Ciclone 'Oli' varreu recife do Pacífico Sul, já atacado por predadores e que é agora terreno fértil para algas.
Primeiro foram as pragas de estrelas-do--mar, depois vieram os furacões. O recife de coral da Polinésia Francesa, um dos mais importantes do mundo, foi praticamente todo destruído pelo ciclone Oli, que fustigou a região no início de Fevereiro.
Depois de ter passado a 3 de Fevereiro pelas ilhas Leeward, onde provocou ondas de sete metros de altura e ventos de 170 km/h, o ciclone dirigiu-se para os arquipélagos do Pacífico Sul na madrugada de 4 de Fevereiro, onde ganhou ainda mais força. Quatro dias depois, o Departamento de Observação dos Corais de Moorea, uma das ilhas da Polinésia Francesa, pôs mãos à obra para perceber o impacte do Oli nos corais. E a conclusão foi pouco menos do que terrível: o recife de corais de um dos sítios mais bonitos do mundo está praticamente morto.
A ameaça não era nova. Os corais da Polinésia, considerados saudáveis até 2004, segundo um relatório internacional datado de 2008, estavam já severamente afectados por uma praga de estrelas-do-mar (a Acanthaster), grandes predadores destes organismos qualificados de maravilhas subaquáticas.
Mas, apesar disso, a estrutura física dos corais, mesmo das colónias já mortas, estavam praticamente intactas, o que dava grandes esperanças de regeneração. Até agora. A comparação entre os dados antes e pós-ciclone mostram quebras de rugosidade na ordem dos 50% até aos trinta metros de profundidade (ver caixa). Grande parte das colónias já mortas pela Acanthaster foi mesmo arrancada pela força das ondas.
A preocupação dos investigadores vira-se agora para o resto da vida marinha da zona, que vai ser afectada pelas mudanças nos recifes. Os cientistas estão já a recolher informação sobre a população de peixes e estrelas-do-mar para perceber em que medida diminuíram com a passagem do ciclone. Mas dois cenários estão já em cima da mesa: ou as algas se instalam definitivamente na zona, dominando e matando os corais, como já aconteceu noutras partes do globo; ou o recife consegue recuperar dos "destroços", mas nunca mais com o mesmo aspecto e as mesmas características. Regeneração que nunca aconteceria em menos de dez anos.
Fonte: Diário de Notícias
segunda-feira, 29 de março de 2010
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