A primeira reserva exclusivamente marinha a ser criada em Portugal nasceu da vontade de um grupo de cidadãos e a paixão pelo mundo debaixo de água foi a razão que os moveu.
Por estas águas, os Meros são desde sempre os seus grandes companheiros de mergulho, no entanto a sua curiosidade e sociabilidade tornou-os presas fáceis dos arpões dos caçadores submarinos. Hoje, os Meros são uma espécie ameaçada em Portugal.
Porém, diz quem sabe, ao longo destes seis quilómetros de um azul profundo, estão concentradas todas as espécies de peixes existentes no Atlântico.
Os biólogos subscrevem a constatação. Aliás, a biodiversidade suportada por um habitat rochoso, propício à coabitação entre espécies e a necessiade de criar ali um viveiro e conciliar o turismo e a conservação da natureza, foram os fundamentos apresentados.
Em 1986 foram aceites. O Governo Regional da Madeira legislou. Criou a Reserva Natural Parcial do Garajau e em nome da protecção dos valores naturais, a pesca foi proibida e para além do mergulho, hoje, só é permitido nadar, andar à vela ou de canoa, na zona da reserva. A estação do Lazareto é o porto de abrigo dos vigilantes da natureza que patrulham a reserva e zelam pelo cumprimento da lei, para além de darem apoio ao mergulho amador.
Para as autoridades oficiais os objectivos estão conseguidos, os apanhadores de lapas protestam, e os cientistas apesar de reconhecerem o sucesso, confessam: fez falta um censos inicial e uma monitorização que permitisse suportar cientificamente as vantagens da existência da primeira reserva exclusivamente marinha do país.
Dezanove anos depois quem por ali sempre mergulhou sussurra: o desenvolvimento está a comprometer aquilo que até agora a Reserva Natural Parcial do Garajau conseguiu de algum modo conservar no seu imenso azul.
Fonte: RTP.PT
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