sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"Cães-biólogos" ajudam estudos de impacte ambiental

Polícia e empresa Bio3 unem-se no treino e uso de cães para a detecção de animais mortos, o que vai ajudar a monitorizar espécies protegidas.

"Balita, busca, busca!" Ao incentivo do tratador, a cadela pastora- -alemã corre pelo meio do mato e, poucos minutos depois, pára e indica um pássaro morto. O jogo faz parte da demonstração do Projecto Cão-Biólogo desenvolvido pela empresa Bio3 em parceria com a Unidade Especial da Polícia. O pássaro morto tinha sido escondido para demonstrar a eficácia da cadela na busca e detecção de cadáveres de aves e morcegos, uma técnica que visa a conservação de espécies protegidas.

Balita, uma pastora-alemã de três anos de idade, é a nova arma da defesa do ambiente em Portugal. O melhor amigo do homem já era usado para os mais diversos fins, da busca e salvamento à detecção de droga e explosivos. Agora, também temos cães especialistas na monitorização ambiental. Balita foi o primeiro cão treinado para busca e detecção de cadáveres de aves e morcegos, usado para o estudo do impacte de parques eólicos e linhas eléctricas. Faz parte do Projecto Cão- -Biólogo, um serviço inovador em Portugal, apresentado ontem à comunicação social pela empresa Bio3, no parque eólico da serra dos Candeeiros, em Rio Maior.

No alto da serra, em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, o nevoeiro cerrado não deixa ver um palmo à frente dos olhos. Indiferente ao frio e humidade, Balita corre pela vegetação com visível alegria. Mesmo quando duas técnicas do Instituto de Conservação da Natureza insistem na realização de um exercício numa zona de mato espinhoso e molhado, para testar a fiabilidade da cadela.

Miguel Mascarenhas, da empresa Bio3, disse que teve conhecimento desta metodologia já usada há algum tempo nos EUA. "Fizemos a proposta à Unidade Especial da Polícia, uma das instituições mais credenciadas no treino de cães, e que aceitou o desafio, tendo iniciado em Abril de 2008 os treinos de dois cães e dois técnicos da Bio3", disse este biólogo que fez formação com a Cássia, a segunda cadela usada neste projecto.

Entre os observadores deste exercício, além dos jornalistas e técnicos do Instituto de Conservação da natureza, contam-se a comissária Paula Monteiro, da Unidade Especial da Polícia, e o agente especial Miguel Lemos, do Grupo Operacional Cinotécnico, que apoiam este projecto.

A comissária Paula Monteiro justificou a participação da PSP neste projecto pioneiro com "a importância da defesa do ambiente", assim como a necessidade de termos uma "polícia moderna com consciência do seu papel e responsabilidade social". A Unidade Especial de Polícia já tinha cães de busca e salvamento, de detecção de drogas e explosivos, e recentemente criou grupos de detecção de armas de fogo e possui ainda cães para operações tácticas. Agora, em parceria com a Bio3 surgiu este projecto pioneiro em Portugal.

"A monitorização ambiental dos parques eólicos e a protecção das espécies é do interesse da sociedade, por isso aceitámos esta parceria com a Bio3", disse a comissária Paula Monteiro.

Com o recurso a estes cães treinados especialmente para detectar cadáveres de animais, esta solução pretende conferir maior rigor nas avaliações de impacte ambiental e nos estudos e monitorizações de biodiversidade.

Prova disso, Balita descobre, um após outro, todos os cadáveres das aves escondidos na vegetação, recebendo satisfeita os elogios e carinhos do tratador. Para o animal, tudo isto é um jogo, uma brincadeira que faz com alegria infantil.

Mas para as aves e morcegos este é um trabalho sério que pode significar a sobrevivência de muitas espécies protegidas.

Fonte: Diário de Notícias

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