quarta-feira, 31 de março de 2010

Vigilantes da Natureza do PNSAC recolheram 86 animais feridos em 2009

No ano passado, os serviços de recolha  e de reencaminhamento  de animais sinistrados do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) receberam  86 espécimens. A maioria foi reencaminhada para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Monsanto (LX CRAS) e, depois de reabilitada, foi devolvida ao seu habitat natural.
Esse, é aliás, um dos momentos "mais gratificantes" dos Vigilantes da Natureza do Parque Natural. "Sentimos que foi mais um animal que escapou", afirma António José Silva, Vigilante da Natureza do PNSAC.

Dos 86 animais recolhidos, 14 ficaram feridos  na sequencia de colisões com viaturas, enquanto 15 apresentavam ferimentos causados por tiros. "Durante a época de caça, quase todas as quintas-feiras nos é entregue um animal", conta aquele vigilante, revelando que, no ano passado, receberam também oito animais que se encontravam em cativeiro.
Segundo António José Silva, a maioria desses casos é descoberta através de denúncias anónimas. "Numa primeira abordagem, tentamos sensibilizar as pessoas para o facto de se tratarem de espécies protegidas. Na generalidade das situações, as pessoas são sensíveis aos nossos argumentos e acabam por nos entregar os animais de livre vontade", conta o Vigilante da Natureza.

De acordo com os dados do PNSAC, o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR foi a entidade que mais animais entregou nos três pontos de recolha do Parque - Ecoteca em Porto de Mós, Monumento Natural das pegadas de Dinossaurios no Bairro e Serviços Administrativos em Rio Maior - totalizando 60 exemplares. Os Vigilantes da Natureza do PNSAC recolheram 20, enquanto os restantes seis animais chegaram aos serviços do Parque através de outras entidades ou cidadãos particulares.

Dos 86 animais recebidos, 25 eram Buteos (Águia-de-asa-redonda, muito comum na área do PNSAC). Foram ainda entregues 11 corujas-das-torres, outros tantos gansos-patolas, 5 cegonhas, 5 gralhas-pretas e 4 garças-reais, entre outras espécies. "A maioria dos animais que recebemos são aves, mas também acolhemos um ou outro mamífero, como raposas ou genetas", revela António José Silva.



Fonte: O Portomosense

Pesquisa científica: Sapos alteram-se antes dos sismos

Biólogos britânicos relatam alteração de comportamento sexual nos sapos machos cinco dias antes de ocorrerem sismos.
O comportamento de sapos na sua fase de reprodução poderá ajudar a prever algo tão imprevisível como um sismo, segundo um estudo publicado hoje no Journal of Zoology por investigadores de universidades do Reino Unido.

O que os biólogos Rachel Grant da Open University e Tim Halliday, da universidade de Oxford sustentam é que os sapos comuns machos (Bufo bufo) exibem uma "alteração brutal no seu comportamento cinco dias antes de ocorrer um sismo".

Foi exactamente isso que eles verificaram na cidade italiana de Áquila, no dia 6 de Abril de 2009, quando observavam os sapos da região no seu ciclo reprodutivo, e se deu um sismo com a magnitude de 6,3 na escala de Richter, que fez 229 vítimas mortais na cidade.

Os resultados que registaram sugerem que "os sapos comuns Bufo bufo são capazes de prever acontecimentos sísmicos importantes e de adaptar o seu comportamento em consequência disso", dizem os autores.

Os dois biólogos estavam em trabalho de campo, observando os sapos a cerca de 70 quilómetros de Áquila naquela altura, e verificaram que cinco dias antes do sismo 96 por cento dos sapos machos alteraram o seu comportamento. Em vez de se manterem activos, como sempre fazem enquanto dura a época reprodutiva, ficaram inactivos e, nos três dias que antecederam o sismo, os biólogos não registaram acasalamentos. Fugas de gás radão do solo poderiam estar implicadas nesta situação.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 30 de março de 2010

Primatas ameaçados por caça ilegal e práticas mágicas

Pelo menos uma centena de espécies de primatas é usada em todo o mundo em práticas da medicina tradicional ou em rituais mágicos ou religiosos, o que está a contribuir para acelerar o seu declínio. Esta é a conclusão de um estudo sobre o problema coordenado pela Universidade do Estado do Paraíba, no Brasil, e publicado na revista Mammal Review, da Mammal Society do Reino Unido.

Das 390 espécies avaliadas, 101 são perseguidas e caçadas regularmente para aproveitamento de partes dos seus corpos naquelas práticas, verificaram os cientistas.

"Apesar das legislações, o comércio e utilização de espécies de primatas nas medicinas tradicionais persiste", afirmou o coordenador do estudo, Rómulo Alves, citado pela BBC News.

Das 101 espécies caçadas com estes propósitos, 12 estão classificadas como criticamente ameaçadas, 23 como em perigo e 22 são consideradas vulneráveis. Esta ameaça junta-se às outras que estão a afectar os primatas no estado selvagem: perda de habitat e caça ilegal entre outras.

Fonte: Diário de Notícias

Curso Internacional: Aves Rapaces - Biología, Medicina y Conservación


Curso Internacional:  Aves Rapaces - Biología, Medicina y Conservación - 13 al 16 de abril, 2010

Organizan
Asociación Peruana de Cetrería y Conservación de Aves de Presa
APCCAP

FaunaVet-PERÚ

Objetivo:
Brindar conocimientos avanzados sobre biología, medicina y conservación en aves rapaces a estudiantes de pregrado, egresados, bachilleres, cuidadores, profesionales y personal afín a las áreas relacionadas a la medicina y conservación de aves rapaces.

Expositores invitados: Miguel Daniel Saggese, DVM PhD; y Mauricio Fabry DVM, MSc (c)

Programa
Curso teórico 4 días
Horario: 6:00 pm a 10:00 pm

Martes 13
06:00 - 07:00 Anatomía, fisiología y características principales de las aves rapaces
07:00 - 08:00 Procedimientos clínicos y toma de muestra de aves rapaces
08:00 - 09:00 Patología clínica de aves rapaces
09:00 - 10:00 Programa Bi-Nacional Cóndor Andino

Miércoles 14
06:00 - 07:00 Radiología
07:00 - 08:00 Enfermedades infecciosas I
08:00 - 09:00 Enfermedades no infecciosas II
09:00 - 10:00 Enfermedades no infecciosas

Jueves 15
06:00 - 07:00 Manejo, sujeción y examen físico
07:00 - 08:00 Anestesia
08:00 - 09:00 Cirugía ortopédica
09:00 - 10:00 Nutrición

Viernes 16
06:00 - 07:00 Situación de las aves rapaces en Perú - Causas de amenaza y problemas de conservación (Fernando Ángulo)
07:00 - 08:00 Principios de rehabilitación en aves rapaces
08:00 - 09:00 Enfermedades emergentes
09:00 - 10:00 Oftalmología

Lugar:
Auditorio Facultad de Ciencias Biológicas – Universidad Ricardo Palma

INSCRIPCIÓN:

Curso teórico
Profesionales, egresados, técnicos, cuidadores, bachilleres ……..…… S/. 100.00
Estudiantes de pre-grado ………………………………………………..….…...…… S/. 70.00
Incluye: CD resumen de ponencias, materiales para el curso y certificado de asistencia.

Vía depósito en el BCP Cta. Corriente en soles FaunaVet-PERÚ SAC N° 191-1748294-0-34. Enviar imagen del voucher (scanner o fotografía) y ficha de inscripción al mail: info@faunvet-peru.com ó faunavet.peru@gmail.com


INFORMES
FaunaVet-PERÚ
info@faunavet-peru.com
http://www.faunavet-peru.com/
Cel: (+511) 991130879
Lima 03 - Perú


Con el auspicio de:

Zoocriadero El Huayco

Animal Life

Virbac

Bang

Universidad Ricardo Palma.
Facultad de Ciencias Biológicas, Escuela de Medicina Veterinaria.

Brigada de Fauna Silvestre


Daniel Montes Aliaga
FaunaVet-PERÚ
http://www.faunavet-peru.com/
dmontes@faunavet-peru.com
faunavet.peru@gmail.com
Cell: (+511) 991130879
Lima 03 - Perú

segunda-feira, 29 de março de 2010

Biodiversidade marinha: Corais da Polinésia destruídos

Ciclone 'Oli' varreu recife do Pacífico Sul, já atacado por predadores e que é agora terreno fértil para algas.

Primeiro foram as pragas de estrelas-do--mar, depois vieram os furacões. O recife de coral da Polinésia Francesa, um dos mais importantes do mundo, foi praticamente todo destruído pelo ciclone Oli, que fustigou a região no início de Fevereiro.

Depois de ter passado a 3 de Fevereiro pelas ilhas Leeward, onde provocou ondas de sete metros de altura e ventos de 170 km/h, o ciclone dirigiu-se para os arquipélagos do Pacífico Sul na madrugada de 4 de Fevereiro, onde ganhou ainda mais força. Quatro dias depois, o Departamento de Observação dos Corais de Moorea, uma das ilhas da Polinésia Francesa, pôs mãos à obra para perceber o impacte do Oli nos corais. E a conclusão foi pouco menos do que terrível: o recife de corais de um dos sítios mais bonitos do mundo está praticamente morto.

A ameaça não era nova. Os corais da Polinésia, considerados saudáveis até 2004, segundo um relatório internacional datado de 2008, estavam já severamente afectados por uma praga de estrelas-do-mar (a Acanthaster), grandes predadores destes organismos qualificados de maravilhas subaquáticas.

Mas, apesar disso, a estrutura física dos corais, mesmo das colónias já mortas, estavam praticamente intactas, o que dava grandes esperanças de regeneração. Até agora. A comparação entre os dados antes e pós-ciclone mostram quebras de rugosidade na ordem dos 50% até aos trinta metros de profundidade (ver caixa). Grande parte das colónias já mortas pela Acanthaster foi mesmo arrancada pela força das ondas.

A preocupação dos investigadores vira-se agora para o resto da vida marinha da zona, que vai ser afectada pelas mudanças nos recifes. Os cientistas estão já a recolher informação sobre a população de peixes e estrelas-do-mar para perceber em que medida diminuíram com a passagem do ciclone. Mas dois cenários estão já em cima da mesa: ou as algas se instalam definitivamente na zona, dominando e matando os corais, como já aconteceu noutras partes do globo; ou o recife consegue recuperar dos "destroços", mas nunca mais com o mesmo aspecto e as mesmas características. Regeneração que nunca aconteceria em menos de dez anos.

Fonte: Diário de Notícias

A DINOEXPO "DINOSSÁURIOS INVADEM O GEOPRAK NATURTEJO"

A maior exposição itinerante do mundo sobre Dinossáurios, alguma vez reunida, já se encontra patente no Centro de Exposições do NERCAB, em Castelo Branco, Portugal, a partir de 27 de Março até 30 de Outubro.
Esqueletos, crânios de dinossáurios, ovos, ninhos e ovos com embriões, garras e dentes são algumas das dinocuriosidades que poderão ser exploradas durante a DinoExpo a qual é promovida pela empresa holandesa Creatures & Features em parceria com o Geopark Naturtejo.

+ informação >>

VENHA FAZER UMA VIAGEM AO PASSADO

http://www.dinoexpo.com.pt/

http://www.facebook.com/profile.php?v=app_2344061033&ref=profile&id=100000484824716#!/event.php?eid=359029569780&index=1

http://www.geoturismo.org/profiles/blogs/dinossaurios-estao-a-chegar-ao?xg_source=activity

“Os Verdes” contra Cemitério Nuclear junto à fronteira portuguesa

O Partido Ecologista “Os Verdes” entregou ontem, em entidade competente, o seu parecer no quadro da consulta pública para a construção de um Armazém Temporário Centralizado (ACT) de resíduos nucleares em Espanha, Albalá (Cáceres), a cerca de 80km da fronteira portuguesa.

“Os Verdes” manifestam-se frontalmente contra esta possibilidade de localização, bem como quanto a outros locais próximos da fronteira, visto que é reconhecido internacionalmente que, para este tipo de resíduos nucleares, não existe ainda uma solução de armazenamento adequada. Para além disso, o processo de selecção foi conturbado e contestado por organizações ecologistas e partidos ecologistas espanhóis. Falta também, de acordo com o grupo Verdes/Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu, um adequado acompanhamento por parte da Comissão Europeia quanto a esta matéria.

O PEV considera ainda que, tratando-se de um local próximo da fronteira, tem de haver informação e acompanhamento por parte do Governo português, o que, de acordo com as informações disponíveis, parece não estar a acontecer.

No sentido de obter esclarecimentos quanto a este acompanhamento, o Deputado do Grupo Parlamentar “Os Verdes”, José Luís Ferreira, entregou ontem na Assembleia da República duas perguntas, dirigidas ao Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, em que pretende saber se já houve algum pedido de informação ao Governo de Espanha sobre este assunto e que diligências pondera o Governo tomar face à hipótese de aprovação deste projecto.

EM ANEXO: PARECER E PERGUNTAS DE “OS VERDES”

O Gabinete de Imprensa de “Os Verdes”
(T: 213 919 642 - F: 213 917 424 – TM: 917 462 769 - imprensa.verdes@pev.parlamento.pt)
www.osverdes.pt

Lisboa, 27 de Março de 2010

Parecer
Perguntas ao MAOT
Perguntas ao MNE

Projecto BioDiversity4All - Biodiversidade para todos

Desde meados de Março que o site http://www.biodiversity4all.org/ já está online.

O projecto BioDiversity4All - Biodiversidade para todos está a criar uma base de dados online (http://www.biodiversity4all.org/) sobre a Biodiversidade em Portugal, fundamentada na participação activa da sociedade civil e da comunidade científica.

O BioDiversity4All cria a possibilidade de todos contribuírem com registos de observações de plantas, animais e fungos e de usufruírem dessa informação, segundo o conceito Web 2.0, através de um site fácil e divertido de utilizar e explorar.
Assumindo-se como uma plataforma aberta de ligação entre o público e a comunidade científica, permite criar diversos benefícios para a sociedade - O facto de não conhecermos o que nos rodeia distancia-nos da necessidade e importância de conservar e de interagir com a Natureza de uma forma sustentável.
Constituir uma base de dados pública e permanentemente actualizada com informação sobre a Biodiversidade nacional só será possível pela canalização da informação já existente em diversos projectos e associações específicas, bem como pela angariação da colaboração do público. Se unirmos todos estes grupos através de uma rede de colaboração para um fim comum, o resultado será bastante superior à soma das partes.
É necessária a colaboração de todos! Assim, cada vez que inserir um registo de observação no seu perfil pessoal do BioDiversity4All estará a contribuir para o conhecimento da Biodiversidade nacional e para a sua divulgação.

Gostávamos de pedir o vosso apoio na divulgação, bem como as vossas opiniões. Neste momento é importante começarmos a adicionar dados, de forma a dinamizar e enriquecer a informação da base de dados - a vossa contribuição é muito importante. Podem criar perfis pessoais e/ou institucionais, caso considerem adequado. Nós podemos ajudar no que for necessário.

Criámos uma parceria com os BioEventos2010, programa do Museu Nacional de História Natural e do CBA -Centro de Biologia Ambiental, ao abrigo da qual vamos ser o site utilizado e promovido nas iniciativas, nomeadamente nas Estações da Biodiversidade e no Dia B - Dia da Biodiversidade.

Estamos a criar também diversas outras parcerias, que podem consultar na nossa página de parceiros.

Vamos continuar a procurar novos contactos e parceiros de forma a juntar o máximo de pessoas e instituições nesta plataforma e gostaríamos de contar convosco neste projecto.

Mais sobre o projecto:
http://www.biodiversity4all.org/index.cfm?p=45132D5B-FF11-E5F9-B40575264950A014


A equipa do BioDiveristy4All

Filipe Ribeiro
Luís Tiago Ferreira
Patrícia Tiago
Marcel Dix (yellowcat.nl)

domingo, 28 de março de 2010

Iniciativa "Plantar Portugal" - um cidadão, uma árvore

Depois da iniciativa Limpar Portugal, que juntou voluntários para a limpeza de florestas e zonas verdes no passado dia 20 de Março, o movimento cívico Plantar Portugal está a lançar um novo apelo à participação dos municípios e de voluntários para a reflorestação do país no mês de Novembro.

A iniciativa Plantar Portugal agendou de 23 a 28 de Novembro a Semana da Reflorestação Nacional, apelando à participação dos municípios e de voluntários para “plantar com respeito pela biodiversidade e pelas espécies autóctones”.

De acordo com Hélio Lopes, um dos promotores da iniciativa, a organização pretende começar a criar bancos de árvores por concelhos e por equipas que serão posteriormente utilizadas na Semana da Reflorestação Nacional.

O Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade apoia o movimento Plantar Portugal, que instituiu também este ano o Prémio Arvore de Cristal, atribuído ao arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles.

http://www.plantarportugal.org/pt/

“IX Semana da Floresta” alerta para a biodiversidade de Montejunto

Arrancou no dia 17 de Março, a “IX Semana da Floresta”, iniciativa de cariz lúdico-pedagógico, organizada pelo Município do Cadaval, que visa sensibilizar as crianças para a preservação do ambiente, da floresta e do ecossistema em geral. Neste que constitui o Ano Internacional da Biodiversidade, crianças do Pré-escolar ao 3.º Ciclo do Concelho subirão à Serra, até dia 26, para descobrir “O que se esconde em Montejunto?”.

A “Semana da Floresta” é, com efeito, uma iniciativa que há muito faz parte do imaginário da comunidade escolar do Concelho do Cadaval, nomeadamente das crianças e jovens que, anualmente, aguardam a habitual subida à Serra, que lhes permita aprender um pouco mais sobre o meio ambiente que as circunda e de como poderão contribuir para o preservar.

Explorando a temática da “Biodiversidade”, a Câmara Municipal do Cadaval planificou um conjunto de actividades específicas para cada nível de ensino, do pré-escolar ao 3.º ciclo, genericamente constituídas por diversos jogos temáticos e pelos designados “postos técnicos sobre a biodiversidade”, contando com o apoio de Vigilantes da Natureza do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.




Sável (Alosa alosa): Uma delícia em risco de desaparecer

É um maná em vias de desaparecer. Parente da popular sardinha e da espinhosa savelha, o sável é um gigante com as características de toda a família: gordo, saboroso e espinhoso. É também caro e raro na gastronomia, pois só é pescado nos finais do Inverno.
Vive no mar, a peneirar toneladas de água para engolir apenas o zooplâncton. Geralmente em Março, dirige-se para as embocaduras dos rios, em cardumes gigantescos, e sobe-os para a desova. Nessa viagem fluvial é capturado para se tornar o pitéu de muitos apreciadores.

As diversas práticas culinárias de preparação do sável provocam avalanches de sofredores de gula a acorrer aos festivais e centros tradicionais de preparação do bicho, um pouco por todo o País. A pesca do sável é, portanto, um importante recurso económico, mas ao mesmo tempo contribui para uma diminuição dos efectivos populacionais e coloca em risco a continuidade da espécie.

Para alguns apreciadores, quanto mais a montante for pescado, mais é apreciado. "O sável chega aos rios bastante gordo e todo o processo de subida é feito contracorrente, transpondo barreiras e desenvolvendo as gónadas. Daí que, muitos o prefiram comer quando capturado mais a montante, já em condições de atleta", explica Pedro Raposo de Almeida, professor da Universidade de Évora e investigador no Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências de Lisboa.
No nosso país, a subida dos rios está actualmente dificultada e muitas vezes até impossibilitada. A construção de barragens e de açudes, responsáveis pela interrupção das rotas migratórias, são a ameaça mais séria à espécie, classificada "em perigo" pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. "Quando chega aos rios, o sável traz reservas energéticas para a migração e para a reprodução. Ao entrar, deixa de se alimentar. Se gastar as reservas energéticas a ultrapassar barreiras, o processo de reprodução torna-se mais difícil", salienta Pedro Raposo de Almeida.

Se anteriormente à construção das barreiras, o sável e a sua congénere ocupavam nichos de reprodução diferentes, reproduzindo-se o sável mais a montante, actualmente dá-se muitas vezes uma sobreposição das áreas de desova das duas espécies. O aparecimento de híbridos, geralmente estéreis, leva também a uma quebra da população.

Como é frequente em muitas espécies, a grande maioria dos sáveis adultos morre depois de reproduzir. "Os juvenis têm de regressar ao mar, mas é complicado direccioná-los para as passagens construídas para o efeito nas barragens", alerta o investigador do Instituto de Oceanografia. Muitos juvenis não acedem às passagens e são sorvidos, acabando por morrer nas turbinas.
Pedro Raposo de Almeida alerta que "é necessário assegurar a continuidade longitudinal das áreas de reprodução da espécie, criando mecanismos eficazes de transposição de barreiras e assegurando um fácil regresso dos juvenis". O investigador refere que "algumas coisas têm de ser feitas a nível nacional, como a avaliação do estado das populações (através dos levantamentos das capturas) e o condicionamento da pesca em determinados locais e alturas do ano".
Apesar de existir pouca informação sobre os efectivos populacionais do sável, sabe-se que nos últimos anos a espécie tem sofrido uma acentuada redução. "Em Portugal, é das espécies que é possível que estejam mais ameaçadas em termos de conservação. É importante que não se esgote um recurso que é de todos", salienta Pedro Almeida.

Extremamente sensível, o sável entra facilmente em stress, acabando por morrer, o que torna a sua manipulação deveras complicada.

Fonte: Diário de Notícias

Boletim GUARDAPARQUE - Edição de Fevereiro - Março de 2010

Já está disponível o boletim informativo da IRF - Guardaparque - referente a Fevereiro - Março de 2010.

Download (pdf)

Infraestruturas e mortalidade de fauna - um problema cada vez maior



Passou recentemente no programa Biosfera da RTP2 uma interessante reportagem sobre o impacto de várias infraestrutras nos níveis de mortalidade da fauna silvestre. O Projecto MOVE, da Unidade de Biologia da Conservação da Universidade de Évora, foi o mote para esta peça, mas falou-se também de aerogeradores e linhas eléctricas.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Foi descoberto o primeiro animal imortal (com vídeo)

Uma equipa de cientistas descobriu o primeiro animal imortal do Mundo. Com aspecto semelhante a uma alforreca e pouco mais de cinco milímetros de comprimento, o Turritopsis nutricula é, por enquanto, o único ser que descobriu a fonte da juventude.
O segredo deste animal marinho é a capacidade para controlar o seu ciclo de maturidade infinitamente através de um processo de transdiferenciação, permitindo que um tipo de células se transforme noutro.

O processo de transdiferenciação e regeneração de órgãos não é, de todo, desconhecido pelos investigadores, uma vez que alguns animais, como as salamandras ou as estrelas-do-mar, conseguem reconstruir algumas partes do seu corpo, mas de forma limitada. No caso do Turritopsis nutricula, o caso é diferente, uma vez que consegue utilizar esta capacidade em todo o corpo, ou seja, cada vez que atingir a maturidade sexual, o ciclo de vida desta espécie volta ao início, à sua ‘infância’.

Esta capacidade de enganar a morte está a provocar um aumento vertiginoso do número de exemplares que, aos poucos, começam a dominar os mares.

“Estamos a assistir a uma invasão silenciosa um pouco por todo o Mundo”, afirma Maria Miglietta, uma das responsáveis pelo estudo agora apresentado pelo Instituto Tropical Marinho de Smithsonian, em Washington, nos Estados Unidos.

Video em: http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentid=FE3B8806-4BEA-42CB-8132-55CAFE3341FE&channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021

Dois Guardaparques assassinados em Porto Rico



Dos oficiales del Cuerpo de Vigilantes del Departamento de Recursos Naturales y Ambientales (DRNA) fueron asesinados el martes en la madrugada a las afueras del edificio donde ubica la agencia gubernamental en Río Piedras. Según reveló el superintendente de la Policía, José Figueroa Sancha, aparentemente varios sujetos llegaron hasta la sede del DRNA con la intención de cometer un robo, pero los vigilantes que prestaban seguridad en el lugar, le hicieron frente y resultaron muertos...Finalmente, el Superintendente indicó que los asesinos de los dos vigilantes de recursos naturales enfrentarán cargos a nivel federal, pues el caso tiene todos los elementos dentro del memorando de entendimiento. Se trató de dos personas muertas con armas de fuego y un vehículo hurtado del lugar.

Fonte: http://www.wapa.tv/noticias/locales/asesinan-a-dos-vigilantes-del-drna/20100323043417

Ministra admite que bivalve raro pode condicionar barragem do Alto Tâmega

A ministra do Ambiente afirmou hoje que o mexilhão de rio do norte, espécie protegida descoberta no rio Beça, poderá condicionar a construção da barragem de Padroselos, mas salientou que a decisão final só será tomada após o processo de avaliação ambiental.

Dulce Pássaro, que falava à margem da inauguração da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Chaves, referiu que está a ser equacionada a não construção da barragem, incluída na "cascata do Alto Tâmega" concessionada à espanhola Iberdrola.

O Estudo de Impacte Ambiental do aproveitamento hidro-eléctrico do Alto Tâmega, que incluiu a construção de quatro barragens - Alto Tâmega, em Vidago, e Daivões (ambas no rio Tâmega) e Gouvães e Padroselos (afluentes) -, está em consulta pública até 14 de Abril.

No decorrer da elaboração do EIA foi descoberto o mexilhão de rio do norte, Margaritifera margaritifera, uma espécie rara protegida pela legislação nacional e europeia e que em 1986 chegou a ser dado como extinto em Portugal.

A construção da barragem de Padroselos implicaria a eliminação desta colónia de bivalves e, por isso, o EIA revela já um "possível cenário alternativo do projecto", que passa pela exclusão desta barragem aumentando a potência prevista para Gouvães.

A ministra Dulce Pássaro referiu que a decisão final será tomada após a consulta pública, recolhidos e analisados os contributos dos participantes.

A construção das quatro barragens do Alto Tâmega está a ser contestada pelas populações afectadas, autarcas, universitários e ambientalistas, que se mostram preocupados pela dimensão da albufeira, qualidade da água ou alterações no clima.

Dulce Pássaro recebe terça feira os autarcas de Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Boticas, Ribeira de Pena, Montalegre e Valpaços, que vão aproveitar para entregar à ministra um estudo alternativo elaborado por especialistas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

A ministra destacou os aspectos positivos decorrentes da construção das barragens referindo que, em primeira linha, vão ajudar a defender o ambiente porque vão produzir energia renovável e diminuir a emissão de gases com efeito de estufa.

"Depois, também vão ajudar a diminuir a nossa dependência energética das fontes tradicionais e o desequilíbrio da nossa balança de pagamentos. Para além disso, criam emprego na fase de construção e depois ajudam a desenvolver outras actividades como turismo ou actividades agrícolas", salientou.

Dulce Pássaro frisou que o plano nacional de barragens "é uma excelente opção para o país".

A Iberdrola já pagou ao Estado, em Janeiro do ano passado, um prémio de concessão no valor de 303 milhões de euros pela exploração das barragens durante 65 anos.

O empreendimento deverá ter um total de 1.135 megawatts (MW) de potência e uma produção eléctrica anual de 1.900 gigawatts/hora (GWh), equivalente ao consumo de um milhão de pessoas.

Este complexo hidro-eléctrico representa um investimento de 1700 milhões de euros e estima-se que vai criar, durante a fase de construção, cerca de 3500 postos de emprego directos e 10.000 indirectos.

Fonte: Publico.pt

Convenção CITES: O Japão vai continuar a comer o seu atum

Na noite antes da votação de uma proposta sobre a proibição do comércio internacional de atum-azul, o Japão serviu aos convidados de uma recepção um prato que dizia tudo sobre as suas pretensões: sashimi de atum. Os interesses económicos do Japão em relação ao atum-azul, e a outras espécies, como o tubarão-martelo, acabaram por vingar na reunião dos países signatários da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES)das Nações Unidas, que terminou ontem no Qatar.

Resultado dos 12 dias de reunião: o Japão liderou a oposição a várias propostas de proibição da venda internacional de diversas espécies, e saiu como o grande vencedor. Assim, não só o atum-azul vai continuar no prato dos japoneses, de preferência cru, como por exemplo os chineses podem continuar a comer barbatanas de tubarão-martelo na sua sopa tradicional.

Os Estados Unidos queriam ver proibido o comércio internacional de atum-azul e a União Europeia (UE) apoiava essa ideia, embora defendesse uma moratória de um ano antes que a venda fosse banida e que os pescadores tradicionais não fossem abrangidos. Na base destas propostas estavam os números das populações de atum-azul: decresceram 90 por cento na parte oeste do oceano Atlântico e 80 por cento no lado leste, desde os anos 70.

Mas o Japão, que consome mais de metade do atum-azul capturado no mundo, exerceu grande pressão contra as restrições. Liderou também a oposição à proposta dos Estados Unidos (apoiada pela UE, pela Austrália e pelos países árabes) de proibir o comércio internacional do tubarão-martelo, sendo secundado por vários países asiáticos, como a China e a Indonésia.

Todos os anos, apanham-se 1,5 a 2,3 milhões de tubarões-martelo, muitos dos quais são depois devolvidos à água já sem as barbatanas, e que por isso acabam por morrer.

"O Japão votou contra as propostas sobre os tubarões porque os captura, Singapura votou contra porque faz dinheiro a vender as barbatanas e a China faz dinheiro porque as come. Como podíamos ganhar?", resume Jupp Borg, presidente do Instituto de Investigação do Tubarão, nos EUA, citado pela agência AP.

De resto, as espécies marinhas estiveram em grande destaque na reunião da CITES, que a cada três anos junta os representantes dos 175 países signatários, com os corais rosa e vermelhos, utilizados em joalharia, também no centro da discussão. De novo, os Estados Unidos e a UE queriam limitar o comércio de 31 espécies de corais rosa e vermelhos, que se encontram pelos diversos oceanos. A ideia não era proibir a sua venda, mas incluí-los na lista de espécies cujo comércio internacional é monitorizado e regulado.

No entanto, também esta proposta acabou por ser rejeitada, com a argumentação de que há falta de provas científicas sobre os impactos negativos da apanha de corais na sua abundância e que, por outro lado, as restrições afectariam a vida das populações costeiras que vivem desta actividade.

O urso polar esteve igualmente na berlinda, com os Estados Unidos a quererem proibir por completo o comércio de produtos desta espécie já ameaçada pelo derretimento do Árctico e o Canadá e grupos de povos nativos a oporem-se a tal proposta. No final, o fiel da balança pendeu para os argumentos apresentados pelos inuit de que as suas comunidades locais dependem da caça do urso polar.

Mas nem todas as notícias foram más para as espécies. Por exemplo, em torno do elefante-africano, mais concretamente das suas presas de marfim, houve uma vitória.

O comércio internacional de marfim foi proibido em 1989, e desde então a CITES só permitiu vendas pontuais dos stocks e se o dinheiro revertesse para a conservação dos elefantes. Agora, a Tanzânia e a Zâmbia pretendiam baixar o nível de protecção do elefante-africano, para poderem não só vender o marfim que actualmente têm armazenado como abrir a porta a futuras transacções.

Outros países africanos, com o Quénia à frente, opuseram-se ao enfraquecimento da protecção dos elefantes, considerando que tal iria impulsionar a caça ilegal, e desta vez as negociações favoreceram esta espécie.

A Serra Leoa, por exemplo, reportou a morte do seu último elefante em 2009. "As pessoas nascidas daqui a 100 anos devem poder ver um elefante", defendeu o ministro da Floresta e da Natureza do Quénia, Noah Wekesa, citado no jornal The Washington Post.

Ainda a reunião da CITES não tinha terminado e o jornal britânico The Guardian já expunha os limites desta convenção, num editorial. "Na reunião, a ganância e os interesses nacionais a curto prazo espezinharam a ciência e a conservação. Tal como a conferência de Copenhaga [sobre as alterações climáticas, em Dezembro], este evento tem sido largamente miserável, expondo os limites da cooperação ambiental."

Fonte: Publico.pt

CITES não consegue proteger do lucro espécies ameaçadas

Os interesses económicos levaram a melhor sobre a conservação das espécies ameaçadas na conferência da CITES, a convenção da ONU sobre o comércio internacional das espécies selvagens ameaçadas, que ontem terminou em Doha sem conseguir uma regulação do comércio internacional de espécies marinhas com o futuro ameaçado.

Pouco antes do final, o Japão, que saiu do Qatar como o grande vencedor da reunião, conseguiu fazer recuar a única decisão que tinha sido adoptada dias antes, de inscrever o tubarão-sardo (Lamna nasus) no Anexo II da CITES, que inclui espécies que, não estando em extinção, precisam de ter o comércio controlado para que isso não venha a ocorrer.

"O Japão pensa que a CITES não deve mexer nas espécies comerciais mas engana-se", reagiu o secretário-geral da convenção Willem Wijnstekers, lamentando que a CITES seja muitas vezes "um serviço de reanimação", ao qual as espécies chegam "demasiado tarde".

Fonte: Diário de Notícias

Amazónia vai ser dividida em dez regiões para evitar a desflorestação

A floresta da Amazónia vai ser dividida em dez regiões e para cada uma será adoptada uma estratégia para evitar a degradação ambiental, de acordo com um projecto apresentado pelo ministro do Meio Ambiente brasileiro.

De acordo com o jornal “FolhaOnline”, o projecto de Carlos Minc, chamado de ‘Macrozoneamento Ecológico Económico’, vai adoptar uma estratégia diferente para cada uma das dez regiões, para “regular as actividades económicas e evitar a degradação ambiental”.

“O estudo, que levou dois anos para ficar pronto, inclui uma recomendação ao Conselho Monetário Nacional para que, em algumas áreas, haja restrições para financiamentos à pecuária e ao agronegócio”, refere o jornal.

Por seu lado, a edição online do “Estadão” afirma que o projecto de Carlos Minc “quebra vários tabus e ressuscita alguns pesadelos dos ambientalistas”. Segundo o jornal, o documento preserva obras do Plano de Aceleração do Crescimento, inclusive as que cortam áreas de preservação, mas impõe restrições ao agronegócio e cria um muro de protecção ao longo de 1700 quilómetros na borda sul da Amazónia, para impedir que a desflorestação atinja o coração da floresta.

“Minc informou que a medida se destina a cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil nas Nações Unidas para a redução da emissão de gases causadores do efeito de estufa”, lê-se no “Estadão”.

O projecto preserva obras importantes para o desenvolvimento, como as hidroeléctricas do Rio Madeira e a Rodovia Transoceânica, mas permite a destruição de partes da floresta nativa, refere.

O ministro incluiu no documento a conclusão de obras polémicas, como a pavimentação da Transamazónica e dá luz verde à construção da estrada que liga Cuiabá (Mato Grosso) a Santarém (Pará) e atravessa territórios indígenas e áreas de protecção ambiental.

De acordo com o ministro do Meio Ambiente, o objectivo do projecto é “compatibilizar a produção económica com a preservação da maior floresta tropical do planeta, que já perdeu mais de 13 por cento da sua cobertura original”.

O documento foi aprovado pelos nove governos estaduais da região e encaminhado para análise da Casa Civil antes de ser enviado ao Presidente Lula da Silva.

Fonte: LUSA

Suspensão da descarga de efluentes suinícolas em duas unidades de Leiria

A Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAOT) determinou a suspensão imediata da descarga de efluentes suinícolas em duas unidades do concelho de Leiria, obrigando ainda à remoção de todo o efluente aí depositado.

Numa nota de imprensa divulgada hoje, a IGAOT esclarece que a decisão foi tomada na sequência de uma inspecção nos dias 17 e 22 de Fevereiro ao sistema de armazenamento de efluentes suinícolas da Raposeira e à estação de tratamento de efluentes da Bidoeira. “Os referidos sistemas de gestão de efluentes suinícolas apresentavam-se em avançado estado de degradação, revelando a ausência clara de manutenção, designadamente ao nível das telas de impermeabilização das lagoas”, refere a mesma nota.

Segundo a IGAOT, “constatou-se ainda a descarga não controlada de águas residuais e a infiltração no solo sem qualquer tipo de tratamento”. “Na unidade da Bidoeira foi detectada a descarga de efluente suinícola para os tanques, sem que existisse qualquer título válido”, acrescenta a IGAOT, explicando que “os nitratos existentes nos efluentes pecuários são um elemento altamente solúvel em água e com baixa capacidade de absorção no solo, o que pode traduzir-se na contaminação dos cursos de água superficiais e dos cursos de água subterrâneos”. “Acresce que a contaminação microbiológica dos recursos hídricos decorrente de um inadequado tratamento dos efluentes suinícolas restringe o potencial aproveitamento daqueles recursos para abastecimento público”, adianta a IGAOT.

Perante a “grave situação ambiental detectada” e “respectivas implicações para a qualidade das água e dos solos, para os ecossistemas e para a saúde pública”, a IGAOT emitiu mandados à empresa Ambilis, responsável pela exploração das unidades”, para a “cessação, de imediato, da realização de qualquer acção de gestão de efluentes pecuários, designadamente qualquer recepção, depósito ou descarga de efluentes suinícolas nos tanques e/ou lagoas aí existentes”.

A IGAOT deu um prazo de 90 dias para a empresa “proceder à retirada e limpeza dos tanques e lagoas de todo o efluente e lamas aí existentes e ao seu envio para destino autorizado”, avisando que o não cumprimento destas ordens faz incorrer o seu destinatário na prática do crime de desobediência.

Confrontado com a acção de inspecção, o presidente da Ambilis, David Neves, remeteu declarações para mais tarde.

Fonte: LUSA

ONU instala comissão técnica ambiental em Idanha-a-Nova

A Organização das Nações Unidas, no âmbito do seu programa Ambiental (UNEP), vai instalar em Idanha-a-Nova uma comissão dedicada à elaboração de soluções técnicas no âmbito de uma rede de actuação à escala global.

Segundo o vice-presidente da autarquia local, Armindo Jacinto, a decisão foi tomada esta semana, na Noruega, num encontro com produtores da indústria musical e de eventos.

O autarca, que participou na reunião, explicou à agência Lusa que foi “aprovada uma carta de intenções, como primeiro passo para criar uma rede de actuação mundial e um compromisso de financiamento, com o apoio da UNEP - Programa Ambiental das Nações Unidas -, e de alguns dos mais representativos participantes do encontro”.

No encontro foram criadas cinco áreas de actuação: Cooperação dos Agentes da Indústria (produtores de gravação, músicos, produtores de grandes eventos e consultores), Soluções Técnicas, Regulação (certificação), Recursos (humanos e educação) e Audiências (comunicação). “Em Idanha-a-Nova ficará a sede da comissão para área técnica, numa parceria entre a UNEP e autarquia”, disse.

O Reino Unido e a Austrália são dois dos países que também receberão comissões. “É destes ‘escritórios’ que sairão propostas de actuação nas diversas áreas a serem aprovadas no próximo ‘meeting’ organizado pela UNEP”, explica Armindo Jacinto.

O autarca adiantou que “essa reunião será realizada em Portugal, em Idanha-a-Nova, em Setembro deste ano, ocasião em que será assinado o compromisso final das acções propostas por estas comissões”.

Fonte: LUSA

Revisão da Estratégia para a Conservação da Natureza e Biodiversidade só em 2011

A revisão da Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade, prevista para 2010, só deverá estar concluída no próximo ano para que sejam tomadas em conta as orientações da cimeira internacional que decorrerá em Outubro.

O secretário de Estado do Ambiente disse hoje à Lusa que “a Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade existe há vários anos e deveria ser revista até 2010”. “Estamos a revê-la e só tencionamos terminar essa revisão em 2011”, avançou, no entanto, Humberto Rosa.

O mundo e a União Europeia redefinem as suas metas de biodiversidade em 2010 e uma peça fundamental para essa tarefa é a cimeira da convenção de diversidade biológica, que se realiza em Outubro. “Parece-nos mais inteligente atrasar um pouco a conclusão da revisão a tempo de ter em conta as orientações da cimeira internacional”, explicou o governante.

Humberto Rosa especificou que a estratégia reúne e sistematiza tudo o que há fazer em biodiversidade em áreas como recuperação de habitats, protecção de espécies protegidas, tal como nas várias políticas sectoriais.

Segundo o secretário de Estado do Ambiente, na Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade, adoptada em 2001, “várias medidas já foram concretizadas, outras estão em concretização e outras terão arrancado menos”. “O facto de se rever não quer dizer que parou tudo”, acrescentou.

A política de conservação da natureza e biodiversidade “tem dado passos significativos”, mas é uma área em que a Europa e o mundo, ainda têm muito a fazer para garantir que conseguem “preservar ou impedir a perda de biodiversidade”, considerou Humberto Rosa.

Fonte: LUSA

quarta-feira, 24 de março de 2010

Combate à erosão costeira recebe 100 milhões após inverno “agressivo”


Depois de um inverno “especialmente agressivo”, o combate à erosão costeira e a requalificação das zonas afectadas vão ser alvo este ano de um investimento de 100 milhões de euros, adiantou à Lusa a ministra do Ambiente.

Segundo Dulce Pássaro, as condições meteorológicas dos últimos meses foram motivo de preocupação em pontos mais vulneráveis, como as ilhas barreiras do Algarve (o caso que requer uma intervenção mais célere) ou a zona da Lagoa de Óbidos, mas “nenhuma situação é irrecuperável”.

“Vamos ter de investir mais, em alguns casos, em protecção, recuperação e requalificação”, afirmou Dulce Pássaro, referindo que os 100 milhões estimados para 2010 integram o Plano de Ação para o Litoral 2007-2013, que inclui verbas comunitárias, da administração central e de autarquias.

A ministra disse que o montante vai permitir “salvar a costa” portuguesa e sublinhou que a tutela não se vai coibir de solucionar os problemas a nível da construção que se coloquem nas zonas mais sensíveis.

“Respeitando os direitos das pessoas, temos de actuar, é uma questão de defendermos o bem público e de minimizarmos os riscos”, defendeu.

Já em Fevereiro, a Administração Regional Hidrográfica do Centro teve de intervir com urgência para proteger a avenida marginal de Ovar das investidas do mar, na praia do Furadouro, numa zona onde habitualmente há acumulação de sedimentos e não erosão.

O organismo informou que tem estado a avaliar uma solução definitiva em colaboração com a câmara: “Essas medidas passam pela elaboração de um projecto já em curso, para reforço do muro que limita a marginal, e que será alvo de uma candidatura ao Programa Operacional de Valorização do Território, dado existirem riscos evidentes”.

Segundo o presidente da autarquia, Manuel Alves de Oliveira, é fundamental intervir também em São Pedro de Maceda, onde o avanço do mar tem sido “muito acentuado” e aumentado o risco para uma base aérea e um antigo aterro.

Na Marinha Grande, a zona que gera maiores preocupações é São Pedro de Moel, onde o inverno provocou mais queda de rochas e as obras de estabilização das arribas só agora vai arrancar.

“A derrocada das arribas está iminente”, adiantou o vice-presidente do município, Paulo Vicente, apontando como outra inquietação a Praia da Vieira, cuja erosão atribui em parte ao “alargamento dos pontões do porto da Figueira da Foz”.

Mais a sul, a Câmara de Sines considera não existirem situações de “risco de derrocada imediata”, mas a palavra de ordem continua a ser, para o presidente Manuel Coelho, prevenir.

A falésia em que assenta a fortaleza do Pessegueiro, a praia da Samouqueira (Porto Covo) e a praia Vasco da Gama (Sines) são apontadas como as áreas mais vulneráveis.

Já no Algarve, ascendem a 14 as praias que foram alvo de reparações de arribas devido às tempestades de mar deste inverno, incluídas na classe dos anos em que se registaram as situações de rutura mais graves.

Tempestades de mar do inverno obrigam à reparação de 14 locais no Algarve

As tempestades de mar deste inverno no litoral algarvio obrigaram já a intervenções de reparação de arribas em 14 praias, disse à agência Lusa fonte da Administração da Região Hidrográfica do Algarve (ARH).

Foram já executadas intervenções de reparação das arribas nas praias de Belharucas, Olhos d’Água, Maria Luísa, Oura, Santa Eulália, Forte S. João e Inatel, no concelho de Albufeira, mas também em Armação de Pêra (Silves), Pintadinho, Caneiros (Lagoa).

As arribas nas praias Três Castelos e Careanos, no concelho de Portimão, no Tonel, em Vila do Bispo e Portinho do Forno, Aljezur, completam os 14 locais do litoral do Algarve em que a ARH teve de realizar obras de reparação.

O efeito das tempestades de mar no inverno 2009-2010 no litoral do Algarve “permite a sua inclusão na classe dos anos em que se registaram as situações de ruptura mais graves no litoral do Algarve, com período de retorno de 10 anos, nomeadamente as registadas nos anos de 1978/79; 1989/90 e 1995/96, em consequência quer da intensidade do fenómeno, quer da sua concentração no tempo, quer da sua frequência”, informa.

A persistência da agitação marítima com alturas igual ou superior a 2,5 metros atingiu um nível pouco frequente, com período de retorno da ordem de 20 anos, um quadro que originou uma mobilização global dos areais das praias, ou seja um “rebaixamento generalizado do nível de areia das praias e transferência da areia para a zona submarina”.

“Deste rebaixamento do nível da areia resultou em muitos casos, o aparecimento da plataforma rochosa e de calhau rolado, que constitui a base das praias suportadas por arribas”, explica a ARH.

A sequência das tempestades provocou também desmoronamentos nas arribas rochosas concentradas na frente costeira de Albufeira, entre as praias das Belharucas (a nascente) e a da Baleeira (a poente).

Também nas arribas arenosas entre a praia das Belharucas e o Garrão foram registadas diversas derrocadas. Um dos episódios foi na praia da Fuzeta, onde foram total ou parcialmente destruídas 44 das 71 casas ali existentes. Sete casas foram destruídas em Dezembro de 2009, 11 em Janeiro de 2010, 17 em Fevereiro e mais nove este mês.

No sistema de ilhas barreira da Ria Formosa foram também registados galgamentos em todas as ilhas e penínsulas, verificando-se atravessamento total das ilhas, sendo os mais significativos os que ocorreram na praia de Faro, ilha da Barreta, praia da Fuzeta e Ilha de Cabanas.

Durante este inverno foram ainda registados no Algarve níveis de sobreelevação das cotas da maré, com registos de 60 a 70 centímetros acima da maré prevista, de onde resultaram inundações em Ferragudo, Santa Luzia e Tavira.

Obras na Praia da Areia Branca avançam este ano para travar erosão agravada pelo Inverno

As obras de consolidação da arriba a norte da praia da Areia Branca (Lourinhã), onde uma parte desmoronou em 2005 sem fazer vítimas, vão avançar este ano após o Verão face ao avanço da erosão, revelou a autarquia.

“Obtivemos uma resposta da secretária de Estado do Ordenamento do território e as obras vão ser iniciadas este ano, após o Verão e durante seis meses”, afirmou à Lusa Vital Rosário, vereador com o pelouro da gestão do litoral na Câmara da Lourinhã.

A instabilidade da arriba na zona, conhecida por Casal dos Patos, é o caso mais preocupante do litoral do concelho, para onde está previsto desde 1997 um projecto de consolidação do talude, mas as obras têm vindo a ser adiadas pelo Instituto da Água (INAG).

Na zona, parte da arriba desmoronou em 2005, deixando uma vala de três metros no jardim de uma habitação e motivando uma queixa no Parlamento Europeu por parte dos seus proprietários um ano depois, a solicitar uma intervenção de fundo, além da retirada dos blocos instáveis.

“Por ser uma zona de grande afluência, deixa-nos muitas reservas em relação ao Verão, na medida em que temos tido uma evolução muito desfavorável de aumento do risco com infiltração das águas”, adiantou o autarca, que esteve já este ano no local com técnicos do INAG.

Neste sentido e para minimizar eventuais acidentes que possam ocorrer durante a época balnear, a arriba vai ser delimitada com um perímetro de segurança para evitar a aproximação dos banhistas.

O autarca explicou que existe risco de “deslizamento” da arriba em caso de um tremor de terra ou de um Verão muito seco, após as fortes chuvas de inverno, uma vez que se trata de um caso de infiltração de águas no topo da arriba que tornam o solo mais instável e sujeito a deslizamentos.

Apesar de ser uma zona com casas no topo da arriba, o principal perigo é para os banhistas que no verão se refugiam junto às arribas para se abrigarem do vento, disse.

Segundo o autarca, “em virtude das intempéries deste inverno, as arribas estão mais instáveis [em todo o concelho], têm ocorrido fenómenos de deslizamentos e queda de rochas”, existindo casos também preocupantes nas praias de Paimogo, Porto Barcas, Porto Dinheiro e Valmitão, para as quais não estão previstas obras de estabilização.

Fonte: LUSA

I Censo da Galinhola na Madeira: 52 Voluntários contam Galinholas!

Aproxima-se a passos largos o Censo de Galinhola, evento previsto para os dias 28 de Março a 2 de Abril.
52 Voluntários já estão confirmados para participarem nas contagens, 35 dos quais oriundos de diversas partes do País e ainda de Espanha, Itália, Áustria e Holanda. Com a participação desta numerosa equipa será possível realizar cerca de 100 pontos de observação em apenas quatro dias.
A sessão de abertura terá lugar no dia 28 de Março às 11 horas, no CEF, situado no Montado do Pereiro. Neste evento contamos com a participação dos nossos parceiros e demais entidades públicas e privadas que desde logo se prontificaram a colaborar neste censo inédito na região.
Todos os interessados em assistir à sessão de abertura estão desde já convidados a comparecer e descobrir um pouco mais sobre esta espécie tão desconhecida da maioria dos madeirenses. Contamos consigo!

Mais informações em: http://censodagalinhola.blogspot.com/

Madeira poderá vir a integrar Convenção OSPAR de Protecção do Ambiente Marinho

A Madeira poderá integrar a Convenção OSPAR - Protecção do Ambiente Marinho do Nordeste Atlântico se esta se expandir para Sul como é interesse de alguns dos países signatários, disse à Agência Lusa o diretor regional do Ambiente.

Os representantes de seis países signatários da Convenção OSPAR (Alemanha, França, Reino Unido, Holanda, Espanha e Portugal) e de organizações não governamentais com interesse na proposta de área marinha protegida para a Zona de Fractura Charlie Gibbs, reúnem-se hoje no Funchal, para discutir vários aspetos e implicações desta iniciativa.

As organizações não governamentais envolvidas são o Fundo Mundial para a Vida Selvagem - WWF, Autoridade Internacional para o Leito do Mar, Comissão Baleeira Internacional, Comissão de Pescas do Oceano Atlântico nordeste, União Internacional para a Conservação da Natureza - IUCN e o Instituto da Conservação Biológica Marinha.

Fonte: Visão

Encuesta para categorías de áreas protegidas de UICN en el ambiente marino

La Comisión Mundial de Áreas Protegidas (CMAP) está preparando unas guías adicionales para aplicar el sistema de categorías de áreas protegidas de UICN en el ambiente marino. Se desarrolló una encuesta para apoyar este proceso. Sería excelente que pudieran apoyar este proceso completando la encuesta, y además re-enviando este correo a otras personas que puedan apoyar. La encuesta se puede completar hasta el 12 de abril en: http://www.surveymonkey.com/s/CBT7N86

Más información: Carolina García Imhof (WCPA – marine):
garciaimhof@hotmail.com

Fuente: Red Virtual de Areas Protegidas de Latinoamérica (22 de marzo
del 2010)

terça-feira, 23 de março de 2010

Presidente da República preocupado com o Ambiente!

O Presidente da República Portuguesa participou numa acção de limpeza no âmbito do Projecto Limpar Portugal, no Parque Natural de Sintra-Cascais, aproveitou a ocasião para se inteirar do trabalho desenvolvido pelos Vigilantes da Natureza na preservação dos habitats e na defesa da floresta. Esta é a segunda ocasião em que o Presidente da República faz questão de falar com os Vigilantes da Natureza. Na sua visita ao Parque Natural do Douro Internacional também dedicou algum do seu tempo ao contacto directo com os Vigilantes da Natureza, tendo transmitido aos responsáveis governamentais presentes a sua preocupação pelo número reduzido de elementos que constituem o Corpo Nacional de Vigilantes da Natureza.

APGVN

Reserva Natural Parcial do Garajau: protecção dos valores naturais marinhos

A primeira reserva exclusivamente marinha a ser criada em Portugal nasceu da vontade de um grupo de cidadãos e a paixão pelo mundo debaixo de água foi a razão que os moveu.
Por estas águas, os Meros são desde sempre os seus grandes companheiros de mergulho, no entanto a sua curiosidade e sociabilidade tornou-os presas fáceis dos arpões dos caçadores submarinos. Hoje, os Meros são uma espécie ameaçada em Portugal.
Porém, diz quem sabe, ao longo destes seis quilómetros de um azul profundo, estão concentradas todas as espécies de peixes existentes no Atlântico.
Os biólogos subscrevem a constatação. Aliás, a biodiversidade suportada por um habitat rochoso, propício à coabitação entre espécies e a necessiade de criar ali um viveiro e conciliar o turismo e a conservação da natureza, foram os fundamentos apresentados.
Em 1986 foram aceites. O Governo Regional da Madeira legislou. Criou a Reserva Natural Parcial do Garajau e em nome da protecção dos valores naturais, a pesca foi proibida e para além do mergulho, hoje, só é permitido nadar, andar à vela ou de canoa, na zona da reserva. A estação do Lazareto é o porto de abrigo dos vigilantes da natureza que patrulham a reserva e zelam pelo cumprimento da lei, para além de darem apoio ao mergulho amador.
Para as autoridades oficiais os objectivos estão conseguidos, os apanhadores de lapas protestam, e os cientistas apesar de reconhecerem o sucesso, confessam: fez falta um censos inicial e uma monitorização que permitisse suportar cientificamente as vantagens da existência da primeira reserva exclusivamente marinha do país.
Dezanove anos depois quem por ali sempre mergulhou sussurra: o desenvolvimento está a comprometer aquilo que até agora a Reserva Natural Parcial do Garajau conseguiu de algum modo conservar no seu imenso azul.

Fonte: RTP.PT

segunda-feira, 22 de março de 2010

Lista Vermelha de Invertebrados Europeus - UICN


No Ano internacional da Biodiversidade a IUCN, acaba de publicar a Lista Vermelha Europeia de Odonatas, Lepidopteros e Coleopteros, que se vão juntar às já publicadas Listas Vermelhas de Mamíferos, Anfíbios e Répteis.

A Internet está a ameaçar espécies raras, alertam especialistas

Alguns especialistas na conservação de espécies raras vieram a público alertar para o facto de a Internet ser hoje uma das maiores ameaças às espécies em vias de extinção. Nunca foi tão fácil como hoje comprar e vender crias de leão ou casacos de pele feitos de ursos polares. Tudo isso está à distância de um leilão online ou de uma entrada numa chatroom especializada.

Estas conclusões alarmantes foram apresentadas na Convenção que reúne 175 nações de todo o mundo dedicada ao Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), em Doha, no Qatar.

Nesta cimeira, várias propostas que dariam mais protecção a espécies ameaçadas acabaram por ser derrotadas, segundo a BBC. No final desta semana os delegados decidem eventuais mudanças no comércio de marfim.

“A Internet está a tornar-se o factor dominante globalmente no comércio de espécies protegidas”, indicou Paul Todd, do International Fund for Animal Welfare.

O mesmo responsável disse que milhares de espécies ameaçadas são negociadas regularmente através da Internet e que os compradores e vendedores se aproveitam do anonimato que a World Wide Web fornece.

As pessoas que estão a tentar policiar este comércio dizem ser virtualmente impossível estimar qual a dimensão deste problema.

O maior mercado para este tipo de negócios é os EUA, seguidos da União Europeia, China, Rússia e Austrália.

Ontem, os delegados conseguiram banir todo o comércio de um tipo raro de salamandra iraniana, que o World Wildlife Fund diz ter sido devastado pelas compras e vendas online. Porém, as tentativas de proibição de venda de ursos polares, uma espécie de atum (Bluefin tuna) e corais raros acabaram por falhar, deixando os ambientalistas completamente desmoralizados, relata a correspondente da BBC em Doha.

Fonte: Publico.pt

Açores: Linhas de electricidade matam 3000 aves por ano

A colisão com linhas eléctricas e a electrocussão provocam anualmente a morte de cerca de 3000 aves nos Açores, segundo estimativas da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) que preocupam a Electricidade dos Açores (EDA).
"Estimamos que a interacção com as linhas eléctricas provoque a morte a cerca de 3000 aves por ano", afirmou Hugo Sampaio, técnico da SPEA, que desenvolveu um estudo sobre este problema em oito das nove ilhas dos Açores.

Neste estudo, que apenas não incluiu a ilha do Corvo, foram encontradas 452 aves mortas por electrocussão ou colisão com linhas de transporte de electricidade no espaço de um ano, o que levou à estimativa de cerca de 3000 mortes anuais no arquipélago.
"Se acontece este mal, é porque alguma coisa está a falhar", admitiu José Manuel Marques, responsável pela Qualidade e Ambiente da EDA, acrescentando que a solução do problema pode passar pela colocação de sinalizadores nas zonas onde ocorrem mais colisões.
A SPEA e a EDA assinaram há quatro anos um protocolo para avaliar a interacção entre a avifauna e a rede de transporte e distribuição de energia eléctrica nos Açores.
O estudo, realizado durante um ano, detectou 452 aves mortas, das 315 por colisão com linhas eléctricas e 137 por electrocussão.
A espécie mais afectada pela electrocussão foi o milhafre, devido ao seu porte e hábitos de caça.
"Os milhafres têm uma visão muito apurada, é das poucas espécies que gosta de poisar nos postos para caçar", salientou Hugo Sampaio, acrescentando, no entanto, que o problema também atinge espécies mais pequenas, como gaivotas de patas amarelas, pombos das rochas, estorninhos malhados ou melros.
As ilhas Graciosa, Terceira, Santa Maria e Pico são, segundo este especialista, as que apresentam mais mortes por electrocussão, enquanto em S. Miguel se encontram as linhas mais modernas e os postes mais seguros.
A EDA, segundo José Manuel Marques, considera que "é importante actuar" nesta área, tendo passado a realizar desde 2009 "algumas acções na manutenção e construção de linhas conducentes à diminuição do impacto na avifauna".
Nesse sentido, a eléctrica açoriana pretende adquirir em breve dispositivos anticolisão, que serão colocados inicialmente em S. Miguel e na Terceira.
José Manuel Marques garantiu, no entanto, que a EDA vai intervir em todas as ilhas até 2011, alterando a configuração dos suportes de apoio das linhas, o que deverá evitar as mortes de aves por electrocussão.
"O plano da EDA abrange todas as ilhas, de acordo com o que foi estabelecido com a SPEA", afirmou, acrescentando que "os resultados deverão aparecer já este ano".
Relativamente às novas linhas de transporte de electricidade que vierem a ser construídas, José Manuel Marques assegurou que "já terão em consideração as novas tipologias de apoio".

Fonte: LUSA

Educação ambiental nas escolas é insustentável

A educação ambiental e a educação para o desenvolvimento sustentável nas escolas portuguesas é limitada, demasiado infantil e, ironicamente, insustentável. Este é o retrato crítico que resulta de um inquérito a 15.000 escolas e 2300 organizações não-escolares, cujos resultados estão num livro a apresentar hoje em Lisboa.

Cerca de metade das escolas e 30 por cento das outras organizações responderam ao inquérito, realizado entre 2005 e 2007. O resultado aponta para o papel preponderante das câmaras municipais entre as entidades que promovem a educação ambiental nas escolas: 58 por cento dos projectos são de autarquias. A esta quota somam-se ainda os projectos com empresas municipais.

A consequência é a limitação dos temas às questões dos resíduos, flora e fauna. Muitos estão directamente relacionados com as empresas patrocinadoras. "Esta prevalência de temas, patrocinadores e parceiros acaba por tornar a educação ambiental e a educação para o desenvolvimento sustentável demasiado instrumental", concluem os sociólogos Luísa Schmidt, Joaquim Nave e João Guerra em Educação Ambiental-Balanço e Perspectivas para Uma Agenda Mais Sustentável - o livro será apresentado numa conferência sobre o tema, no Instituto de Ciências Sociais.

Neste sentido, as actividades estão "a negligenciar o que se passa no "mundo real". A vertente do desenvolvimento sustentável deveria ser reforçada com ligações à economia e cidadania. As escolas deveriam ser "exemplo vivo" da sustentabilidade. Segundo o inquérito, os projectos são maioritariamente dirigidos apenas aos alunos, com pouco envolvimento da escola ou da comunidade onde se insere. Só nove por cento dos projectos desenvolvidos por organizações externas e 17 por cento dos realizados pelas próprias escolas se destinavam à comunidade educativa em geral.

O livro fala da "infantilização" da educação ambiental: 44 por cento dos projectos das escolas destinam-se a alunos do 1º ciclo, sobretudo em actividades recreativas e lúdicas. Só 12 por cento envolvem o secundário.

Para Luísa Schmidt, os projectos deveriam envolver mais os adolescentes e colocar os alunos a avaliar a realidade ambiental e de desenvolvimento sustentável na sua área, através da recolha de dados que pudessem ser validados e trabalhados depois por universidades. "No fundo, seria uma ciência participativa", afirma.

Os projectos também deveriam durar mais tempo: metade tinha a duração de apenas um ano lectivo, 11 por cento nem a isso chegava, embora 37 por cento ultrapassassem aquele limite. Conclusão: há uma "notória insustentabilidade das actividades de educação ambiental e educação para o desenvolvimento sustentável".

Fonte: Publico.pt

Dia da Água: Ministra assinala efeméride com participação no Congresso da Água

A ministra do Ambiente assinala hoje o Dia Mundial da Água com uma participação no 10.º Congresso da Água, que reúne no Algarve mais de 400 especialistas nacionais e estrangeiros para discutir as problemáticas relacionadas com os recursos hídricos.

Criado pelas Nações Unidas em 1993, o Dia da Água visa alertar para a necessidade do correcto e eficiente uso da água, chamando a atenção para um bem limitado e essencial à vida que não deve ser desperdiçado, pode ler-se num comunicado do Ministério do Ambiente.

Este ano, o dia tem como tema “Água Limpa para um Mundo Saudável”. Trata-se, segundo a vice-presidente da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH), Alexandra Serra, de uma perspectiva transversal da água no meio hídrico e da sua utilização pelos diversos agentes, da agricultura à indústria, englobando o consumo humano.

Segundo Alexandra Serra, a qualidade nos meios hídricos é um dos temas que mais preocupa a comunidade técnica e científica em Portugal. “Esse vai ser o grande desafio”, assegura, acrescentando que, para se alcançarem as metas pretendidas, é necessário um investimento “muito importante”.

Após o investimento feito em estações de tratamento de águas residuais, o grande desafio que agora se coloca a Portugal é garantir a qualidade das massas de água e ecossistemas associados, defendeu.

“Melhorámos bastante nos últimos 15 anos, mas enquanto as nossas estações de tratamento de águas residuais sofreram uma melhoria significativa, as redes que conduzem as águas residuais domésticas a essas estruturas têm uma cobertura da ordem dos 76 por cento”, afirma a vice-presidente da APRH, Alexandra Serra.

A engenheira considera que este valor coloca Portugal numa posição positiva a nível mundial, mas não no contexto europeu: “Não estamos nos melhores, de todo”.

Fonte: LUSA

Entrevista ao SEFDR, Rui Barreiro: Apoios para a floresta vão aumentar

São várias as decisões do Governo anterior que o actual Ministério da Agricultura quer rever. Uma delas é o destino das matas públicas. Outra é os apoios previstos para a floresta. Aumentar o investimento é a grande prioridade.

Rui Barreiro, secretário de Estado das Florestas, não tem dúvidas: a situação que encontrou em relação ao Plano de Desenvolvimento Rural era “muito má”. Por isso, há várias coisas a mudar e a principal é tornar as medidas mais atractivas para o investidor. Outra das suas prioridades será a certificação das áreas florestais, dando o exemplo nas matas públicas. E hoje, Dia Mundial da Floresta, o Governo apresenta o primeiro certificado de gestão florestal de um bosque de gestão pública: 2.187 hectares na Serra da Lousã.

PÚBLICO: Suspenderam decisões do Governo anterior, entre as quais a privatização da gestão das matas públicas. O que acontecerá a este património?

Rui Barreiro Com a suspensão do código florestal, pretendeu-se alargar o prazo da discussão pública porque havia muitos agentes que consideraram que não tinha havido tempo para participar activamente na discussão.

Mas há algum aspecto em particular do código com que não estejam satisfeitos?

Genericamente, o objectivo principal foi possibilitar que os diferentes agentes tivessem mais tempo para dar os seus contributos. É óbvio que nós próprios temos de fazer uma reflexão interna. Portanto suspendemos, para dar tempo a que os diferentes agentes se pronunciassem. Estávamos em condições de regulamentar. O que vai acontecer, espero eu, é que haja alguma participação activa, um balanço global e esperamos ter um novo código. Havia algumas questões técnicas que tinham de ser corrigidas. Um código não tem de ser apenas uma súmula de legislação, tem de ser um documento orientador e havia aspectos mais desenvolvidos que outros e portanto vamos tentar fazer um documento mais equilibrado. A intenção de fazer o código foi positiva e espero que com os novos contributos seja possível fazer um documento melhor.

Mas o que farão com as matas públicas?

As matas públicas são para nós muito importantes por duas razões. A primeira porque são um exemplo que o Estado tem de dar aos privados – a maior parte da floresta é privada mas a floresta pública tem de ser um exemplo, o que não é fácil face aos constrangimentos orçamentais, às dificuldades com que o Ministério se debate, etc. No entanto, temos de tentar ser exemplares. E vamos sê-lo. No caso da certificação florestal, por exemplo, vamos começar a dar exemplos nas matas públicas. Vamos tentar que não seja só aí, que possamos dar outro tipo de exemplos. Há algumas intenções de podermos utilizar parcerias, quer com autarquias, quer até eventualmente com empresas que possam melhorar a gestão. Estou-me a lembrar do caso da biomassa. Podemos incentivar e criar condições para que a pegada de recolha da biomassa seja mais reduzida, dando exemplos nas matas públicas. Há algum trabalho a fazer sendo que para nós as matas públicas são muito importantes e espero que continuem públicas.

O que estava em causa não era tanto a propriedade das matas mas mais a gestão.

O principal problema que temos neste momento é que houve um envelhecimento global dos quadros do ministério com uma diminuição acentuada desses mesmos quadros. O que temos de fazer é, por um lado, rejuvenescer, dentro das limitações todas que temos, e por outro lado criar condições para ter novas tecnologias de gestão. Hoje não precisamos de ter tanta gente nem de fazer da mesma maneira como se fazia. Estamos convencidos que é possível melhorar e potenciar as matas públicas porque os recursos aí existentes não são só a floresta mas a floresta na sua multifuncionalidade. E é nessa multifuncionalidade que devemos apostar.

Suspendeu também a lei orgânica da Autoridade Florestal Nacional. Porquê?

Considero que é necessário fazer algumas mexidas na lei orgânica da AFN mas também considero que não podemos cometer o erro que muitos cometem que é cada vez que vem um novo governo, tudo o do anterior vai fora. Estabelecemos algumas prioridades e uma delas prende-se com trazer meios financeiros para a floresta. Nós temos meios no Proder (Programa de Desenvolvimento Rural) e no Fundo Florestal Permanente. Essa é a nossa prioridade. Para reflorestar, para apoiar a certificação, para criar condições de investimento na floresta que é um bem importantíssimo em termos nacionais. Quando considerarmos que fechámos esse dossier, que as coisas estão em velocidade cruzeiro, aí teremos oportunidade de reflectir e eventualmente mexer na lei orgânica, que na nossa opinião precisa de ser mudada.

Quais os aspectos a mudar?

Eu acho que deveria haver mais capacitações regionais. A lei orgânica tem dois dirigentes de topo – um presidente e um vice-presidente – e três directores nacionais e depois tem cinco directores regionais que acabam por ter uma interlocução com cada um desses directores nacionais e não têm a capacidade de gestão de território que deveriam ter. Um director regional tem de ter mais meios e mais poder para interagir com a direcção nacional e para actuar, não apenas sectorialmente, mas na gestão global do espaço em tudo o que tenha a ver com a floresta, seja investimento, seja manutenção, seja prevenção de incêndios, etc, etc.

Houve várias propriedades do ministério que, com a reestruturação, ficaram ao abandono. Vão inverter essa situação?

Sou particularmente sensível a essas matérias. Primeiro porque conheço bem algumas áreas, como a Contenda, e sei as mais-valias que têm. No caso da Contenda, que é um bom exemplo, não temos tido condições de potenciar tudo aquilo que tem. É uma herdade espectacular, com muitos investimentos públicos ao longo de muitos anos e por isso estamos numa fase de reavaliação das decisões que foram tomadas sobre a Contenda.

Mas há outros casos.

Sim há mais, mas a Contenda é um caso específico porque é uma zona de caça nacional, está numa zona de fronteira entre Portugal e Espanha, tem de ser exemplar naquilo que é a gestão da caça, tem raças autóctones de diferentes espécies, tem mel, tem um investimento significativo no montado e portanto tem tanta valia que é exemplo daquilo que é a multifuncionalidade do ecossistema fundamental no sul do país. É um exemplo fabuloso que não pode ser perdido. Portanto o processo da Contenda foi reaberto por nós. Algum pessoal saiu, o director-regional anda a fazer alguns milagres – ainda há lá pessoal da AFN lá – e o protocolo com a câmara de Moura, que é proprietária do terreno, está a ser repensado. Temos de ver se as questões que a câmara levanta e se as suas pretensões – que serão legítimas – se compatibilizam com os interesses nacionais que devem ser mantidos naquele espaço.

Noutros casos, como o Cenasef (Centro Nacional de Sementes Florestais), vai-se recuperar aquela mais-valia que não se pode perder. Foram dadas instruções para ir à mobilidade buscar algumas das pessoas que faziam a apanha de pinhas, que é uma tarefa feita por gente especializada porque subir aos pinheiros e apanhar pinhas não é fácil, e o centro é importante para a conservação da biodiversidade e das espécies autóctones. Não podemos perder essa valência. Do ponto de vista orçamental fizemos alguns sacrifícios mas não afectamos muito estas áreas ligadas à floresta e portanto julgo que já condições para inverter algumas das decisões anteriores. Agora também é verdade que não podemos ter património a degradar-se. Temos de encontrar soluções que não serão únicas nem exclusivas para as diferentes situações que temos. Haverá condições para parcerias com as autarquias, com as associações de produtores florestais, com outro tipo de entidades de forma a que o património, nomeadamente o construído, possa ser recuperado.

Os produtores continuam a queixar-se dos atrasos no pagamento do Proder. Só agora foi paga a primeira tranche.

Nunca escondemos que a situação do investimento na floresta não era desejável nem a que gostaríamos de ter encontrado. A situação era má. A nossa grande prioridade é tentar que as medidas do Proder ligadas à floresta pudessem ser retemperadas para trazer mais dinheiro para o investimento. Houve algum arrefecimento no investimento florestal. Espero que 2010 seja o ano zero para voltarmos a ter um aquecimento.

Estão a rever medidas?

Sim e a tentar que as medidas florestais tenham mais dinheiro do que o que estava previsto. Até para serem mais atractivas para os investidores. Foram alargados os prazos para aprovação de candidaturas – vai até final de Maio – e por outro lado queremos criar condições para se tornarem mais atractivas para garantir mais investimento na floresta para cumprir uma das prioridades deste Governo: aumentar a área florestada.

Além do investimento nas plantações, há também o apoio para as questões de fitossanidade e já há críticas de que as associações não estão a ser apoiadas para o combate, por exemplo, ao nemátodo.

Não podemos reduzir as questões de fitossanidade ao nemátodo. Há muitos mais problemas e foi excessivo, nos últimos tempos, termos reduzido o problema ao nemátodo. Temos que ter em conta duas coisas: a fitossanidade é também uma arma comercial e portanto a fitossanidade também tem de ser entendida nessa perspectiva. Não podemos penalizar quem trabalha bem e beneficiar quem trabalha mal e portanto a fitossanidade tem de ser encarada da seguinte forma: quem consegue ter viveiros em condições, sem problemas de fitossanidade, consegue vender plantas certificadas, que garantam ao produtor mais-valias, esses têm de ser beneficiados. Os outros têm de ser penalizados. Não se pode transformar a fitossanidade num negócio, em que seja mais favorável ter problemas do que não os ter.

O problema da fitossanidade, tanto animal como vegetal, é sério e vamos tê-lo cada vez mais na ordem do dia, tanto mais que é cada vez mais utilizado como mecanismo comercial, de protecção dos diferentes países, quer na EU quer fora. Isto sendo certo que há algumas associações e agentes do sector que terão alguma razão, outros nem por isso, porque os principais afectadas pelos problemas de fitossanidade são sempre os produtores e os agentes e têm de ser eles os principais actores na defesa e na protecção dos seus produtos. Porque se estiverem sempre à espera que o Estado resolva os seus problemas, isso não acontecerá. Tem de haver níveis de exigência para quem produz, quem importa, quem compra. O Estado tem as suas obrigações de supervisão e acompanhamento mas os agentes também têm de ter a noção de que nunca será possível ao Estado garantir tudo através de apoios, porque os meios financeiros são limitados.

Mas o Proder tem medidas previstas para estes casos, mas os dinheiro não está a chegar aos produtores.

No que ao nemátodo diz respeito, muitos dos fundos financeiros para as medidas de combate vieram do Fundo Florestal Permanente e foram dados apoios às Organizações de Produtores Florestais e a toda a fileira. Portanto não foi pelos problemas do Proder que não houve meios para a fitossanidade.

Qual é o balanço neste momento?

Há um aumento da percentagem de casos positivos mas isso não é um indicador de um aumento da doença, o que houve foi um aumento da intensificação da amostragem.

Começaram a tirar amostras das copas?

Exactamente e isso dá um aumento. O nemátodo em Portugal está circunscrito. Em Março deverá sair legislação-chapéu para o nemátodo que identifica claramente as zonas afectadas e que permitirá garantir a actuação quer do Estado quer de outros agentes com o objectivo de criar condições para que ele não se propague. Porque se transformamos o nemátodo num negócio ele nunca vai acabar. E é essa a nossa preocupação.

Quantas árvores já foram abatidas?

1,9 milhões na região centro mas talvez 2,5 em todo o país. Temos protocolos com 36 Oorganizações de Produtores Florestais. Há muitos falsos positivos porque a identificação microscópica só se consegue obter vendo o órgão sexual e isso é tão difícil que muitos dos nemátodos identificados são outros que não aquele e muitos são quase autóctones. O nemátodo não é o único problema das coníferas e muitas vezes só ataca árvores fragilizadas. O bom maneio da floresta é essencial para evitar que as doenças se propaguem. Não se pode reduzir tudo ao nemátodo, embora este tenha um impacto financeiro significativo. Em 2010 vão ser dados também meios financeiros à indústria.

Agora há também um problema de fitossanidade nos viveiros.

Há viveiros e viveiros. Aqueles que trabalham bem, que utilizam plantas certificadas, normalmente não têm tantos problemas. Isso não significa que não os tenham. Que existem, desde os cancros resinosos até aos fungos – que cada vez aparecem mais. Mas a actividade de viveirista florestal, nos últimos anos, não teve grandes alterações porque não houve grandes investimentos. Tem havido alguma actividade por parte dos privados. Se olharmos para o património florestal temos muitos proprietários que não são produtores, são apenas proprietários e portanto vão ao mercado apenas quando vão vender a sua madeira ou a sua cortiça. Portanto, como não temos produtores que estejam no mercado todos os anos, a relação com o sector a montante é incerta. Quando florestam, contratam uma empresa que lhes faz tudo: trata os terrenos, faz a florestação, etc. As plantas certificadas, por exemplo, são mais caras e muitas vezes não são tidas em conta nos orçamentos globais. Por isso, muitas vezes os viveiristas não têm os cuidados que deveriam ter em relação à origem das plantas, os controlos secalhar precisavam de ser mais apertados. Não pode ser sempre o Estado a tratar dos problemas todos. O sector só se fortalecerá se houver níveis de exigência cada vez maiores, desde os agentes comerciais aos que plantam, passando pelos técnicos que fazem os projectos e acompanham os povoamentos. Só com a fileira toda envolvida na responsabilização teremos uma floresta mais produtiva.

No caso da fileira da cortiça, há também a preocupação com o declínio do montado. Como vê a questão?

Aquele sistema agro-silvo pastoril é essencial para a contenção da desertificação que as alterações climáticas prevêem. O montado, além da cortiça que é de facto importantíssima para os proprietários e para o país, faz parte de um ecossistema essencial para conter a desertificação e para manter alguma actividade económica, sustentável e multifuncional, em todo o sul do país. Este sistema agro-silvo pastoril é essencial, apesar de nalguns casos se ter exagerado, se ter posto excessiva carga animal.

Acha que o que se chama o declínio do montado se deve sobretudo a má gestão do solo?

Há várias razões. Há algumas zonas de montado cada vez mais reduzidas. Há alguma investigação sobre isso. O montado é um bom exemplo daquilo que é a floresta – longo prazo. Exige muita paciência, que não se compadece com o imediatismo da nossa sociedade. Há muitas questões técnicas a ter em conta, desde os solos à maquinaria utilizada, que pode destruir o montado. A questão do montado deve ser considerada em Portugal como prioritária, não apenas porque somos líderes mundiais da cortiça, mas também porque do ponto de vista do ecossistema mediterrânico e do sul do país, este sistema é o mais adequado. É certo que a compatibilização do regadio com as árvores acaba por ser complicada. Agora não tenhamos a menor dúvida que temos de continuar a ter uma política activa de protecção do montado, passando pela investigação, e toda a fileira tem de ter uma responsabilidade acrescida nisso. Até porque o montado tem potencialidades muito para além da rolha da cortiça. E há uma que é a questão ambiental que hoje não é valorizada - a da desertificação - que vai começar a ser mais valorizada. O sobreiro deveria ser o símbolo de Portugal. Por isso me custa muito dar autorizações de abate de sobreiros.

Tem-lhe aparecido muitos pedidos?

Alguns, mas eu sou muito exigente na verificação dos justificativos. No caso d último que autorizei eu próprio fui ao local para verificar que o abate que eu estava a autorizar era legítimo.

O centro do montado de Portel vai-se manter?

Vai. No país temos “n” espaços ligados à cortiça e ao sobreiro e isso não faz muito sentido. Temos Portel, Coruche, Montijo, Santa Maria da Feira, etc. Pretendia-se que Portel fosse um centro agregador dos outros todos. O que tem de acontecer é que todos estes centros têm de funcionar em rede. Portel tem dois técnicos, acesso a informação e tem possibilidade para dar apoio aos produtores.

Já vamos com alguns anos de implementação das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). Já há alguma que tenha provado que realmente é por aí o caminho para uma boa gestão da floresta, tornando-a mais resistente aos incêndios?

Há várias. Temos bons e maus exemplos, mas mais bons. A do Vale do Sousa é um caso. A Urze, na Serra da Estrela é outro.

Mas já se nota uma mudança na paisagem?

Claramente. Como temos uma pulverização de proprietários florestais de pequena dimensão e temos muita gente absentista, a gestão do espaço era impossível de se fazer se não houvesse esta gestão globalizada. As ZIF foi uma boa medida de política, que se deve continuar a incentivar, mas tem de se criar alguns mecanismos que permitam que ela sobreviva para além dos apoios que ainda têm do Estado e da UE.

Hoje temos 109 ZIF que cobrem cerca de 520 mil hectares e reúnem mais de 16 mil proprietários. Só para este ano temos quase 7,5 milhões de euros comprometidos para as ZIF a partir do Fundo Florestal Permanente. Há, assim um investimento grande dos contribuintes nas ZIF. Este ano ainda vamos ter mais porque como vamos dar incentivos à certificação florestal, vamos também utilizar as ZIF como exemplo.

Na certificação, vão começar pelas matas públicas?

Sim, mas para além disso vamos atribuir incentivos de forma a que consigamos ter 500 mil hectares de floresta certificada até 2013. Estamos a tentar antecipar-nos ao mercado. Neste momento, quem certifica é a fileira do eucalipto e alguma ligada ao montado. Mas nos anos mais próximos, os nórdicos vão começar a exigir mobiliário com madeira certificada. Portanto, temos de criar já condições para que os nossos produtores adiram a um sistema que vai ter, num futuro próximo, mais-valias.

O problema é que no eucalipto já se sabe quanto se ganha a mais por se vender madeira certificada, e no pinho ainda não há essas contas.

Enquanto na agricultura, as agro-indústrias se mantêm no Ministério da Agricultura, no caso da floresta, só a produção é que está no ministério, na minha opinião erradamente. Tudo o resto é Economia. Isto faz com que hajam incentivos do lado da economia que depois não têm resposta do lado da produção. O regime de incentivos para a agro-indústria são controlados por via da agricultura. No caso da fileira do pinho, têm de ser os agentes económicos a dinamizar a exigência de madeira certificada. Agora ouve-se muito dizer que não há pinho. Se não, então vamos fazer reflectir na produção uma diferenciação positiva. Se os proprietários tiverem essa diferenciação positiva, não enviarão a madeira para funções menos nobres, canalizando-a para a construção e o mobiliário, que são as suas funções mais nobres. Mas para isso tem de haver resposta do mercado e têm de ser os agentes da fileira do pinho a incentivar a certificação, como aconteceu com a fileira do eucalipto e da cortiça, porque estes tinham mais-valias no mercado que podiam repercutir sobre quem produz.

Uma grande preocupação da indústria é a fuga da madeira para fins ditos “menos nobres” como a biomassa.

Eu também tenho essa preocupação. O problema das centrais de biomassa prende-se mais com o tipo de central – se é dedicada e utiliza apenas biomassa florestal e só serve para produzir energia eléctrica ou se é de co-geração ou até mesmo trigeração e utiliza todo o tipo de biomassa. São estas últimas que são mais rentáveis. As que utilizam apenas biomassa florestal não são solução.

Foram apontadas como solução rentável para os matos retirados das florestas no âmbito da defesa contra incêndios, mas estes matos acabam por ser um problema porque vêm carregados de humidade.

Por isso é que tem de haver a co-geração porque se produzirem calor, reduzem a humidade e têm condições de ter uma tarifa mais rentável. As centrais não são uma ameaça às fileiras do pinho ou outras desde que não sejam dedicadas. Há centrais que até resolvem problemas ambientais pois usam bagaço da azeitona e outros tipos de subprodutos pecuários.

Está também a ser canalizada madeira para as pellets.

Acho que também têm lugar no mercado. E estas utilizam várias fontes, como a casca da castanha, não é só floresta como se pensa. Deve ter o seu nicho do mercado. Até do ponto de vista das emissões de carbono, algumas das centrais que utilizam carvão, deveriam utilizar pellets. Mas a maior parte é exportada. Do ponto de vista energético é uma boa opção.

Uma das grandes reinvindicações dos produtores florestais é serem recompensados por sequestrarem carbono, já que prestam um serviço à sociedade que não é retribuído.

Totalmente de acordo. Temos de ver o que podemos fazer para fazer recair sobre os produtores a mais-valia do sequestro de carbono. E não só sobre os produtores florestais, já que os produtores de fruta ou os homens das pastagens também deveriam beneficiar de serem sequestradores de carbono, assim como aqueles que fazem mobilização mínima do solo. Muitas vezes esquecemos que se fizermos mobilização mínima estamos a ganhar três vezes em termos de carbono, isto é, não estamos a levantar o carbono que está no solo, estamos a lançar semente que vai sequestrar carbono e ainda estamos a utilizar menos trabalho de máquina, portanto menos energia fóssil, logo a libertar menos carbono para a atmosfera. É uma opção com vantagens triplas. Julgo que é uma reinvindicação legítima.

Estamos a tentar fazer um balanço de carbono de todo o sector agro-florestal porque a agricultura é muitas vezes vista só como poluidor por causa da pecuária e esquece-se tudo o resto. O sequestro de carbono deve ser um input para o rendimento dos produtores, desde a floresta até aos produtores de fruta ou o olival.

Como podia ser feita essa compensação?

Temos padrões internacionais de contabilização das emissões de carbono e para além do mercado de carbono, que é muito aliciante, temos de contabilizar o que vamos deixar de pagar no âmbito do protocolo de Quioto pelo facto de estarmos a atingir as metas. Podemos fazer recair nos produtores essas mais-valias, de que todos os cidadãos beneficiam. Os grandes poluidores, como algumas indústrias, têm obrigação de remunerar os outros que fazem o contrário. Temos de estudar as emissões do nosso sector e o sequestro efectivo. A própria pecuária tem capacidade compensar as suas emissões se tratar os efluentes numa central de biogás ou biomassa. Esse balanço tem de ser feito. Os sequestradores de carbono têm de ser compensados por isso.

Fonte: Público.pt