terça-feira, 1 de junho de 2010

Pingo Doce recusa críticas da Greenpeace e diz que cumpre a lei na venda de peixe

Depois de activistas da associação ambientalista Greenpeace terem colado cartazes no Pingo Doce do Cais do Sodré, em Lisboa, a acusar o supermercado de esgotar os oceanos de "Janeiro a Janeiro", a empresa do grupo Jerónimo Martins fez uma comunicação directa ao cliente para justificar o protesto.

Em panfletos colocados à saída das caixas (e apenas naquela loja), o Pingo Doce sublinha que "pauta a sua actuação pelos mais elevados princípios éticos e cumpre integralmente os imperativos legais em vigor determinados pela política de pescas de Portugal e da União Europeia". Em causa está o terceiro Ranking dos Supermercados da Greenpeace que analisa as práticas de compra de peixe das principais cadeias de distribuição alimentar e coloca o Pingo Doce no fundo da tabela.

O Lidl, que só vende peixe congelado e não tem peixaria, mantém-se na liderança porque é o que mostra mais empenho "em melhorar substancialmente as suas práticas de comercialização de pescado". Divulga a sua política de compras e tem vindo a descontinuar a venda de espécies mais vulneráveis.

De acordo com o relatório da Greenpeace, Sonae (Modelo e Continente) e Auchan (Jumbo e Pão de Açúcar) têm políticas semelhantes, mas é a Sonae [detentora do PÚBLICO] quem "leva a vantagem por partilhar pormenores do seu plano para rever a gama de produtos de peixe que oferece". Na escala da organização ambientalista - que vai de verde a vermelho - Intermarché, Minipreço, Pingo Doce e Feira Nova estão nos últimos lugares.

A Greenpeace atribuiu as pontuações com base na informação fornecida pelas cadeias de distribuição e nem o grupo Os Mosqueteiros nem a Jerónimo Martins apresentaram documentos que comprovem critérios sustentáveis. Apesar de duras críticas aos supermercados Intermarché ou às lojas de discount Minipreço, o tom da organização ambientalista endurece-se quando cita a Jerónimo Martins.

O grupo, dizem os ambientalistas, "afirma confiar na gestão da pesca da União Europeia. Mas com as quotas anuais para a Europa estabelecidas em média 48 por cento acima das recomendações dos cientistas (...) seguir as regulamentações definitivas não basta". A atitude da Jerónimo Martins sobre a sustentabilidade do pescado que vende é classificada como "a antítese da transparência". "Este é o único retalhista que continua a recusar responder à Greenpeace", lê-se no relatório.

Fonte da empresa repete que são cumpridos "integralmente os imperativos legais da União Europeia sobre política de pescas". No panfleto dirigido aos clientes, o Pingo Doce explica que tem sido alvo de acções de protesto promovidas "por um grupo de indivíduos que alegam pertencer à organização não governamental Greenpeace". Repudia todas as afirmações "falsas e caluniosas" e garante ter adoptado há anos comportamentos pró-activos na adopção de boas práticas que procuram "preservar a natureza". "A Greenpeace tem-se recusado sempre a aceitar os convites para integrar qualquer organismo mundial de controlo de pescas, certamente porque tal impediria de usufruir do mediatismo que deseja", acusa.

Ao que o PÚBLICO apurou, em 2009 também foram entregues aos clientes panfletos idênticos. Nessa altura, a Greenpeace colocou um cartaz de grandes dimensões na fachada da sede do grupo com a frase "Jerónimo Martins destrói os oceanos". A lista vermelha de peixes da organização ambientalista inclui espécies como o peixe-espada branco, camarões, raia, salmão ou solha, em risco de serem "provenientes de pescas ou de viveiros insustentáveis".

Fonte: Publico.pt

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