quinta-feira, 11 de junho de 2009

Vigilantes da Natureza sentiram-se intimidados, mas não sofreram violência!

Os dois Vigilantes da Natureza envolvidos no processo que deu origem às polémicas afirmações do autarca Fernando Ruas sobre “correr à pedrada” estes profissionais admitiram ter-se sentido intimidados, mas que nunca sofreram violência física de populares.
O Tribunal de Viseu tinha decidido há uma semana, na segunda sessão do julgamento de Fernando Ruas por instigação pública ao crime, ouvir os dois Vigilantes da Natureza que autuaram a Junta de Freguesia de Silgueiros, por falta de licença para colocar manilhas num caminho público a pedido de moradores e proprietários agrícolas, que se queixavam de dificuldades em transpor a linha de água que o atravessa em época de chuvas. O presidente da Junta de Silgueiros tinha voltado a acusar os Vigilantes da Natureza de “excesso de zelo” nuns casos e de não darem tratamento às situações realmente importantes, o que levou Fernando Ruas a afirmar, na Assembleia Municipal de 26 de Junho de 2006, que a população os devia “correr à pedrada”.

Carlos Alberto Azevedo, o Vigilante da Natureza que assinou o auto, disse em tribunal que, após as declarações do presidente da Câmara de Viseu, teve “algum medo de ir para o terreno”, devido ao clima de hostilidade com que poderia ser recebido pelos populares. Referiu, no entanto, nunca ter sentido qualquer situação de “violência explícita”, apenas tendo vivido “situações em que (populares) usaram a mesma expressão” de Fernando Ruas, que “não foram muitas, mas foram algumas”. Segundo o agora técnico superior, as reacções negativas das pessoas a uma autuação “são normais”, mas a expressão de que “deviam era ser corridos à pedrada” só começou a ser usada depois das afirmações do autarca social-democrata. José Almeida, que esteve com Carlos Azevedo em Silgueiros, disse que algumas pessoas que encontravam no terreno “repetiam as palavras que foram ditas na Assembleia”. No entanto, considerou que essas palavras não eram ditas “em tom de ameaça”, mas sim “em tom de gozo”.

Ambos admitiram que nunca sentiram necessidade de chamar a GNR por se terem sentido em perigo devido às declarações de Fernando Ruas, nem de pedirem transferência para outro serviço ou local. Já Rui Nobre, também Vigilante da Natureza, contou que precisou de chamar a GNR para actuar numa sucateira. “O indivíduo (da sucateira) utilizou as mesmas expressões, que devíamos ser corridos à pedrada e também a tiro. À terceira vez que tivemos de nos deslocar lá tivemos de chamar a GNR”, referiu. O tribunal de Viseu também tinha decidido apenas na última sessão chamar Rui Nobre a depor, na sequência de declarações que este fez a órgãos de comunicação social sobre problemas com populações de vários concelhos devido às declarações de Fernando Ruas. “Pressões psicológicas houve. As pessoas quando nos viam diziam, vocês deviam ser corridos à pedrada”, contou, dizendo, no entanto, perceber que “quando o presidente disse aquilo não seria com essa intenção”. Para esta sessão de julgamento estava prevista a audição da gravação áudio da Assembleia Municipal de Junho de 2006. No entanto, apesar de ter estado toda a tarde com as quatro cassetes em cima da mesa, o juiz António Cunha anunciou no final que estas não poderiam ser ouvidas por o tribunal não ter “conhecimento como operar com o respectivo aparelho reprodutor” e por não saber o local exacto “onde se encontram gravadas as expressões a ouvir”. Desta forma, as cassetes serão ouvidas na próxima sessão, marcada para as 09:30 de 18 de Junho, dia em que o juiz prevê poderem também ser feitas as alegações finais.

Fonte: Noticias de Viseu

0 comentários:

Enviar um comentário