A construção do Itinerário Principal 8 (IP8), entre Sines e Beja, já levou o Governo a autorizar o abate de quase 8 800 sobreiros e 1 300 azinheiras, obrigando à reflorestação do triplo da área afectada, escreve a Lusa.
«Gostaria que não tivessem de ser abatidos sobreiros ou azinheiras, mas o sul do país não pode ficar prejudicado em termos rodoviários pelo facto de, infelizmente, não haver outras alternativas», afirmou o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Rui Pedro Barreiro.
O secretário de Estado falava esta quarta-feira à Lusa à margem de uma cerimónia, em Ourique, relativa a um projecto piloto para recuperar e proteger o montado de sobro e de azinho daquele concelho.
A construção do IP8, futura autoestrada 26 (A26), em curso, já levou o Governo a autorizar a Sociedade Portuguesa para a Construção e Exploração Rodoviária (SPER), responsável pela obra, a proceder ao abate de mais de 10 mil árvores de montado de sobro e de azinho.
O último despacho governamental, dos ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP) e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC), foi publicado em Diário da República no passado dia 23.
No documento, é declarada a «imprescindível utilidade pública» do lanço entre o nó de Grândola Sul e Ferreira do Alentejo, para que seja possível o abate de 965 sobreiros e 314 azinheiras, numa área de 15,42 hectares.
Já antes, em final de Junho, tinha sido formalizada a mesma declaração para o lanço entre os nós de Roncão e de Grândola Sul, envolvendo o abate de 7 825 sobreiros e 932 azinheiras, em 57,24 hectares.
Rui Pedro Barreiro lembrou que os sobreiros e azinheiras são «árvores protegidas por lei» e que o seu abate obriga a «um conjunto de procedimentos», como a declaração de utilidade pública.
«Mas o abate fica condicionado à implementação de medidas de compensação», argumentou, explicando que, no caso do IP8, a SPER vai ter que beneficiar o triplo da área afectada, numa zona de povoamento de sobreiros na zona de Sines.
Contactado pela Lusa, José Paulo Martins, da associação ambientalista Quercus, lamentou os «custos ambientais» destas «opções de desenvolvimento» e garantiu que as medidas de compensação só vão ter um efeito «parcial» porque «não evitam que a nova estrada espartilhe a paisagem e os ecossistemas».
Fonte: IOL
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