segunda-feira, 31 de maio de 2010

"Devia haver recompensas para quem produz floresta que captura CO2"


Como membro da União Europeia, Portugal vai dar o seu contributo na discussão em relação ao que deve ser feito nas florestas para se minimizarem os efeitos das alterações climáticas. O secretário de Estado das Florestas, Rui Barreiro, explica as ideias que o nosso país pretende para o Livro Verde e como gere o facto de ter 85% de área florestal privada.
O que é que a União Europeia pretende com o lançamento do Livro Verde?

O Livro Verde pretende suscitar uma discussão alargada na Europa sobre a importância socioeconómica que este sector tem em termos de emprego e, principalmente, no sequestro de carbono e mitigação das alterações climáticas. A União Europeia (UE) pretende saber os contributos, relacionados com a sustentabilidade e biodiversidade, que os Estados membros podem dar.

Portugal já tem uma estratégia?

Consideramos que as questões da biodiversidade estão bem asseguradas pela Rede Natura 2000. Que a floresta deve continuar a ser explorada como sequestrador de carbono, como mitigador das alte- rações climáticas, mas também como criadora de riqueza, com mais-valias económico-sociais. Acreditamos que na floresta mediterrânica há uma mais-valia no combate à desertificação e, portanto, deve haver uma aposta da Europa naquilo que são as espécies autóctones. Por outro lado, a certificação florestal é um aspecto essencial para a produção e uma aposta nossa.

O que vai ser feito em concreto sobre as alterações climáticas?

Nós hoje temos um mercado de carbono que funciona para os emissores. Não há nenhum mecanismo financeiro que valorize quem tem a floresta que sequestra carbono, libertando oxigénio. Devia haver um mercado de carbono para quem produz floresta, beneficiando os proprietários florestais pelo facto de estarem a produzir um bem público essencial, que neste momento contribui para a diminuição das emissões de dióxido de carbono, por um lado, e para a diminuição dos efeitos globais das alterações climáticas, por outro.

85 por cento da floresta nacional são privados. Como se gere esta questão?

Para se fazer a gestão foram criadas as zonas de intervenção florestal (ZIF), que permitem juntar áreas de grande dimensão para poderem ser geridas. Neste momento temos 112 ZIF constituídas, que representam mais de 500 mil hectares. Ainda é pouco para o que pretendemos mas, felizmente, começamos a ter maior consciência da parte dos proprietários florestais que são também produtores.

Como se formam e financiam as ZIF?

Formam-se de acordo com a vontade das associações de produtores florestais. Estas identificam os proprietários, estabelecem as áreas de gestão e fazem essa própria gestão, com técnicos que vão ao terreno, fazem limpeza, fazem a gestão da floresta, reproduzem e replicam os rendimentos dos produtores para os pequenos proprietários. O financiamento é do Estado, que já investiu 10 milhões de euros nas ZIF.

Fonte: Diário de Notícias

0 comentários:

Enviar um comentário