São associados a bruxas e duendes, podem ser fatais, uma vez ingeridos, ou alucinogénicos. Em Portugal, onde os casos de envenenamento têm feito notícia, os cogumelos ainda geram medo. Nada que o conhecimento não resolva.
José Pais, engenheiro florestal e colaborador da EcoFungos - Associação Micológica, diz que por cá os cogumelos ainda suscitam "muito medo", mas acredita que se combate "com conhecimento e experiência". "Não temos uma tradição forte de apanhar cogumelos", explica o vice-presidente da EcoFungos, Rui Simão, que admite a existência de uma carga negativa "relacionada com envenenamentos e mortes".
Truques para distinguir entre cogumelos comestíveis e venenosos, envolvendo alho ou objectos de prata? São mitos. Importa, sim, saber identificá-los. "Há uma grande diversidade. Alguns são facilmente confundíveis. Precaução é a palavra de ordem", frisou Sílvia Neves, técnica do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, numa sessão promovida, recentemente, pela Câmara Municipal de Góis.
Em "À Descoberta dos Cogumelos" aprendeu-se sobre a identificação destes fungos e as boas práticas na colheita. Por exemplo, preservar o micélio (estrutura a partir da qual nascem os cogumelos), evitando remexer o solo, ou fazer o transporte em cestos de vime ou outro material com orifícios, para ser semeador.
Entre os participantes esteve João Gama, técnico de agricultura que começou a apanhar cogumelos silvestres para consumo aos 6 anos, por hábito familiar. Sem registo de incidentes, até porque a apanha se cingia a cinco espécies. Colher só as que se conhece bem é uma regra de ouro.
"Os cogumelos são o parente pobre da floresta", defende Rui Simão, que os vê como "uma riqueza florestal que está a ser desaproveitada no nosso país", nomeadamente, por "falta de legislação". Na sua óptica, "não são protegidos e ainda não lhes damos o devido valor comercial", sendo que, além de potencial económico, têm potencial turístico.
Rosário Alves, directora executiva da Forestis - Associação Florestal de Portugal, também defende o aproveitamento deste recurso, "muito valorizado" em países como Espanha, França ou Itália, nomeadamente, através da "criação de uma fileira comercial".
Fonte: Carina Fonseca, Jornal de Notícias
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