As autoridades espanholas encontraram este domingo um lince-ibérico morto em Aznalcázar, Sevilha. O animal, da espécie de felino mais ameaçada do planeta, tinha no corpo 32 chumbos. A WWF pede “tolerância zero”.
O lince foi encontrado domingo à noite entre duas propriedades agrícolas do município de Aznalcázar, segundo as autoridades ambientais andaluzas, citadas pelo jornal “ABC de Sevilha”. A necropsia realizada pelo Centro de Análises e Diagnóstico da Junta da Andaluzia encontrou 32 bocados de chumbo no corpo do lince.
Na mesma noite foi encontrado outro lince morto, atropelado na A-49, perto de Salteras, Sevilha.
Estima-se que existam apenas no mundo cerca de 200 linces-ibéricos (Lynx pardinus) em estado selvagem, em duas populações em Espanha: Doñana e Serra Morena. A população de Doñana terá cerca de 60 animais; apenas 18 são fêmeas.
“A época de reprodução terminou e os linces mais jovens, que já têm maturidade suficiente para andarem sozinhos, procuram novos territórios e espaços para caçar, o que faz com que se amplie a zona de influência do lince”, explicou à EuropaPress Francisco Javier Fernández, delegado de Ambiente da província de Sevilha.
Aquele centro de diagnóstico continua a tentar determinar as circunstâncias exactas da morte daqueles dois animais, avança a agência EuropaPress. Assim que seja possível, a Junta da Andaluzia vai abrir uma investigação para apurar responsabilidades.
Ontem, as associações ambientalistas WWF e Ecologistas em Acção pediram à Junta da Andaluzia e à Federação Andaluza de Caça “tolerância zero” com a caça ilegal. Para Juan Romero, porta-voz dos Ecologistas em Acção em Huelva, há uma “intenção” por detrás dos disparos. Por isso pediu uma “investigação rigorosa.
Felipe Fuentelsaz, responsável da WWF em Doñana, este foi um acontecimento “lamentável e um crime”. “Apesar dos esforços dos últimos anos, através dos programas Life da União Europeia e da colaboração com os caçadores na conservação do lince, o caso deste animal abatido a tiro não é o primeiro”, acrescentou Fuentelsaz à EuropaPress.
Na verdade, no final de Setembro de 2010 as autoridades espanholas encontraram na mesma região de Aznalcázar um lince-ibérico, de dois anos e meio, baleado por doze disparos. No ano passado morreram
sete linces em estado selvagem na região de Doñana. Este número significa que já se perdeu mais de dez por cento de uma das duas únicas populações viáveis do planeta.
Esta época de reprodução nos centros de criação em cativeiro em Portugal e Espanha terminou com o nascimento de 45 crias, das quais apenas sobreviveram 26. Hoje, o Programa de Criação em Cativeiro do Lince conta com um total de 92 animais: 19 linces em Silves, 39 linces em Olivilla (25 adultos e 14 crias), 30 linces em El Acebuche (18 adultos e 12 crias), três no Zoo de Jerez de la Frontera e sete em Granadilla.
Fonte: Helena Geraldes, Público
Foto: PÚBLICO/arquivo
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