domingo, 28 de fevereiro de 2010

Portugal apresenta candidatura ao Congresso Mundial de Vig. da Natureza

A Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza (APGVN) entregou, hoje, a candidatura de Portugal à organização do próximo Congresso Mundial da International Ranger Federation (IRF) a realizar em 2012.
A International Ranger Federation (IRF) foi fundada em 1992, tendo como objectivo melhorar os padrões profissionais dos Ranger’s (Vigilantes da Natureza) em todo o mundo. As suas acções têm como finalidade cumprir com os objectivos da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), pretendendo compartilhar conhecimentos e recursos, e estabelecer comunicações a nível global com os seus filiados, promover o intercâmbio profissional e promover Congressos Mundiais a cada três anos, representar os Ranger’s e defender os seus interesses noutras organizações internacionais onde tem representatividade.
A IRF patrocinou seis Congressos Mundiais, o primeiro foi realizado em Zakopane na Polónia em 1995; o segundo em San José, Costa Rica em 1997; o terceiro no Kruger Park, na África do Sul em 2000; seguiu-se em 2003 o de Victoria na Austrália; o de Stirling, na Escócia em 2006 e o último em Santa Cruz na Bolívia em 2009.
Participam nestes eventos os representantes das associações filiadas na IRF. Os mais de quatrocentos delegados discutem os problemas que atingem a profissão a nível global, procuram e debatem soluções para que o seu desempenho possa ser melhorado e a Natureza seja melhor protegida.
A APGVN escolheu como local para a realização do evento a cidade do Funchal, esta distinção é uma forma dos Vigilantes da Natureza homenagearem os corajosos habitantes da Região Autónoma da Madeira e dos seus valorosos companheiros de profissão.
A APGVN tem a convicção que os danos provocados pela intempérie ocorrida recentemente na Madeira estarão praticamente resolvidos na data da realização do Congresso Mundial. Sabemos que é uma região altamente preparada para receber pessoas de todo o mundo. Esta região está capacitada a todos os níveis para acomodar um grande número de participantes, possuindo larga experiência na recepção de grandes grupos para encontros, congressos e reuniões.

A APGVN irá preparar com muita ponderação o tema principal a apresentar a debate, porque esta será uma oportunidade única para analisar os assuntos que realmente preocupam e afectam a profissão. Para além do Congresso a APGVN, prepara um conjunto de visitas às Áreas Protegidas existentes no Arquipélago da Madeira. A visita à Reserva Natural das Ilhas Desertas, na embarcação do Parque Natural da Madeira, denominado “Buteo”, uma antiga embarcação de transporte de peixe. Com esta visita os congressistas terão a oportunidade de observar a Foca mais ameaçada do Planeta, a Foca-monge (Monachus monachus), poderão ainda descobrir aves marinhas, como o Roque de Castro (Oceanodroma castro) e a espécie endémica da Madeira, Freira do Bugio (Pterodroma feae), e muitas outras espécies que habitam este território selvagem. Outro dos pontos altos das visitas será à Reserva Natural do Garajau, uma reserva exclusivamente marinha, onde se proporcionarão expedições em mergulho de escafandro. Está planeada uma visita à floresta Laurissilva, considerada uma relíquia florestal, sendo a nível dos Arquipélagos que formam a Macaronésia a que corresponde à melhor e mais extensa mancha florestal de Floresta Laurissilva Mundial, possuindo a classificação de património natural mundial da UNESCO. Iremos também visitar a ponta mais a Este da Ilha da Madeira, a Reserva Natural da Ponta de S. Lourenço, que nos proporcionará um fascinante passeio pedestre, que para além da observação da vida natural, nos oferecerá o contacto com os dois lados da costa Madeirense.
A APGVN aguarda com expectativa e com grande esperança a decisão da IRF, que no final de Maio irá divulgar qual dos países candidatos será o escolhido para acolher tão importante evento a nível mundial.

A Direcção da APGVN


População de mico-leão-dourado quintuplica em área florestal do RJ

Os registros feitos por um frei português conhecido como Thevet, em visita ao Brasil poucas décadas depois do “Descobrimento”, em 1558, descrevem um pequeno primata de pelo dourado cor de fogo e beleza estonteante, adotado pelos índios como animal de estimação. A juba ao redor da cabeça rendeu à espécie Leontopithecus rosalia, então abundante no país, o apelido de mico-leão-dourado.

Séculos depois, esses bichos foram classificados como criticamente ameaçados de extinção, situação que começou a mudar com o início de um projeto coordenado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) na Área de Proteção Ambiental da bacia do Rio São João. Agora, os cientistas dizem que o mico-leão-dourado tem chances não só de escapar da ameaça que a caça e o desmatamento representam como pode ajudar na preservação de outras espécies.

Isso porque, segundo os especialistas, o primata reúne características ecológicas de diversos outros animais, como a alimentação diversificada e a necessidade de abrigar-se em habitats variados, por exemplo encostas e baixadas. Dessa forma, ao criar mecanismos que protegem o mico-leão, o projeto da Uenf desenvolve condições que beneficiam também as outras espécies existentes na bacia.

Segundo o coordenador do estudo, o professor da Uenf Carlos Ruiz, quando o projeto teve início, em 1983, havia 300 micos-leões-dourados na região. “Estabelecemos metas por meio da análise de viabilidade de população. Com isso, conseguimos ampliar o número de animais para 1.600, habitando uma área de 13 mil hectares de florestas”, afirma. A meta dos pesquisadores da universidade e das entidades parceiras da iniciativa, como a Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), é chegar a um número mínimo de 2 mil primatas ocupando 25 mil hectares de áreas conectadas e protegidas.

A estratégia de conservação florestal é chamada de manejo adaptativo, na qual as atividades desempenhadas são modificadas de acordo com as necessidades do local. Exemplo disso são os projetos que incluem análises demográficas, pesquisas genéticas e até noções de educação ambiental voltadas para os moradores do entorno. “Também criamos os corredores ecológicos, que funcionam como pontes de vegetação replantada por cima do pasto de propriedades rurais particulares e que ligam duas florestas”, destaca.

Reservas

A população de micos existentes no estado do Rio de Janeiro, hoje, está distribuída ao longo de duas reservas biológicas, a União e Poço das Antas, ambas de responsabilidade do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além disso, os animais podem ser avistados em 28 reservas particulares ou fazendas localizadas na bacia do Rio São João. Segundo a secretária-geral da AMLD, Denise Marçal Rambaldi, a área é estratégica em termos de biodiversidade e serviços ambientais. “Os benefícios obtidos a partir do trabalho feito com o mico, que é um animal extremamente exigente, são estendidos a outras espécies. Também visamos à proteção da área em si, sempre em conexão com os órgãos governamentais que viabilizam o processo”, explica.

De acordo com a AMLD, o mico-leão-dourado é um primata que vive em grupos familiares formados, em média, por seis indivíduos, podendo variar de dois a 14 membros. Eles podem viver até 12 anos na natureza e, em geral, reproduzem-se uma ou duas vezes por ano, em gestações que costumam durar até 120 dias. “Os micos se alimentam de frutos, néctar de flores e pequenos vertebrados”, explica Denise. Segundo ela, o problema da caça à espécie não foi exterminado por completo no Brasil. Porém, a maior dificuldade enfrentada atualmente é a perda e a fragmentação de florestas. “O Rio de Janeiro é um estado que cresce mais a cada dia que passa e, com isso, há o desaparecimento da mata. Por isso, a importância em conservar o que existe atualmente”, enfatiza a especialista.

A importância da área onde está a bacia do Rio São João é imensa, por abrigar quase toda a população de micos-leões-dourados existentes no Brasil. Com uma extensão de 150 mil hectares, essa parte da Mata Atlântica é a principal fonte de abastecimento de água de municípios fluminenses como Cabo Frio e Arraial do Cabo.

Características:

Saiba mais sobre o mico-leão-dourado:

# Vive em grupos familiares formados, em média, por seis indivíduos

# Pesa entre 550g e 600g e mede cerca de 60cm da cabeça até a ponta da cauda

# Na natureza, vive em média oito anos, mas pode chegar até os 12 anos

# Pode se reproduzir uma ou duas vezes por ano, com gestação de 120 dias que resulta, geralmente, no nascimento de filhotes gêmeos

# Alimenta-se de frutos silvestres, insetos, pequenos vertebrados e, eventualmente, da goma de algumas árvores

# Cada grupo utiliza uma área que varia entre 50 e 100 hectares, que é defendida da entrada de outros grupos de micos

# É um animal diurno que à noite se abriga em ocos de árvores ou emaranhados de cipós e bromélias

Fonte: Correio Braziliense

A fonte de energia que vem do lixo ou o último recurso após a reciclagem

A valorização energética dos resíduos urbanos pode ser uma solução para os cinco milhões de toneladas de lixo produzidos anualmente pela população portuguesa. Mas os ambientalistas contestam: é preciso apostar na reciclagem para que apenas 30% dos resíduos precisem de solução alternativa.

Papel, cartão, embalagens, restos de comida, vidro. São vários os resíduos produzidos numa habitação que nos parecem inúteis. Mas não são. Cada caixote do lixo alberga uma fonte alternativa de energia que, gerida adequadamente, daria para alimentar uma vivenda por três meses. Falamos da valorização energética dos resíduos urbanos. Incineração com captação de energia. Os ambientalistas consideram esta uma opção de recurso, isto porque "70% dos resíduos sólidos urbanos [RSU] são recicláveis".

"Tendo em conta a crescente quantidade de resíduos que é produzida e a escassez de espaço territorial necessário para a implantação de aterros sanitários de grande dimensão para o seu destino final, a incineração possui a indiscutível vantagem de reduzir de forma significativa - à volta de 90% - o volume de resíduos ao qual terá de ser dado um destino final definitivo", explicou ao DN Luís Teixeira de Lemos, director do Departamento de Ambiente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Viseu.

Existem várias vantagens no processo de incineração com captação de energia. Dá-se um destino mais nobre a algo que não terá uso: dados do Ministério do Ambiente de 2008 põem 65% dos resíduos sólidos urbanos nos ater- ros, enquanto apenas 9% são reciclados.

A Quercus contesta. Rui Berkemeier, membro da associação ecologista, explicou ao DN que os números do Ministério do Ambiente não mostram o real valor daquilo que pode ser reciclado. "Dando um número redondo, 70% dos RSU são recicláveis. Mas para isso é preciso apostar em métodos de triagem mais eficientes", diz. Um desses métodos a serem seguidos, exemplificou o ambientalista, é o que foi instalado na empresa de gestão de RSU da zona de Portalegre, Valnor: "É um exemplo a nível europeu. Aplicaram o princípio da engenharia de minas e da sua triagem de materiais." Por causa disto, a Valnor consegue separar dois terços do plástico, que é tratado para poder ser reciclado da melhor forma. "Uma taxa su-perior à média europeia", acrescenta.

Em Portugal existem três incineradoras integradas em sistemas de gestão de resíduos urbanos: a da Valorsul, na região da Grande Lisboa Norte; a da Lipor, na região do Grande Porto; e a da Valorambiente, na ilha da Madeira. Todas estas unidades produzem energia.

Ao DN, o Gabinete de Imprensa do Ministério do Ambiente afirmou que a incineração com aproveitamento de energia "constitui uma forma de produção de energia que contribui para a redução da dependência externa e para o combate às alterações climáticas". Rui Berkemeier contesta a opinião do ministério devido à baixa eficiência das incineradoras: "Perdem 50% do calor e a produção de energia equivale a 24% daquilo que é queimado", informa.

Há inclusive diferenças no CO2 poupado em cada processo: uma tonelada de plástico poupa 1,4 toneladas de CO2, enquanto cada tonelada de RSU incinerada poupa 200 quilos de CO2 e emite 400 quilos. "No final, o saldo de emissões é negativo", completa.

Tanto o ministério como a Quercus consideram que a incineração é uma forma de captação de energia limpa. Apesar de algumas emissões (na opinião dos ecologistas) o Governo considera este processo "um destino mais nobre do que a eliminação em aterro". Mais uma vez os ecologistas discordam e pedem uma aposta superior na reciclagem: "Um siste-ma de recolha selectiva porta a porta a nível nacional vai fazer com que se recicle mais", conclui a Quercus.

Fonte: Diário de Notícias

Meixão: A enguia bebé que vale ouro em Espanha

A pesca ilegal de juvenis está a ameaçar a sobrevivência da enguia nos rios portugueses. As capturas só são permitidas no rio Minho, mas a tentação do lucro é enorme: o meixão, como é conhecida a enguia bebé, chega a custar mais de mil euros o quilograma nos restaurantes espanhóis.

Para os espanhóis é uma iguaria de luxo. Em alguns países asiáticos também. Em Portugal, o meixão ou angula (juvenil da enguia) não consta habitualmente nos cardápios dos restaurantes, mas é capturado ilegalmente ao longo de quase toda a costa para exportação: um negócio que rende milhares de euros, mas que coloca em perigo a tão cobiçada enguia.
"A enguia-de-vidro (meixão) é muito apreciada na região de Espanha. Daí ter de existir captura suficiente para servir os imensos restaurantes e o apetite voraz em relação ao petisco que eles fazem com a angula", disse ao DN José Eduardo Rebelo, doutorado em Biologia e docente na Universidade de Aveiro.
Embora a pesca do meixão tenha sido proibida em 2000, em todos os rios à excepção do Minho, a GNR apreende regularmente, em acções de fiscalização, dezenas de quilos de meixão pescado ilegalmente nos rios portugueses. Para capturar o juvenil da enguia, os pescadores usam redes idênticas às mosquiteiras, que não deixam escapar praticamente nenhum peixe. É que o petisco chega a ser vendido a 500 euros o quilograma. E nos restaurantes pode atingir os mil euros.

O meixão tem a forma típica da enguia, mas o corpo é transparente e bastante mais pequeno (mede entre 4 e 5 centímetros). Nasce no mar dos Sargaços (no meio do Atlântico) e viaja depois até aos rios europeus. Isto porque, no Outono, as enguias adultas partem dos rios para o mar dos Sargaços, onde desovam a profundidades elevadas.

"Quando atinge a área da postura, a fêmea faz a desova, o macho faz a postura dos espermatozóides e com o esforço ambos morrem", explica José Rebelo. Cada fêmea faz a postura de milhões de ovos.

Após subirem à superfície, as larvas da enguia começam a ser arrastadas pela corrente quente do golfo do México até às costas europeias. "Fazem uma viagem de aproximadamente dois anos até chegar ao rio: nessa viagem, 80% das enguias de vidro morrem", conta o biólogo.

Das sobreviventes, poucas resistem às adversidades do novo meio. "Dos 20% que sobrevivem, cerca de 80% morrem: a mortalidade natural é muito grande devido à necessidade de adaptação às condições do novo meio e grande parte morre também devido à influência do homem, que a apanha."
Durante a migração, a enguia-de-vidro não se alimenta e a viagem até à costa europeia é feita à deriva. Só após essa longa viagem, que chega a atingir os 7500 quilómetros, é que a angula começa a ter capacidade autónoma de movimentação.

É também nessa fase, quando o meixão chega aos rios, que o homem comete o infanticídio da enguia. É que o meixão capturado, além de já não entrar na cadeia alimentar dos outros peixes, não atinge o estado adulto e jamais regressará ao mar dos Sargaços para desovar. A sobrepesca dos juvenis aparece assim como uma das principais ameaças à continuidade da espécie.

Ao chegar aos rios, os juvenis da enguia penetram até às zonas limpas, onde ficam durante 7 a 15 anos, até regressarem ao mar dos Sargaços, já adultos, para reproduzirem. Nenhuma enguia regressa.

Alertando para a complexidade do ciclo de vida da espécie, José Rebelo refere que "é necessário ter em conta que a enguia só se reproduz uma vez na vida, que é uma espécie migratória catádroma, o que implica grandes adaptações fisiológicas (passa da água salgada para água doce e da água doce para água salgada) e que passa muito tempo como enguia-de-vidro (meixão), sendo muito apreciada nessa fase". E deixa o aviso: "Uma pesca desmesurada às larvas da enguia pode ter como consequência a extinção da espécie."

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Vigilantes da Natureza: Poucos mas utilitários nos momentos críticos

Como já havia sido referido em Comunicado da Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza (aqui), os Vigilantes da Natureza da Madeira têm estado, após a catástrofe, no terreno a ajudar a população. Esta notícia confirma mais uma vez que essa situação está a acontecer em tempo real.
Embora a notícia refira os Vigilantes da Natureza de modo pouco significativo, o facto é que, tendo o Corpo de Vigilantes da Natureza da Madeira apenas 34 elemento, isso é bastante significativo no que toca a meios humanos disponíveis na ajuda deste momento de catástrofe.
Sendo a catástrofe da Madeira de tal modo grave que não se deva "puxar galões" de quem ajuda ou não, o facto é que, ao contrário de situações algo idênticas passadas no Continente, pelo menos aqui a notícia cita os Vigilantes da Natureza (embora de modo subtil) como agentes no terreno com capacidade e vontade de ajudar as populações.
Seja referido ou não pela Comunicação Social, é um facto que os Corpo de Vigilantes da Natureza têm sentido de Corpo e sentido de Solidariedade, estando presente onde é preciso!
Não é apenas a salvaguarda dos valores naturais que move os Vigilantes da Natureza. As vidas humanas estão acima de qualquer valor e neste momento tem sido essa a prioridade!


Bocado de pão para cinco pessoas

Na Rua de Santa Maria, berço do Funchal, habitantes queixam-se de que foram esquecidos e passaram fome


A Rua de Santa Maria, a primeira rua do Funchal, tem lama pelas costuras. A mítica zona de pescadores, prostitutas e marinheiros, comerciantes e artistas, perdeu o charme há muito tempo. Os prédios estão degradados e a recuperação imobiliária é lenta. Cada vez há menos pessoas a morar por aqui. Ontem de manhã, sete dias depois da catástrofe, ainda se vivia em lágrimas a desgraça que lhes bateu literalmente à porta.


"Fomos muito esquecidos. Compreendo que havia muitas frentes para acudir, mas ficámos sozinhos, praticamente sem comer, durante três dias. Sem água nem luz. Não conseguíamos sair de casa. Havia dois metros de lama. Tapou-nos a porta e ficámos encurralados." O relato de Maria da Graça, 58 anos, é interrompido porque as equipas de rua limpam o lixo amontoado.


A água lamacenta ainda corria, e a lama continuava a dificultar a passagem. Mal sabíamos que quatro horas depois a rua estaria praticamente limpa, como se tivesse havido um milagre, a exemplo do que acontece em praticamente toda a cidade. Só que, naquele momento, e apesar de reconhecer o esforço das equipas de rua, a preocupação de Maria tinha um nome: comida. "De sábado a segunda-feira, eu só tinha em casa bolachas e um bocado de pão para dar ao meu marido, filho e nora, ambos desempregados, mais um neto de um ano." Maria leva as mãos à cara e derrama o choro.


Esta é uma rua de armazéns onde nada ficou em stock. Toneladas de produtos de limpeza, bebidas, sapatos, malas, chocolates, sacos enormes com amendoim misturam-se com embalagens de veneno para ratos, uma substância química altamente tóxica e mortal. Por ali rondavam alguns sem-abrigo, como o Bruno, que tentavam retirar o que "ainda estava bom para comer. Isto está dentro de prazo, é só limpar".


Na porta ao lado, Maria de Fátima, de 69 anos, repete vezes sem conta que precisa de ir ao hospital, sente-se mal, não dorme. Nesta azáfama de limpezas, há perigos à espreita. Uma adufa aberta sem protecção por pouco não provoca um acidente. Valeu os reflexos de um dos muitos voluntários que por ali estão, desde escuteiros a vigilantes da natureza do parque natural da Madeira.


Romana Góis aparece à soleira da porta com as mãos trémulas. As queixas são as mesmas. "Havia quase dois metros de altura de terra. Sou doente oncológica e preciso de medicamentos e tenho de arranjar alguém que os vá comprar. A farmácia mais próxima ficou soterrada. Estou há oito dias fechada", afirma.


Vizinha do restaurante Jacquet, totalmente destruído, o mesmo acontecendo à sede do Marítimo, e a todo o comércio daquela artéria, Maria José, de 47 anos, chama-nos para vermos onde mora.


Não é muito fácil descrever as condições. É um pátio interior sem condições de habitabilidade, e não era preciso a catástrofe para perceber que ninguém pode viver aqui. Muito menos seis pessoas em dois quartos. " Ficámos aqui, sem comida. Vieram ontem dar- -nos dois papo-secos, manteiga e um pacote de queijo. Quero que a minha filha grávida vá para casa da sogra." Mas, no meio da desgraça, o milagre aconteceu. Três horas depois, a rua estava limpa.


Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

WWF-Brasil lança abaixo-assinado por unidade de conservação

O WWF-Brasil lançou hoje (23/2) abaixo-assinado para coleta de assinaturas pedindo a criação de área protegida com 8.025 hectares, em Bertioga (SP), no mais conservado trecho de Mata Atlântica no litoral paulista. A área de planície, que faz conexão com o Parque Estadual da Serra do Mar, abriga rica diversidade de ambientes – dunas, praias, rios, florestas, mangues e uma variada vegetação de restinga – nos quais vivem animais raros e ameaçados de extinção.

O objetivo da ação na internet é obter o maior número de assinaturas em apoio à criação da unidade de conservação. O documento com as assinaturas será entregue ao governador do Estado de São Paulo, José Serra, e ao secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano.

A proteção da área em Bertioga vai contribuir efetivamente para que o Brasil cumpra meta firmada na Convenção da Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas. A meta assumida pelo país é de proteção de 10% da área original do bioma até 2010. Hoje temos somente 7,9% da Mata Atlântica original.

“Neste Ano Internacional da Biodiversidade chamamos a atenção para a necessidade de proteção e recuperação dos ecossistemas terrestres e aquáticos como uma maneira de defendermos a vida em nosso planeta”, ressalta a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú.

Criar e manter áreas protegidas são formas de nos prepararmos para enfrentar situações climáticas mais severas e frequentes, bem como seus impactos, como, por exemplo, erosão, assoreamento de corpos d”água e aumento das enxurradas, e suas consequências, como as enchentes, que já mataram dezenas de pessoas só este ano no Brasil.

“A melhor maneira de prepararmos a natureza para resistir aos impactos das mudanças climáticas é a conservação dos ecossistemas. Essa é uma forma de prevenirmos os impactos futuros. Criar áreas protegidas é necessário e urgente, pois essa também é uma medida de proteção ao indivíduo e à coletividade, explica Cláudio Maretti, superintendente de Conservação do WWF-Brasil.

Biodiversidade

Estudos realizados pelo WWF-Brasil demonstram que a proteção do local colocará a salvo espécies raras e ameaçadas de extinção, praias e a foz de rios. São conhecidas até agora 1.000 espécies de plantas, 44 com risco de serem extintas. Vivem lá pelo menos 14 espécies de anfíbios e répteis, sete espécies de aves e 14 espécies de grandes mamíferos, também ameaçadas de extinção.

Curiosidade: Antes de ser colonizada pelos portugueses, Bertioga era habitada por indígenas do tronco Tupi. Seu nome em tupi, Buriquioca, significa ”morada dos macacos grandes”: buriqui significa macaco grande; e oca significa casa.

Mais informação em: http://www.wwf.org.br/

Espuma branca “mascarou” hoje o rio Tejo de Antárctida

Algumas dezenas de quilómetros do rio Tejo, a montante de Vila Velha de Ródão, ficaram hoje cobertas por uma espuma branca que, em algumas zonas, lembrava icebergues numa paisagem da Antárctida, contou a Quercus que esteve no local.

Samuel Infante, do Núcleo regional da Quercus de Castelo Branco e Covilhã, admite que ficou impressionado com a espuma abundante que viu ao longo de uma extensão de rio com vários quilómetros. “O rio estava coberto de branco e a espuma, em alguns locais, atingia um metro de altura, fazendo lembrar icebergues. Parecia a Antárctida”, contou ao PÚBLICO.

A associação foi alertada esta manhã por uma utilizadora do site do PÚBLICO, “Grifos na Web”, que tem uma câmara colocada nas Portas de Ródão, apontada para a escarpa junto ao rio Tejo e que reparou na cor estranha da água.

O Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR (SEPNA) esteve no local a recolher amostras da água para determinar as causas do episódio.

Segundo Samuel Infante, as autoridades chegaram a fechar o porto de Vila Velha de Ródão e a retirar os barcos daquela zona.

“Ainda não sabemos o que causou aquela espuma, mas pode ter sido resultado da elevada pressão da água causada pelas descargas das barragens espanholas de Alcântara e Cedillo”, disse Samuel Infante. “Vamos esperar pelo resultado das análises à água”. Apesar de apostar mais num fenómeno de origem natural, o activista não afasta a hipótese de uma descarga poluente. “Infelizmente há muitas indústrias que aproveitam dias de chuva e descargas de barragens para fazer descargas, a fim de reduzir as hipóteses de serem detectadas”, lembrou.

Ouvida pela agência Lusa, a presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Maria do Carmo Sequeira, disse que está a acompanhar a situação.

Já em Maio do ano passado, a Quercus tinha lançado um alerta para um manto verde de algas que cobria o rio, na mesma zona. No início de Setembro, o rio Tejo voltou a ficar “esverdeado”. Na altura, o fenómeno foi causado pela poluição e pela redução de caudal.

Fonte: Publico.pt

Portugal tem uma das pegadas hídricas mais elevadas entre 140 países

Portugal tem uma das "pegadas hídricas" mais elevadas por habitante, ocupando a sexta posição entre 140 países, uma situação principalmente causada por um sector agrícola "pouco eficiente", segundo um relatório hoje divulgado pela WWF.

Estima-se que em Portugal a utilização de água seja aproximadamente de 52 metros cúbico por pessoa por ano, variando a capitação diária regional entre cerca de 130 litros (nos Açores) e mais de 290 litros (no Algarve). Mas, se se acrescentar a este consumo pessoal, toda a água utilizada nos bens consumidos, desde a agricultura à energia, chega-se à conclusão que cada português é responsável pela utilização de 2.264 metros cúbicos por ano.

Mais de 80 por cento desse valor diz respeito ao consumo de bens agrícolas, e mais de metade corresponde à importação de bens para consumo - ou seja, 54 por cento da pegada hídrica em Portugal é externa.

Este consumo coloca Portugal na sexta posição (num conjunto de 140 países analisados) entre os que apresentam uma pegada hídrica mais elevada por habitante. A pegada hídrica de um país é, assim, o volume total de água usado globalmente para produzir os bens e serviços consumidos pelos seus habitantes, tanto em território nacional como no estrangeiro, no caso dos bens importados.

Entre os seis países que têm a mais elevada pegada hídrica estão cinco da região Mediterrânica: Grécia, Itália,
Espanha e Chipre, além de Portugal.

O estudo conclui que "a elevada pegada hídrica portuguesa se deve à pouca eficiência do sector agrícola nacional, à dependência dos bens agrícolas que importamos, principalmente de Espanha, e às diferenças geográficas internas, com problemas de escassez de água a sul, em particular na bacia do Guadiana".

Portugal tem recursos hídricos "relativamente abundantes" no contexto da região mediterrânica, ficando somente atrás da Grécia, e apresenta uma taxa de escassez de água de 33 por cento.

Porém, a WWF aponta a questão da dependência do país face a Espanha, onde têm origem mais de 67 por cento dos seus recursos hídricos superficiais.

Melhorar a eficiência do uso da água exige conhecer as características do consumo directo (quem, onde e como se consome mais água) e também do consumo indirecto (quem, onde e como se produzem os bens importados e em cuja produção é utilizada água).

Mais de metade da pegada hídrica portuguesa é externa, salienta o relatório, já que tem a ver com os produtos agrícolas importados, principalmente de Espanha.

Para alterar este cenário, é necessário "desenvolver ferramentas apropriadas de certificação da gestão da água", mas também apostar na educação e sensibilização dos consumidores para que optem por "escolhas pessoais responsáveis".

A WWF refere as culturas do olival, milho e vinha que, no conjunto, representam 55 por cento da pegada hídrica do sector.

O olival foi, no entanto, escolhido como "caso de estudo" pois é a cultura que utiliza mais água virtual (a necessária à produção dos bens consumidos) em Portugal.

"Além da pegada hídrica que lhe está associada, a cultura moderna e intensiva do olival implica problemas ambientais sérios, nomeadamente a erosão do solo e a contaminação pelas chamadas ‘águas ruças’", salienta a organização.

O relatório Planeta Vivo 2008 da WWF alerta que o uso insustentável da água é um problema crescente no mundo, e que o declínio dos ecossistemas hídricos é mais acentuado do que o declínio da biodiversidade marítima e terrestre.

Na base da situação estão o aumento das captações de água para a agricultura e o abastecimento urbano, as más políticas e práticas de gestão e a perda de habitats devido à urbanização e construção de infra-estruturas.

Fonte: Publico.pt

Quercus denuncia fábrica de resinas perigosa e sem licença

"Escândalo, precedente gravíssimo e ameaça ambiental". É assim que a Quercus classifica a fábrica de resinas que vai começar a laborar, na Figueira da Foz, no prazo de meio ano, sem licença de Avaliação de Impacto Ambiental. A CCDRC não vê inconveniente.

Carla Graça, da Quercus, garante que a Associação Nacional de Conservação da Natureza vai denunciar ao Ministério do Ambiente, nos próximos dias, o "atentado ambiental" que vai ser cometido, numa zona de estuário (do Mondego), com a entrada em funcionamento de uma fábrica de resinas - United Resins -, que foi "estranhamente isentada" do "obrigatório estudo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e licença de Seveso", que visa prevenir acidentes graves que envolvam substâncias perigosas e limitar as consequências desses acidentes para o Homem e para o Ambiente.

Todos os pareceres jurídicos e técnicos reunidos pela Quercus apontam para um único sentido: a United Resins não pode laborar sem aquelas duas licenças. Contudo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), embora num primeiro momento tivesse referido que a construção da fábrica dependia de AIA, veio mais tarde refazer o que havia dito e acabou por autorizar a obra sem aquele estudo de impacto ambiental.

Produtos tóxicos

A Quercus lembra que fez uma auscultação, por interposta entidade, às comissões de coordenação do país, e todas elas, com excepção da CCDRC, garantem que exigiriam AIA, na sua área de jurisdição, a uma obra do género da United Resins. Por outro lado, manifesta-se surpresa com a atitude "displicente" da CCDRC quando é sabido que na United Resins vão ser manuseados produtos "altamente perigosos, com um grau de toxicidade muitíssimo elevado". Receios que, de resto, estão já a deixar alguns moradores e a Aqua Mondego-Associação de Produtores de Peixe da Figueira da Foz com "muito medo das gravosas consequências e inevitáveis prejuízos ambientais e económicos que a unidade fabril vai originar", conforme disse ao JN o líder da Aqua Mondego, José Carvalho.

O que provoca igualmente estranheza à associação ambientalista, conforme revelou, ao JN, Carla Graça, é o facto de "para uma fábrica similar" - Respol -, em Leiria, a mesma CCDRC ter "exigido AIA, considerando-a uma indústria de perigosidade superior, e a esta unidade fabril, que vai produzir o mesmo tipo de resinas, com recurso aos mesmos tipos de materiais tóxicos/poluentes, ... nada.

O JN tentou ouvir o administrador da United Resins, mas sem êxito. Já o presidente da CCDRC, Alfredo Marques, limitou-se a afirmar que corrobora a opinião dos seus técnicos e que o projecto cumpre a Lei. Fonte do Ministério do Ambiente disse ao JN que desconhece o processo, pelo que não comenta.

Fonte: Jornal de Notícias

Descoberta no Atlântico ilha formada por lixo de plásticos

'Ilha' de lixo situa-se entre os 22 e os 38 graus de latitude norte, ao largo de Miami.

Não se lhe conhece a dimensão exacta, nem o impacto ambiental, ou os efeitos na cadeia alimentar, mas a confirmação aí está: à semelhança do que acontece no Pacífico Norte, também no Atlântico Norte, numa extensa zona localizada entre a costa leste da Florida e as Bermudas, existe uma enorme lixeira flutuante, para onde convergem plásticos de todos os tamanhos e feitios.

A descoberta daquela "ilha" feita de lixo de plástico foi anunciada em Portland, nos Estados Unidos da América, na conferência Ocean Sciences Meeting, que hoje ali termina.

Durante as duas últimas décadas, investigadores da Sea Education Association, uma organização para a investigação oceânica daquele país, recolheram dados na região, num total de 6100 recolhas de amostras com redes puxadas ao longo de diferentes percursos no Atlântico, junto às Caraíbas, e no Atlântico Norte, ao largo da costa leste norte-americana.

Em mais de metade dos percursos, os investigadores recolheram plásticos que flutuavam à superfície do mar, juntamente com organismos marinhos.

O problema dos resíduos de plástico no Atlântico tem sido "muito ignorado", afirmou à BBC News a coordenadora da investigação, Kara Lavender Law, da Sea Education Association, sublinhando que a sua equipa identificou uma região "a norte, no oceano Atlântico, onde os lixos de plástico parecem estar concentrados", permanecendo ali durante longos períodos de tempo.

"Mais de 80 por cento dos pedaços de plástico que recolhemos nas redes foram encontrados entre os 22 e os 38 graus norte, portanto temos uma latitude onde este lixo está a cumular-se", adiantou a mesma investigadora à BBC News.

De acordo com os dados recolhidos pelos investigadores, a larga maioria dos restos de plástico tem origem em produtos de embalagens destinadas aos consumidores ou em sacos de plástico, e não têm mais de um centímetro de dimensão.

A densidade máxima destas manchas de lixo flutuante encontradas pela equipa foi de 200 mil pedaços de plástico por quilómetro quadrado. "Isto é comprável à ilha de plástico flutuante que existe no Pacífico", explicou Kara Lavender Law.

Resta saber qual é o impacto deste lixo na vida marinha, na região. Os investigadores sabem que muitos seres marinhos consomem este plástico, o que tem impacto negativo nas aves, mas tudo isso está ainda por estudar.

Pacífico Norte tem maior 'ilha' de lixo

A maior concentração oceânica de lixo de plástico está localizada no Pacífico Norte, numa zona a noroeste da Austrália, onde convergem quatro grandes correntes oceânicas. Um movimento lento das águas, no sentido dos ponteiros do relógio, que ali se produz contribui para que se acumulem naquela zona os lixos que não se degradam. O plástico constitui a sua esmagadora maioria. A sua dimensão é comparada pelos investigadores à do estado norte-americano do Texas.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Curso de Identificação de Aves Marinhas e sua observação em Portugal


As aves marinhas são o grupo com maior declínio populacional a nível mundial. Portugal é um país privilegiado para a observação de alguns destes seres errantes que cruzam o oceano em busca de alimento e regressam anualmente às nossas águas, simplesmente em trânsito ou fazendo da nossa costa e arquipélagos local de nidificação. Venha conhecer as espécies que aqui ocorrem e os locais mais favoráveis à sua observação.
Este curso conta com o apoio da C.M. de Peniche.

Para mais informação, consulte o site da SPEA aqui

Tragédia na Madeira: Um desastre já anunciado há anos

Vale a pena meditar sobre as consequências catastróficas fruto de políticas de (des)ordenamento do território que teimam em não dar ouvidos a quem alerta, tão comum no nosso país pelos nossos governantes: Desrespeito pela natureza e pelas vidas humanas!

Aqui, um aviso de 2008:

A enorme quantidade de derrocadas e inundações que alastrou pela Madeira na madrugada de sábado foi uma realidade que surpreendeu apenas os mais desatentos, como, entre outros avisos, prova aquele que foi feito por uma reportagem da RTP2, há mais de dois anos.
Então, no programa “Biosfera”, falou-se da “vulnerabilidade” da ilha face a catástrofes naturais, nomeadamente devido à violação constante do seu Plano Director Municipal, através da construção no encalce das ribeiras. Os perigos ao nível do ambiente ou da segurança eram evidentes, foi então dito.

Segundo a secretária regional do Turismo da Madeira, Conceição Estudante, o Governo regional continua a estimar que o temporal da madrugada de sábado matou até à data 42 pessoas.

Fonte: Destak

Ver Reportagem completa:     Parte 1      Parte 2

Aqui, um aviso de 1985:


Por Cecílio Gomes da Silva* (1923-2005)


Artigo publicado no dia 13 de Janeiro de 1985 no jornal “Diário de Notícias” do Funchal




Traumatizado pelo estado de desertificação das serras do interior da Ilha da Madeira, muito especialmente da região a Norte do Funchal e que constitui as bacias hidrográficas das três ribeiras que confluem para o Funchal, dando-lhe aquela fisiografia de perfeito anfiteatro, aliado a recordações da infância passada junto à margem de uma das mais torrenciais dessas ribeiras – a de Santa Luzia – o mundo dos meus sonhos é frequentemente tomado por pesadelos sempre ligados às enxurradas invernais e infernais dessa ribeira. Tive um sonho.


Adormecendo ao som do vento e da chuva fustigando o arvoredo do exemplar Bairro dos Olivais Sul onde resido, subia a escadaria do Pico das Pedras, sobranceiro ao Funchal. Nuvens negras apareceram a Sudoeste da cidade, fazendo desaparecer o largo e profundo horizonte, ligando o mar ao céu.


Acompanhavam-me dois dos meus irmãos – memórias do tempo da Juventude – em que nós, depois do almoço, íamos a pé, subindo a Ribeira de Santa Luzia e trepando até à Alegria por alturas da Fundoa, até ao Pico das Pedras, Esteias e Pico Escalvado. Mas no sonho, a meio da escadaria de lascas de pedra, o vento fez-nos parar, obrigando-nos a agarrarmo-nos a uns pinheiros que ladeavam a pequena levada que corria ao lado da escadaria. Lembro-me que corria água em supetões, devido ao grande declive, como nesses velhos tempos. De repente, tudo escureceu. Cordas de água desabaram sobre toda a paisagem que desaparecia rapidamente à nossa volta. O tempo passava e um ruído ensurdecedor, semelhante a uma trovoada, enchia todo o espaço. Quanto durou, é difícil calcular em sonhos. Repentinamente, como começou, tudo parou; as nuvens dissiparam-se, o vento amainou e a luz voltou. Só o ruído continuava cada vez mais cavo e assustador. Olhei para o Sul e qualquer coisa de terrível, dantesco e caótico se me deparou. A Ribeira de Santa Luzia, a Ribeira de S. João e a Ribeira de João Gomes eram três grandes rios, monstruosamente caudalosos e arrasadores. De onde me encontrava via-os transformarem-se numa só torrente de lama, pedras e detritos de toda a ordem. A Ribeira de Santa Luzia, bloqueada por alturas da Ponte Nova – um elevado monturo de pedras, plantas, arames e toda a ordem de entulho fez de tampão ao reduzido canal formado pelas muralhas da Rua 31 de Janeiro e da Rua 5 de Outubro – galgou para um e outro lado em ondas alterosas vermelho acastanhadas, arrasando todos os quarteirões entre a Rua dos Ferreiros na margem direita e a Rua das Hortas na margem esquerda. As águas efervescentes, engrossando cada vez mais em montanhas de vagas espessas, tudo cobriram até à Sé – único edifício de pé. Toda a velha baixa tinha desaparecido debaixo de um fervedouro de água e lama. A Ribeira de João Gomes quase não saiu do seu leito até alturas do Campo da Barca; aí, porém, chocando com as águas vindas da Ribeira de Santa Luzia, soltou pela margem esquerda formando um vasto leito que ia desaguar no Campo Almirante Reis junto ao Forte de S. Tiago. A Ribeira de S. João, interrompida por alturas da Cabouqueira fez da Rua da Carreira o seu novo leito que, transbordando, tudo arrasou até à Avenida Arriaga. Um tumultuoso lençol espumante de lama ia dos pés do Infante D. Henrique à muralha do Forte de S. Tiago. O mar em fúria disputava a terra com as ribeiras. Recordo-me de ver três ilhas no meio daquele turbilhão imenso: o Palácio de S. Lourenço, A torre da Sé e a fortaleza de S. Tiago. Tudo o mais tinha desaparecido – só água lamacenta em turbilhões devastadores.


Acordei encharcado. Não era água, mas suor. Não consegui voltar a adormecer. Acordado o resto da noite por tremenda insónia, resolvi arborizar toda a serra que forma as bacias dessas ribeiras. Continuei a sonhar, desta vez acordado. Quase materializei a imaginação; via-me por aquelas chapas nuas e erosionadas, com batalhões de homens, mulheres e máquinas, semeando urze e louro, plantando castanheiros, nogueiras, pau-branco e vinháticos; corrigindo as barrocas com pequenas barragens de correcção torrencial, canalizando talvegues, desobstruindo canais. E vi a serra verdejante; a água cristalina deslizar lentamente pelos relvados, saltitando pelos córregos enchendo levadas. Voltei a ouvir os cantares dolentes dos regantes pelos socalcos ubérrimos das vertentes. Foram dois sonhos. Nenhum deles era real; felizmente para o primeiro; infelizmente para o segundo.


Oxalá que nunca se diga que sou profeta. Mas as condições para a concretização do pesadelo existem em grau mais do que suficiente.


Os grandes aluviões são cíclicos na Madeira. Basta lembrar o da Ribeira da Madalena e mais recentemente o da Ribeira de Machico. Aqui, porém, já não é uma ribeira, mas três, qualquer delas com bacias hidrográficas mais amplas e totalmente desarborizadas. Os canais de dejecção praticamente não existem nestas ribeiras e os cones de dejecção etão a níveis mais elevados do que a baixa da cidade. As margens estão obstruídas por vegetação e nalguns troços estão cobertas por arames e trepadeiras. Agradável à vista mas preocupante se as águas as atingirem. Estão criadas todas as condições, a montante e a jusante para uma tragédia de dimensões imprevisíveis (só em sonhos).
Não sei como me classificaria Freud se ouvisse este sonho. Apenas posso afirmar sem necessidade de demonstrações matemáticas que 1 mais 1 são 2, com ou sem computador. O que me deprime, porém, é pensar que o segundo sonho é menos provável de acontecer do que o primeiro.


Dei o alarme – pensem nele


Lisboa, 11 de Dezembro de 1984


*Engenheiro Silvicultor


Fonte: Ambio.blogspot.com


Francisco Barros

Parque Natural do Douro Internacional vai ter Vigilantes da Natureza

Já foi iniciado o processo de recrutamento de vigilantes para o Parque Natural do Douro Internacional. Desde Outubro do ano passado que o parque não tem vigilância e o anúncio surge agora do Ministério do Ambiente, como resposta a um requerimento apresentado pelo Bloco de Esquerda, na Assembleia da República.

Francisco Correia, da Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza, congratula-se pela atitude e espera que se estenda aos restantes parques do norte do país.

“Foi uma resposta que o BE recebeu, mas oficialmente não sabemos de nada”, diz, admitindo que “é uma medida positiva”. Espera agora que “se estenda aos outros parques”.

Como medida imediata, o Ministério do Ambiente, através do ICNB (Instituto da Conservação da Natureza) recorreu a um procedimento transitório de vigilância, através dos meios que tem disponíveis na região, nomeadamente nos Parques Naturais de Montesinho e Alvão. Francisco Correia salienta que o problema de fundo ainda não está resolvido.

“O problema de fundo não está resolvido que era a abertura de concurso. O que mais nos preocupa é que o ministério do Ambiente não está minimamente preocupado”.

O processo de recrutamento de vigilantes para o Parque Natural do Douro Internacional ainda está em procedimento final de aprovação. O ministério do Ambiente estabeleceu também parcerias com o SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza) da GNR para que “haja presença de efectivos todos os dias da semana no parque”.

Através da Autoridade Nacional de Protecção Civil e de uma candidatura ao QREN, o ministério espera conseguir adquirir novas viaturas para renovar a frota do parque.

Fonte: Rádio Brigantia http://www.brigantia.pt/

Composto da casca do pinheiro pode acabar com poluição dos curtumes

Componentes da casca do pinheiro-bravo podem ser um substituto “muito eficiente” e ambientalmente adequado para o crómio na indústria dos curtumes, conclui uma investigação realizada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Os processos convencionais utilizam o crómio na indústria de curtumes, que produz grandes quantidades de efluentes e obrigam ao seu tratamento para minimizar o efeito poluidor. A investigação coordenada por Hermínio Sousa propõe uma alternativa capaz de resolver o problema ambiental.

“Os taninos vegetais obtidos a partir da casca de pinheiro foram já testados no curtimento de peles e revelaram serem mais eficientes do que os normalmente conseguidos pelos processos convencionais. Permitem, também, a substituição do crómio nestes processos industriais, evitando-se assim os problemas ambientais e toxicológicos associados”, explica o investigador.

Uma nota de imprensa da FCTUC refere que a casca do pinheiro-marítimo (Pinus pinaster - também conhecido como pinheiro-bravo) é um resíduo extremamente abundante produzido pela indústria da madeira, frisando que este projecto de investigação contou com a parceria da empresa de Curtumes João B. Salgueiro Lda. e do Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, de Alcanena.

Além daquela aplicação específica, “os extractos de casca de pinheiro apresentaram também resultados bastante promissores como compostos anti-oxidantes, no tratamento de águas residuais e na preparação de bio-adesivos de base vegetal”, adianta Hermínio Sousa.

Na sequência dos bons resultados conseguidos, os investigadores estenderam já os seus estudos ao bagaço da baga de sabugueiro a aos resíduos do fruto da nogueira, igualmente subprodutos agrícolas e da indústria alimentar portuguesa.

Deles extraíram corantes naturais e compostos com elevado poder antioxidante, que estão a ser sujeitos a estudos complementares, em colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e com a Cooperativa Agrícola do Vale do Varosa, em Tarouca.

Hermínio Sousa coordena uma equipa de investigadores da FCTUC que, em colaboração com cientistas e empresas de 11 países ibero-americanos, têm vindo a utilizar resíduos e subprodutos da indústria agro-alimentar no desenvolvimento de potenciais aplicações industriais inovadoras nas áreas da cosmética, farmacêutica, curtumes e tratamento de águas.

A partir de resíduos vegetais de baixo valor económico e “que, na maioria das vezes, constituem também um fardo ambiental importante” - acrescenta a mesma nota - ,“é possível obter compostos de elevado potencial e valor acrescentado, como, por exemplo, antioxidantes, antocianinas, corantes naturais e ainda taninos vegetais”.

“Usando tecnologias “verdes” e solventes seguros como o dióxido de carbono supercrítico, a água e o etanol, os produtos finais obtidos não contêm quaisquer resíduos de solventes orgânicos tóxicos ou perigosos, pelo que poderão ser vantajosamente usados na indústria alimentar, cosmética e farmacêutica”, conclui.

Fonte: LUSA

3 percursos pedestres vão revelar a partir de Setembro o refúgio das aves no Seixal

Durante quatro anos, o ornitólogo Hélder Costa observou 118 espécies de aves no sapal de Corroios, espaço que é uma espécie de oásis surpreendente de biodiversidade numa zona de crescimento urbano e industrial. A partir de Setembro, haverá três percursos pedestres para revelar este cantinho.

O caderno de campo de Hélder Costa, ornitólogo há mais de 20 anos, ficou cheio com as 118 espécies diferentes de aves que observou entre 2006 e 2009 na baía do Seixal. Esta enseada do rio Tejo funciona como abrigo e local de alimentação. Mas "não há muita informação sobre a zona", conta ao PÚBLICO.

O que mais o surpreendeu foi a "diversidade e quantidade de algumas aves". "Há espécies com exemplares muito interessantes, como a população invernante do maçarico-real e da gaivota-de-cabeça-preta", prossegue este antigo presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, que mensalmente fazia "observação em sete pontos fixos".

"O maior número de espécies ocorreu no período de migração pós-nupcial e no Inverno e o número máximo de aves atingiu as 8751, em Agosto de 2008", vinca.

Apesar de estar inserido num "espaço muito urbanizado", Costa salienta que esta zona "ainda tem um potencial tremendo para a observação". "Aqui é possível ver as aves de muito perto, [elas] estão já habituadas às pessoas", diz, lembrando o engarrafamento que, em 2007, parou a Marginal com as pessoas que vieram ver os flamingos na baía do Seixal.

Agora, a Câmara do Seixal conta ter prontos, até Setembro, três percursos pedestres, segundo revela Paula Magalhães, directora do Projecto de Valorização da Baía do Seixal.

Os percursos Ponta dos Corvos (com 7,5 quilómetros), Do Talaminho à Quinta da Princesa (com 2,5 quilómetros) e Seixal-Amora (7,5 quilómetros de passeio ribeirinho) "terão pontos específicos que chamam a atenção para as aves que podem ser observadas", explica ao PÚBLICO. Os percursos foram definidos com informação de um estudo de caracterização da baía, que começou em 2008 e terminará este ano, realizado pelo Centro de Oceanografia da Universidade de Lisboa e pela autarquia. "A recolha de dados permitiu contabilizar 64 espécies diferentes de aves e ainda não acabamos".

"O projecto vai permitir medidas de conservação. É uma questão de sabermos preservar recursos naturais em meio urbano", conclui.

Fonte: Publico.pt

Resíduos depositados ilegalmente junto ao limite do PNSAC, lá continuam

Os resíduos depositados ilegalmente no Covão do Coelho, concelho de Alcanena, ainda não foram removidos, apesar de já ter passado o prazo dado, em Novembro passado, pela Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Território, denunciou hoje a Quercus.

Há mais de quatro meses, a 15 de Outubro, a Quercus denunciou ao Ministério do Ambiente as descargas ilegais de resíduos naquele local, junto ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Trata-se de cinzas e escórias da queima de resíduos numa central térmica na Leirosa, Figueira da Foz.

A 4 de Novembro, a Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Território (IGAOT) intimou os responsáveis para que, no prazo de 60 dias, repusessem a situação, removendo os resíduos e encaminhando-os para um destino autorizado.

Hoje, a Quercus vem lembrar que os resíduos não chegaram a ser removidos, “continuando actualmente enterrados no local, conferindo uma situação de crime de desobediência”, escreve em comunicado. A associação sublinha que “desde o dia 4 de Novembro já passaram 117 dias (80 dias úteis) sobre a notificação da IGAOT a dar um prazo de 60 dias para a remoção dos resíduos em questão”.

A Quercus teme que “a situação retratada seja um sintoma revelador de uma má gestão generalizada dos resíduos industriais em Portugal, onde a gestão ilegal pode ser realizada impunemente”.

Hoje, a Quercus enviou um ofício à ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, a pedir informações sobre as questões que ficaram por responder num ofício enviado em Janeiro.

IGAOT justifica-se com providência cautelar

Contactada pela Agência Lusa, a IGAOT explicou que o mandado que emitiu foi objecto de uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, a qual requeria a suspensão das ordens relativas à cessação da recepção e deposição de quaisquer entulhos.

“Nos termos previstos no Código de Processo nos Tribunais Administrativos, a citação do requerimento de suspensão da eficácia de um acto administrativo impede a autoridade administrativa de iniciar ou prosseguir a sua execução”, explicou a IGAOT.

A mesma entidade acrescentou que será necessário aguardar pelo término do processo para que a IGAOT possa “equacionar as medidas mais adequadas” a aplicar, sendo que a oposição à providência cautelar “está já em curso”.

Fonte: Publico.pt

SPEA denuncia espantamento ilegal de Grous na Albufeira do Caia

A Albufeira do Caia tem sido alvo de acções ilegais de espantamento de Grous, uma ave ameaçada e emblemática da região alentejana, podendo o descontentamento de alguns agricultores por alegados prejuízos estar na origem destas acções, que têm que ser tratadas e fiscalizadas eficazmente.

O Grou, Grus grus, é uma espécie ameaçada e protegida por Lei. Entre Novembro e Fevereiro estas aves podem ser observadas alimentando-se nos campos de cereal e nos montados de azinho do Alentejo. Ocorrem num número reduzido de áreas, localizadas maioritariamente na Rede Natura 2000. A Albufeira do Caia, situada nos municípios de Elvas, Campo Maior e Arronches, é um local fundamental para a protecção do Grou no Alentejo. Esta albufeira alberga um dormitório de com quase 1000 destas aves.

A SPEA está muito preocupada com o crescimento de um sentimento contra o Grou no seio dos agricultores da região. Há proprietários que se queixam de prejuízos nas searas de trigo e na colheita de bolota de azinho. Este descontentamento atingiu neste Inverno um ponto crítico, verdadeiramente inaceitável. A SPEA sabe que têm havido acções de espantamento ilegais nas áreas de alimentação e de dormida. Neste Inverno os dormitórios na Albufeira do Caia foram continuadamente perturbados com tiros de caçadeira durante a noite, levando ao desaparecimento dos Grous no final do mês de Dezembro.

A SPEA apela aos agricultores para que não espantem os Grous. Este tipo de acção tem que ser devidamente autorizado pelo ICNB e apenas depois de esgotadas todas as alternativas de protecção dos cultivos e das aves. A SPEA lembra que a grande maioria dos agricultores destas áreas recebe o Regime de Pagamento Único, uma ajuda directa paga pela Política Agrícola Comum, que os obriga a cumprirem a Directiva Aves, no âmbito da qual o Grou é uma espécie estritamente protegida. Estes proprietários podem candidatar-se ainda a uma ajuda extra para Manutenção da Actividade Agrícola na Rede Natura 2000 (Medida 2.1.2 PRODER - Programa de Desenvolvimento Rural). Domingos Leitão, Coordenador do Programa Terrestre da SPEA, afirma que “o Grou e a Rede Natura 2000 deverão ser cada vez mais olhados pelos agricultores como um benefício e não como um problema”.

A SPEA sugere aos agricultores “afectados” que procedam a pequenos ajustes das suas práticas, de forma a evitar conflitos com os Grous. Pequenas alterações, como não lavrar e não queimar os restolhos de cereal, antecipar a data da sementeira, usar variedades de ciclo longo, etc. Este tipo de práticas estão a ser promovidas na Extremadura espanhola, de forma a reduzir os riscos para as searas. Nos casos em que estas medidas não resultam, o agricultor deve contactar o ICNB para que a sua situação seja avaliada. A SPEA espera que o ICNB investigue rigorosamente as queixas dos agricultores e que autorize os espantamentos só se houver um motivo para os mesmos, e apenas nas áreas de alimentação. Os espantamentos não poderão, sob qualquer pretexto, ser autorizados nos dormitórios.

 Domingos Leitão acrescenta que “é inacreditável que no Alentejo ocorram espantamentos de grous, quando deveríamos celebrar o espectáculo que estes visitantes alados nos proporcionam”. Aliás, é isso mesmo o que acontece na vizinha Extremadura (Espanha), onde os grous são promovidos como um espectáculo natural, que atrai visitantes de toda a Espanha e de todo o Mundo. No Alentejo faz muita falta a promoção turística das aves e da natureza. Para que sejam vistas como uma oportunidade de desenvolvimento local e uma atracção turística, em que o Alentejo pode ser líder.

SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Lista de ONGAs e Equiparadas inscritas no Registo Nacional das ONGA


Saiu no Diário da República, 2.ª série — N.º 38 — 24 de Fevereiro de 2010, a lista lista das Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) e Equiparadas inscritas no Registo Nacional das ONGA e Equiparadas até 31 de Dezembro de 2009.



Aviso n.º 3941/2010



Por despacho de 11 de Fevereiro de 2010 do Director-Geral da Agência Portuguesa do Ambiente, em cumprimento do disposto no n.º 4 do artigo 17.º da Lei n.º 35/98, de 18 de Julho, torna-se pública a lista das Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) e Equiparadas inscritas no Registo Nacional das ONGA e Equiparadas até 31 de Dezembro de 2009.

Nacionais

QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza

LPN - Liga para a Protecção da Natureza

GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente

Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta

AGROBIO - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica

Liga Portuguesa dos Direitos do Animal

AMIGOS DO MAR - Associação Cívica para a Defesa do Mar

Liga de Amigos de Conímbriga - LAC

CPADA - Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente

Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens - FAPAS

Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos - APAC

Regionais

ADEP - Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico e Cultural de Castelo de Paiva

Amigos da Serra da Estrela

Associação Ecológica Amigos dos Açores

Clube de Montanhismo da Arrábida

ALMARGEM - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental

Instituto Zoófilo Quinta Carbone

Comissão de Luta Anti-Poluição do Alviela (CLAPA)

Associação de Estudos do Alto Tejo - Núcleo Regional de Investigação Arqueológica

OIKOS - Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria

Centro de Estudos da Avifauna Ibérica - CEAI

Associação dos Ambientalistas da Bacia Hidrográfica do Rio Vouga - Água Triangular

Os Montanheiros - Sociedade de Exploração Espeleológica

Onda Verde - Associação Juvenil de Ambiente e Aventura

GÊ-QUESTA - Associação de Defesa do Ambiente

ONGA - TEJO

GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental

Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino - AEPGA

Locais

Associação Cultural Azurara da Beira - ACAB

Grupo de Amigos de Montemor-o-Novo

Associação p/ Estudo e Defesa Património Natural e Cultural do Concelho de Mértola - A.D.P.M.

Associação de Defesa do Paul de Tornada - PATO

COREMA - Associação de Defesa do Património

Associação de Protecção da Natureza do Concelho de Trancoso

Associação de Defesa do Património Arouquense

Associação de Defesa do Património de Sintra

Associação de Defesa da Praia da Madalena

Associação dos Amigos do Mindelo para a Defesa do Ambiente

Associação Protectora Amigos do Maçãs (APAM)

Centro de Arqueologia de Almada

Núcleo Cicloturista de Sesimbra - Associação de Defesa do Ambiente

Associação de Jovens Ambientalistas de Queluz - Grupo de Cicloturismo "Kid Carcaça"

Movimento Ecológico Baden Powel

Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal

Associação de Defesa do Ambiente do Lavradio

ALAMBI - Associação para o Estudo e Defesa do Ambiente do Concelho de Alenquer

URTIARDA - Clube de Ambiente e Património Arda e Urtigosa

A Nossa Terra - Associação Ambiental

ADAPTA - Associação para a Defesa do Ambiente e do Património na Região da Trofa

GRUPO FLAMINGO - Associação de Defesa do Ambiente

LASA - Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão

ADACE - Associação de Defesa do Ambiente de Cacia e Esgueira

Associação Florestal da Encosta da Serra da Estrela - URZE

NATURSOR - Associação Ambiental do Alto Alentejo

APASADO - Associação de Protecção Ambiental do Alto Tejo

Associação dos Amigos do Tejo

Associação de Desenvolvimento da Serra da Gardunha

Associação Cívica dos Moradores de Alfornelos

Erva Prata - Associação para a Valorização do Património Natural e Cultural das Arribas do Douro

VERTIGEM - Associação para a Promoção do Património

Sem Âmbito

NDMALO - Núcleo de Defesa do Meio Ambiente de Lordelo do Ouro

Sociedade Portuguesa de Espeleologia

APRH - Associação Portuguesa de Recursos Hídricos

Clube Bio-Ecológico "Amigos da Vida Selvagem"

Núcleos Urbanos de Pesquisa e Intervenção (URBE)

AZORICA - Associação de Defesa do Ambiente

A ROCHA - Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente - A ROCHA

GRUPO LOBO - Associação para a Conservação do Lobo e do seu Ecossistema

AESDA - Associação de Estudos Subterrâneos e Defesa do Ambiente

Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA)

APEMETA - Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais

PLANETA VERDE - Associação para a Protecção e Defesa da Floresta

Associação Bandeira Azul da Europa

Clube de Actividades de Ar Livre

Sociedade Portuguesa de Ecologia - SPECO

Senhores Bichinhos - Associação de Protecção aos Animais

MOLIMA - Movimento para a Defesa do Rio Lima

Projecto Palhota Viva - Associação de Defesa do Ambiente

Real 21 - Associação de Defesa do Rio Real

ADABATA - Associação para a Defesa do Ambiente no Baixo Tâmega

SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Grupo Ecológico de Cascais

CAMPO ABERTO - Associação de Defesa do Ambiente

TAGIS - Centro de Conservação das Borboletas de Portugal

SETA - Sociedade Portuguesa para o Desenvolvimento da Educação e do Turismo Ambientais

Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente

Felis Silvestris - Associação para a Conservação do Gato-Bravo

Equiparadas

Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC)

Corpo Nacional de Escutas (C.N.E.)

Associação dos Naturais de Águeda - ANATA

AFURNA - Associação dos Antigos Habitantes de Vilarinho da Furna

NUCEARTES - Núcleo de Estudos e Artes do Vale do Âncora

Liga dos Amigos dos Campos do Mondego - LACAM

Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza - APGVN

APEA - Associação Portuguesa de Engenheiros do Ambiente

Liga Portuguesa de Profilaxia Social

Associação de Moradores da Quinta da Carreira

ADEPA - Associação para a Defesa e Valorização do Património Cultural da Região de Alcobaça

Centro Português de Actividades Subaquáticas

Associação de Defesa da Ilha de Armona - LAIA

Olho Vivo - Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos

SIRGO - Associação Cultural e de Defesa do Património de Sendim

MARCA - Associação de Desenvolvimento Local de Montemor-o-Novo

Associação de Defesa do Património Cultural e Natural de Soure

FORESTIS - Associação Florestal de Portugal

Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro

ARMERIA - Movimento Ambientalista de Peniche

EURONATURA

AFLOPS - Associação de Produtores Florestais de Setúbal

AZIMUTE - Associação de Desportos de Aventura, Juventude e Ambiente

PALOMBAR - Associação de Proprietários de Pombais Tradicionais do Nordeste

VENTO NORTE - Associação de Defesa do Ambiente e Ocupação dos tempos Livres

TERRAS DENTRO - Associação para o Desenvolvimento Integrado de Micro-Regiões Rurais

Associação de Produtores Florestais da Beira Interior - AFLOBEI

AMBEX - Associação dos Moradores e Amigos das Freguesias de S. Francisco Xavier e Santa Maria de Belém

Associação dos Amigos da Penha (ADAPENHA)

ALDEIA - Acção, Liberdade, Desenvolvimento, Educação, Investigação, Ambiente

Transumância e Natureza - Associação

CEDRUS - Associação de Produtores Florestais de Viseu

APAMB - Associação Portuguesa de Inspecção e Prevenção Ambiental

AGRIARBOL - Associação dos Produtores Agro-Florestais da Terra Quente

Associação Internacional de Investigadores de Educação Ambiental

APAFDR - Associação Portuguesa de Agricultura, Floresta e Desenvolvimento Rural

Data: 18 de Fevereiro de 2010. - Fernanda da Piedade Martins Chilrito Mendes Bernardo, cargo: Directora do Departamento de Gestão de Recursos Humanos Financeiros e Patrimoniais.




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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Respostas da Ministra o Ambiente às perguntas do Grupo Parlamentar do PCP


Após solicitação da APGVN sobre a resposta do governo às perguntas efectuadas ontem pelo Grupo Parlamentar do PCP:


Excelentíssimo Senhor
Deputado da Nação
Doutor Miguel Tiago


Agradecemos todo o empenho e interesse pela Conservação da Natureza,
pela defesa do Ambiente e em particular pela profissão Vigilante da Natureza.
Solicitamos informações, se possível, sobre as perguntas que efectuou ontem
na Assembleia da República à Ministra do Ambiente, Ordenamento do Território e
Desenvolvimento Regional, e se obteve alguma resposta.
Estamos interessados
em divulgar essa informação no nosso blogue: http://apgvn.pt.vu/

Apresentamos a Vossa
Excelência, a expressão da nossa mais alta consideração.

A Direcção da
APGVN

Francisco Correia

Eis a resposta... com as respostas da Ministra do Ambiente:


Lisboa, 23 de Fevereiro de 2010

Exmos. Senhores da
Direcção da
Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza

O Grupo
Parlamentar do PCP colocou diversas questões sobre Conservação da Natureza à Sra
Ministra do Ambiente, em particular sobre a presença da autoridade do Estado no
território abrangido por áreas protegidas. Nesse sentido, colocou no centro da
sua intervenção três questões:

Haverá ou não revisão da carreira?
Haverá recrutamento de novos Vigilantes da Natureza?
Haverá investimento
nos meios e instrumentos de trabalho dos Vigilantes?
Terão os actuais
vigilantes acesso a fardamento adequado brevemente?

A Sra Ministra do
Ambiente acabou por tecer considerações gerais sobre os Vigilantes da Natureza
sem referir nunca a importância deste corpo na conservação da natureza. A única
resposta concreta que deu prendeu-se com o fardamento (que anunciou para breve)
e com a aquisição de viaturas (para as quais disse estarem disponíveis 406 000
euros para 2010).

Continuaremos a combater pelo respeito, valorização e
investimento na carreira do vigilante da natureza como eixo central da presença
do estado na conservação dos recursos naturais.

Com os melhores
cumprimentos,


Miguel Tiago
Deputado

Quercus denuncia abate de dezenas de sobreiros em Setúbal




Os troncos de sobreiros empilhados perto de Setúbal chamaram a atenção de vários particulares que se queixaram à Quercus. A associação denunciou hoje o abate de dezenas de árvores, situação que agrava a fragmentação dos montados às portas daquela cidade.

As árvores, de uma espécie protegida por Lei, foram abatidas para a construção de uma nova ligação rodoviária promovida pela Brisa, designada A12 Setúbal-Montijo, que visa criar uma nova via rápida entre a A12 e a EN10-8, na freguesia de S. Sebastião/Alto do Guerra. O abate aconteceu num local junto à circular externa a Setúbal, junto da estrada de Algeruz.

“Estranhei que as árvores não estivessem marcadas [para o abate] e que não existisse placa de identificação da obra”, comentou ao PÚBLICO Domingos Patacho, do Núcleo regional da Quercus do Ribatejo e Estremadura.

O abate terá sido autorizado em Outubro de 2009 pela Autoridade Florestal Nacional.

A Quercus não questiona a pertinência da obra. “O que denunciamos é a falta de informação sobre o que se está a passar no terreno. Temos recebido telefonemas de pessoas que moram nas proximidades ou que passaram pela estrada e viram os troncos empilhados. Além disso, este é mais um caso de abate de sobreiros numa zona que podia ter melhor qualidade de vida”, comentou.

Este abate de dezenas de sobreiros expõe o “deficiente planeamento do território onde se destroem inúmeras áreas verdes que poderiam ser incluídas num desenvolvimento urbano integrado”.

Em 2009 foram 1300 os sobreiros abatidos na região para o Projecto da Nova Setúbal.

Fonte: Publico.pt

Degelo no Alasca obriga habitantes de Newtok a construir nova aldeia



Os 350 habitantes esquimós de Newtok, no Alasca, estão a construir uma nova aldeia para viver porque o permafrost (solo permanentemente gelado) sobre o qual assenta Newtok está a derreter. Já há quem os considere os primeiros refugiados climáticos dos Estados Unidos.

Os habitantes de Newtok, nas margens do rio Ninglick, estão a construir uma nova aldeia, chamada Mertarvik, na ilha Nelson. Contam com a ajuda de militares no âmbito de um programa de treino do Departamento de Defesa norte-americano para a reconstrução em zonas de guerra no Afeganistão e Iraque.

Muitos habitantes esperam mudar-se já em 2012. “É um monte, com uma boa captação de água. É um local mesmo muito simpático e elevado”, comentou Stanley Tom, administrador do governo tribal de Newtok.

Newtok, a 805 quilómetros de Anchorage, é uma das 200 aldeias nativas que o Governo federal identificou como tendo graves problemas de erosão ou inundações, muitos ligados ao rápido aumento das temperaturas.

“Grande parte do território do Alasca tem permafrost com um importante teor em gelo”, explicou Gonçalo Vieira, cientista polar português que esteve na região há dois anos num congresso sobre o solo permanentemente gelado.

Além da dinâmica natural de fusão do permafrost, especialmente nas margens dos rios e no litoral, está registada “uma tendência para o aumento das temperaturas do solo. O solo sobre o qual estão instaladas localidades começa a fundir-se e a desagregar-se, ficando empapado”, acrescentou Gonçalo Vieira, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa.



Mas Newtok não é a única povoação na demanda por solo mais firme. Em quatro locais, incluindo Newtok, as condições tornaram-se tão perigosas que aldeias inteiras têm planos para mudarem de sítio. Em 2006, o Corpo Militar americano de Engenheiros estimou que aquelas aldeias tinham menos de dez anos até as casas serem destruídas.

Mas até ao ano passado, pouco ainda tinha sido realmente feito, à excepção de Newtok, de acordo com o Departamento de Auditorias do Governo (GAO, Government Accountability Office). Este departamento aponta as culpas aos elevados custos, 200 milhões de dólares (147, 2 milhões de euros) por aldeia, e à inexistência de agências governamentais que queiram assumir esta responsabilidade.

Para Newtok, o custo da mudança foi estimado, há vários anos, em 130 milhões de dólares (95,7 milhões de euros). Mas conseguiram reunir o dinheiro com o apoio de uma série de fontes, desde departamentos federais a pequenas organizações sem fins lucrativos do Alasca.
Fonte: Publico.pt

Guatemala, Guiana e Suriname ingressam em grupo de países com mais florestas


Guatemala, Guiana e Suriname ingressaram no grupo de nações com grandes áreas florestais, o denominado F-11, ao qual pertencem também países como o Brasil, Peru, Colômbia e Costa Rica.
A decisão de incluí-los no grupo foi aprovada na reunião ministerial de Países com Florestas Tropicais durante o congresso das Nações Unidas sobre Meio Ambiente realizado nesta semana em Nusa Dua, na ilha de Bali (Indonésia).

"A inclusão desses países representa um avanço no fortalecimento do F-11", declarou a vice-ministra do Meio Ambiente do Peru, Ana María González del Valle. Ela descartou a possibilidade de criar uma seção americana dentro deste grupo.

"Nosso objetivo é atuar como F-11. Ser um ponto de encontro para compartilhar problemas comuns e ser uma plataforma para levar ideias e soluções comuns às COP (reuniões da ONU sobre mudança climática)", disse González.

A associação, criada em setembro de 2007, procura a "gestão sustentável dos recursos florestais", nas palavras do ministro de Assuntos Exteriores indonésio, Marty Natalegawa, mas ainda está nos primeiros estágios de cooperação.

Um dos principais pontos da agenda desta reunião foi a implementação dos créditos Redd, um instrumento idealizado na Conferência de Bali de 2007 para que os países industrializados financiem a preservação de áreas verdes em nações em desenvolvimento.

"Nós oferecemos nossas florestas como escoadouros de carvão e, portanto, elas podem nos servir como forma de financiamento", explicou González del Valle.

O encontro serviu também para lançar um programa de trabalho e um plano estratégico comum para o biênio 2010-2011, que inclui projetos de controle de áreas de desmatamento e a gestão de planos de adaptação e redução dos danos causados nas florestas pela mudança climática, entre outros.

Estes são os integrantes do F-11: Brasil, Camarões, Colômbia, Congo, República Democrática do Congo, Costa Rica, Gabão, Indonésia, Malásia, Papua Nova Guiné, Peru e os novos membros Guatemala, Guiana e Suriname. (Fonte: Folha Online)

Grou-siberiano resgatado da extinção graças à cooperação entre países asiáticos


As Nações Unidas saudaram hoje a “excelente cooperação” entre a China, Rússia, Cazaquistão e o Irão, que deverá permitir salvar da extinção o grou-siberiano (Grus Leucogeranus), uma majestosa ave extremamente ameaçada.

“O futuro do grou-siberiano parece estar bem melhor graças aos esforços da China, do Irão, da Rússia e do Cazaquistão”, quatro países situados nas rotas de migração desta grande ave, declarou Claire Mirande, responsável pelo programa de conservação, apoiado pelo Global Environment Facility (GEF) e implementado pela Fundação Internacional para os Grous, através do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnua) em Nusa Dua, ilha indonésia de Bali.

De penas brancas e com 1,40 de altura, o grou-siberiano é considerado uma espécie Criticamente Ameaçada, com uma população estimada de três mil a 3500 indivíduos. Sete das 15 espécies de grous do planeta estavam ameaçadas de extinção na década de 1970.

Nas suas migrações anuais, esta ave percorre uma distância de cinco mil quilómetros desde os seus locais de nidificação no Norte da Sibéria em direcção ao Irão, ou ao Sul da China. Durante estas imensas viagens, os grous sobrevoam algumas das montanhas mais altas do planeta e alguns dos desertos mais secos.

Realizado pelo Pnua entre 2003 e 2009, o programa internacional permitiu “garantir a conservação e reabilitação de uma rede de 16 zonas húmidas, cerca de sete milhões de hectares [uma superfície semelhante à da Irlanda], em duas principais rotas de migração”, explicou Mirande. Grande parte destas zonas está ameaçada por fenómenos de seca.

Este programa, orçado em 46 milhões de dólares (cerca de 33,8 milhões de euros), vai ainda beneficiar outras espécies de aves aquáticas migradoras, como cegonhas, gansos, patos e garças, cujas populações estão em forte declínio na Ásia, informou o Pnua.

Este ano celebra-se o Ano Internacional da Biodiversidade e a história do projecto está contada num livro que o Pnua publicou hoje em Bali, “Safe Flyways for the Siberian Crane”.

“Este projecto salienta de que forma a conservação da biodiversidade e as preocupações humanas vão de mão dada, um pensamento chave para relembrar neste Ano da Biodiversidade”, comentou Achim Steiner, director-executivo do Pnua.


Fonte: Agencia France-Presse

Elevação do Tejo a Património da Humanidade debatida em conferência


Estudantes, cidadãos e especialistas de várias áreas científicas vão reunir-se amanhã no Mercado de Santa Clara, em Lisboa, numa conferência destinada a conhecer as potencialidades e vantagens da elevação do Tejo a Património da Humanidade da Unesco.

A iniciativa é promovida pela Escola Profissional Almirante Reis, perto da estação de Santa Apolónia, e pela Associação dos Amigos do Tejo, que está a trabalhar com a associação espanhola Tajo Sostenible num projecto de candidatura transnacional do rio a património mundial, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Segundo o director pedagógico da escola, Joffre Justino, à organização da conferência está subjacente o apoio à campanha, mas numa "lógica de aprendizagem, estudo e debate" que poderá depois resultar, com os alunos disponíveis, num conjunto de actividades de ajuda à concretização do projecto.

"Achámos que seria interessante para os alunos perceber a importância do Tejo enquanto património natural e histórico e enquanto elemento de mudança da própria sociedade, quer portuguesa quer espanhola - no fundo, o que podemos ganhar com a existência do Tejo", explicou.

Joffre Justino sublinhou que a sessão servirá para reforçar a política de ensino do estabelecimento, inserindo os alunos no "ambiente da vizinhança" e motivando-os a partir de experiências práticas.

A conferência, que decorre entre as 14h30 e as 17h30, conta com intervenções do biólogo António Antunes Dias (antigo director de parques naturais), o historiador e museólogo António Nabais, o almirante José Bastos Saldanha (presidente da direcção da Marinha do Tejo) e o presidente da Associação Amigos do Tejo, Carlos Salgado.

O público pode assistir ao encontro gratuitamente.

Tejo, um rio cheio de argumentos

Manuel Lima, biólogo que viveu sempre perto do Tejo e há décadas que o estuda, considera que o rio é extremamente rico em termos naturais e patrimoniais, tendo todas as condições para se candidatar a património mundial.

A ideia de apresentar à Unesco uma candidatura do rio Tejo a património mundial partiu da Associação dos Amigos do Tejo e da associação espanhola Tajo Sostenible.

Manuel Lima, autor de diversos livros sobre o Tejo, o seu estuário, fauna e flora, afirmou que o rio tem uma mão cheia de argumentos a seu favor. "É o maior rio da Península Ibérica, com cerca de 1070 quilómetros, é o maior estuário da Europa Ocidental e um dos dez maiores do mundo, e é riquíssimo em termos de património natural e cultural", enumerou. O biólogo sublinha que aqui se encontram "muitas espécies em vias de extinção, sobretudo no médio e alto Tejo, como a cegonha preta, o abutre negro, ou a águia imperial ibérica".

Manuel Lima considera que é aqui, na Baía do Seixal, que se situa uma das maiores riquezas ornitológicas do rio. "Passam por aqui sobretudo aves migratórias, que no Inverno chegam a números próximos dos 100 mil, como o alfaiate, que é símbolo da Reserva Natural do Estuário do Tejo, mas também pilritos, rolas-do-mar, pernas-vermelhas, pernas-verdes, pernas-longas, muitas espécies de patos". "Isto é um santuário para as aves, mesmo em termos internacionais. No caso do alfaiate, por exemplo, 60 por cento dos indivíduos da espécie a nível mundial encontra-se aqui no Inverno", acrescentou.

Embora reconheça que "este Tejo ainda não é aquele que todos desejam ter", o professor garante que "se percebe que tudo está, de alguma forma, a melhorar": "A evolução em termos de diminuição da poluição e de aumento da consciência ambiental é muito significativa", afirmou.

"A maior parte das autarquias ribeirinhas portuguesas, que são 28, bem como as espanholas, estão preocupados com a transformação do rio, depois da forte pressão das grandes indústrias que se instalaram à sua beira no século passado", acrescentou.

Manuel Lima lembra que "o surgimento de novas espécies no estuário" é a prova de que "o rio está no caminho certo para poder ser classificado como património mundial": "Ultimamente apareceram aqui colhereiros, muitos flamingos, gansos do Nilo... aves muito raras. E algumas espécies voltaram, como a corvina, o cherne, o choco".

Para o biólogo, a candidatura do Tejo a património mundial terá ainda a vantagem de sensibilizar e motivar a sociedade, as empresas e os governantes para a importância de respeitar o rio, preservá-lo e promovê-lo. "Ainda não perdi a esperança de ver os golfinhos de volta ao Tejo".


Fonte: LUSA