde o início da crise, segundo vendedores contactados pela AFP.

Ontem, os Estados Unidos decidiram acrescentar 20 mil quilómetros quadrados à zona interdita à pesca no Golfo do México. Esta medida eleva para 140 mil quilómetros quadrados a superfície total onde a pesca está proibida, mais ou menos a superfície da Grécia.

Fonte: AFP

0 comentários:

Enviar um comentário