A ministra do Ambiente disse hoje que é necessário combater a extinção de espécies ao associar-se à ação de repovoamento no rio Alcabrichel, Torres Vedras, da Boga do Oeste que esteve a ser reproduzida em viveiros por estar ameaçada.
“Não podemos compactuar com situações que voltem a pôr em causa a presença do ruivaco [também conhecido por Boga do Oeste] nos rios do Oeste”, afirmou à agência Lusa a ministra do Ambiente, Dulce Pássaro.
A governante reconheceu que o modelo de desenvolvimento nacional “desajustado nos últimos anos levou a que esta espécie ficasse em estado crítico e em risco de extinção”, disse, sublinhando a necessidade de ter em conta a preservação das espécies nos atuais e futuros modelos de desenvolvimento.
O projeto de repovoamento da Boga do Oeste, com a intervenção da associação ambientalista Quercus, de privados e do Centro de Biociências do Instituto de Psicologia Aplicada (ISPA), foi iniciado há cerca de dois anos com a recolha de exemplares, a realização de ações de limpeza das margens do rio e com a reprodução em cativeiro da Boga do Oeste.
As margens do rio foram limpas e consolidadas e as canas substituídas por árvores características destas zonas ribeirinhas, como é o caso dos choupos, para permitir a circulação e uma maior oxigenação da água, combatendo assim a elevada mortandade dos peixes, causada não só pela poluição como também pela falta de limpeza.
A Boga do Oeste, considerada pelos cientistas como uma das cinco espécies em vias de extinção, esteve nos últimos dois anos a ser reproduzida na Estação Aquícola de Campelo (Figueiró dos Vinhos) do Centro de Biociências, tendo sido reproduzidos na ordem dos 200 a 600 dos 87 exemplares inicialmente recolhidos.
As condições foram criadas para permitir lançar agora ao rio meio milhar de peixes que vão começar a reproduzir-se e a fazer o repovoamento do rio.
A Boga do Oeste, que habita há cinco milhões de anos o rio Alcabrichel, um dos três rios portugueses onde a espécie está confinada, começou a desaparecer devido a problemas de poluição das águas, causada pela descarga de águas residuais sem tratamento.
Além disso, o escasso caudal de água nestes rios, durante o verão, cria problemas de sobrevivência para os próprios peixes.
Após este primeiro repovoamento, o projeto vai continuar com ações regulares de monitorização das águas para aferir o grau de reprodução ou de mortandade dos peixes, em função das condições naturais existentes.
Fonte: Lusa
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