segunda-feira, 25 de julho de 2022

Dia Mundial do Vigilante da Natureza – 31 de julho


 

Faltam meios para os Vigilantes da Natureza Portugueses

 

No dia 31 de julho celebra-se o Dia Mundial dos Vigilantes da Natureza e após tantos anos de comemoração continuam a faltar meios para os Vigilantes da Natureza Portugueses.

Os Vigilantes da Natureza desempenham imensas tarefas, desde a vigilância, fiscalização e monitorização do meio ambiente, da execução de censos de espécies selvagens até à identificação de fontes poluidoras, no entanto, os meios necessários para a concretização dessas funções não são disponibilizados pelas diferentes entidades públicas onde desempenham funções. A falta de binóculos e monóculos para efetuarem a monitorização de espécies, a falta de viaturas para transportes de animais que coloquem em segurança os profissionais e os animais transportados são uma realidade, estes simples exemplos colocam como principal desafio à profissão a supressão da falta de meios.

O número reduzido de elementos para tantas tarefas e as remunerações equiparadas ao ordenado mínimo são sem dúvida um grande obstáculo à evolução e ao reconhecimento de uma profissão que tem tudo para desempenhar o seu papel de protetor da Natureza e educador dos homens. O planeta não necessita de ser salvo, mas sim a humanidade!

Uma carreira especial, que só o é para desempenhar as imensas tarefas atribuídas diariamente, mas que já não o é quando olhamos para a folha de ordenado e para os direitos que lhes são sonegados. 

Os Vigilantes da Natureza, nos seus patrulhamentos diários e constantes, vigiam, fiscalizam e monitorizam o Ambiente, intervindo no domínio hídrico, património natural e conservação da natureza. São uma presença permanente na natureza, protegem as paisagens e as áreas classificadas, tudo fazem para garantir a salvaguarda da fauna e flora silvestres.

A lista do que fazem é muito extensa, monitorizam espécies selvagens e habitats, recolhem e se for necessário executam os primeiros socorros a animais selvagens feridos ou debilitados, controlam o tráfico de espécies animais, fiscalizam resíduos e avaliam o seu estado de perigosidade, fazem a inventariação de fontes poluidoras e monitorizam a qualidade das águas e colaboram na reintrodução de espécies ameaçadas.

Os Vigilantes da Natureza são sem dúvida pessoal que está no terreno, mas que não têm como missão unicamente a proteção da Natureza e da Biodiversidade, orientando o seu desempenho também para servir as comunidades locais e a sociedade em geral. Devido à sua ação e cooperação com as populações, estas sentem-se mais próximas do património natural e cultural.

Como já foi referido, a falta de meios é um dos maiores desafios à profissão. No terreno há falta de meios operacionais para o exercício das funções, com especial incidência nas viaturas, meios informáticos e de comunicação, também o número de efetivos existentes em território nacional atingiu um patamar muito preocupante.

Consideramos a formação contínua primordial para elevar os conhecimentos técnicos que possibilitem dar resposta à complexidade crescente de infrações ambientais com que se deparam diariamente.

O aumento da superfície a fiscalizar e o aumento de atribuições origina a necessidade de melhorar a capacidade de ação destes profissionais, o que não é reconhecido pelos decisores em relação ao Corpo Nacional de Vigilantes da Natureza ao lhes negar melhores condições de trabalho e remunerações equiparadas às funções desempenhadas.

FELIZ DIA MUNDIAL DOS VIGILANTES DA NATUREZA

Coruche, 24 de julho de 2022

 

Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Ventos de mudança! Um Congresso de Rangers para Rangers

 

Ventos de mudança! Um Congresso de Rangers para Rangers

 

No 9º Congresso Mundial de Rangers realizado entre 12 e 16 de novembro de 2019 em Sauraha, Chitwan, organizado pela International Ranger Federation e pela WildCAN Associação de Conservação da Vida Selvagem do Nepal, a Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza (APGVN), em articulação com o Governo Regional dos Açores apresentou a sua candidatura à realização do 10.º World Ranger Congress – Congresso Mundial de Rangers, que iria decorrer em 2022, no entanto devido à pandemia mundial Covid-19, decidiu-se alterar a sua concretização para o ano de 2023.

A escolha da International Ranger Federation (IRF) foi anunciada pela sua Vice-presidente, Linda Nunn, durante a cerimónia de encerramento do 23.º Encontro Nacional de Guardas e Vigilantes da Natureza, que se realizou no Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina de 30 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 2020.

Para o Governo Regional dos Açores esta decisão foi “um claro reconhecimento do trabalho desenvolvido na Região em matéria de conservação da natureza e de biodiversidade, bem como da dignificação e valorização da carreira de Vigilante da Natureza, cujos efetivos duplicaram nos últimos anos”.

A Região Autónoma dos Açores tem 124 áreas terrestres classificadas no âmbito da Rede de Áreas Protegidas dos Açores, o que corresponde a mais de 24% do território emerso do arquipélago.

A APGVN solicitou reunião com o Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, tendo participado na reunião dirigentes da associação portuguesa e a Vice-presidente da IRF, a convite da delegação portuguesa. Com a realização desta reunião ficou bem vincado o empenho do Governo Regional no apoio ao Congresso, tendo sido elaborado um memorando com a descrição do auxílio que o Governo Regional irá conceder.

Também reunimos com a Presidente do Turismo da Região dos Açores que demonstrou o seu apoio ao Congresso, tendo posteriormente sido elaborada pela APGVN a candidatura a apoios financeiros. Efetuámos também reuniões com instituições hoteleiras, de fornecimento de alimentação e com empresas de observação de cetáceos. Visitámos o local das conferências e das refeições.

Para preparação da organização do Congresso realizaram-se várias reuniões entre a APGVN e a IRF ficando bem vincada a intenção da APGVN incluir os custos da alimentação, alojamento e visitação no valor da inscrição, por esse motivo a APGVN tem trabalhado na aquisição de apoios financeiros para cobrir essas despesas e reduzir ao máximo o valor da inscrição, o que irá possibilitar a participação de um maior número de Rangers com menores posses financeiras. Esta proposta não foi aceite pela IRF que insistiu em utilizar os valores dos financiamentos no patrocínio de um grupo restrito escolhido e selecionado pelos dirigentes da IRF, imposição que a APGVN rejeitou. A IRF também exigia que para além de se pagar a inscrição no Congresso, cada participante procura-se o seu alojamento e as refeições, o que a APGVN rejeitou, explicando que individualmente o alojamento e as refeições ficam mais caras e que temos um acordo com uma cadeia de Hotéis com preços mais baixos do que normalmente praticam. Para resolver o impasse a APGVN aceitou a existência de dois tipos de inscrição, uma modalidade apenas com inscrição no Congresso, alimentação e visitação, e outra com inscrição, alojamento, alimentação e visitação incluídas.

A IRF exigia que o financiamento obtido fosse depositado na sua conta bancária, tendo a APGVN explicado que os financiamentos obtidos pelas candidaturas e apoios concedidos por entidades oficiais portuguesas têm que ser depositados em contas nacionais e que temos que apresentar toda a documentação que comprove o investimento das verbas concedidas para o Congresso. Devido à intransigência da IRF informámos que poderiam nomear um seu representante para trabalhar em conjunto com o nosso tesoureiro.

De reunião para reunião a IRF alterava o que tinha combinado e acertado com a APGVN, como prova da insensatez e da falta de profissionalismo da IRF estão as gravações das reuniões, que gostaríamos que fossem divulgadas na íntegra.

Ficou combinado numa das reuniões que a IRF iria elaborar um memorando com as obrigações da APGVN e da IRF o que nunca foi concretizado.

A APGVN produziu um documento para ser utilizado na procura de financiamentos e patrocínios, onde deveriam constar as assinaturas do Presidente da IRF e do Presidente da APGVN e que nunca foi assinado pelo Presidente da IRF.

A APGVN informou que as atas das reuniões não transcreviam o que realmente se tinha acordado, tendo a IRF referido que iriam proceder à sua retificação, o que nunca foi feito, curiosamente não existem atas das duas últimas reuniões, na penúltima tinha ficado tudo combinado para a realização do Congresso e passados uns dias recebemos uma mensagem da Vice-presidente, com a concordância do Presidente da IRF, a solicitar o cancelamento de todas as diligências referentes à organização do Congresso.

No dia 20 de junho realizou-se a última reunião onde fomos informados que a direção da IRF tinha decidido o cancelamento do Congresso Mundial de Rangers e que não valia a pena argumentar porque a decisão estava tomada. Após dois anos de trabalho árduo por parte da APGVN na organização do Congresso com compromissos ao mais alto nível, terminam abruptamente com o nosso trabalho, demonstrando uma arrogância e sobranceria incompreensível.

É importante referir que a IRF não efetuou nenhuma diligência que contribuísse para a organização do Congresso, limitando-se a colocar exigências e entraves.

A APGVN irá realizar um Congresso Mundial de Rangers de 05 a 09 de junho de 2023, na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores, Portugal, de forma independente, sem nenhuma interferência da IRF ou ligação com os seus dirigentes.

O objetivo da APGVN é possibilitar a participação do maior número possível de Rangers a nível mundial, atrair a atenção da empresa internacional, e conseguir centralizar os olhares do mundo para os Rangers, e para as comemorações do Dia Mundial do Ambiente (05 de junho) e do Dia Mundial dos Oceanos (08 de junho) que se vão realizar durante o Congresso.

A nossa dedicação à organização do Congresso prossegue com a mesma determinação e empenho porque a nossa intenção é elevar e valorizar a profissão de Ranger. Todos sabemos que está em risco a estabilidade do planeta e a sobrevivência da humanidade e de todos os seres vivos e que os Rangers poderão desempenhar um papel importantíssimo para reverter a situação.

Queremos que este Congresso seja útil e que realmente se sinta uma mudança na vida dos Rangers, ambicionamos alcançar a mudança das mentalidades de muitos dirigentes a nível mundial e demonstrar através deste evento da capacidade organizativa e de trabalho destes enormes profissionais.

Ventos de mudança estão cada vez mais próximos, unidos iremos alcançar o que os burocratas da IRF nos queriam negar. Teremos o nosso espaço para dialogar e chegarmos a consensos, para que alcancemos o caminho certo para o reconhecimento de uma profissão tão pouco considerada, que merece ser apoiada e divulgada.

Estamos à vossa espera de braços abertos nas maravilhosas “Ilhas de Bruma”, este será um Congresso de Rangers para Rangers.

Francisco Correia

APGVN