Durante quatro anos, o ornitólogo Hélder Costa observou 118 espécies de aves no sapal de Corroios, espaço que é uma espécie de oásis surpreendente de biodiversidade numa zona de crescimento urbano e industrial. A partir de Setembro, haverá três percursos pedestres para revelar este cantinho.
O caderno de campo de Hélder Costa, ornitólogo há mais de 20 anos, ficou cheio com as 118 espécies diferentes de aves que observou entre 2006 e 2009 na baía do Seixal. Esta enseada do rio Tejo funciona como abrigo e local de alimentação. Mas "não há muita informação sobre a zona", conta ao PÚBLICO.
O que mais o surpreendeu foi a "diversidade e quantidade de algumas aves". "Há espécies com exemplares muito interessantes, como a população invernante do maçarico-real e da gaivota-de-cabeça-preta", prossegue este antigo presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, que mensalmente fazia "observação em sete pontos fixos".
"O maior número de espécies ocorreu no período de migração pós-nupcial e no Inverno e o número máximo de aves atingiu as 8751, em Agosto de 2008", vinca.
Apesar de estar inserido num "espaço muito urbanizado", Costa salienta que esta zona "ainda tem um potencial tremendo para a observação". "Aqui é possível ver as aves de muito perto, [elas] estão já habituadas às pessoas", diz, lembrando o engarrafamento que, em 2007, parou a Marginal com as pessoas que vieram ver os flamingos na baía do Seixal.
Agora, a Câmara do Seixal conta ter prontos, até Setembro, três percursos pedestres, segundo revela Paula Magalhães, directora do Projecto de Valorização da Baía do Seixal.
Os percursos Ponta dos Corvos (com 7,5 quilómetros), Do Talaminho à Quinta da Princesa (com 2,5 quilómetros) e Seixal-Amora (7,5 quilómetros de passeio ribeirinho) "terão pontos específicos que chamam a atenção para as aves que podem ser observadas", explica ao PÚBLICO. Os percursos foram definidos com informação de um estudo de caracterização da baía, que começou em 2008 e terminará este ano, realizado pelo Centro de Oceanografia da Universidade de Lisboa e pela autarquia. "A recolha de dados permitiu contabilizar 64 espécies diferentes de aves e ainda não acabamos".
"O projecto vai permitir medidas de conservação. É uma questão de sabermos preservar recursos naturais em meio urbano", conclui.
Fonte: Publico.pt
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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