quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Os heróis esquecidos, o meu MUITO OBRIGADO!



Há 20 anos os Vigilantes da Natureza na sua atuação de prevenção e vigilância a incêndios rurais, nas viaturas que possuíam “Kit de combate a incêndios” utilizavam um produto inovador a “calda retardante” que se juntava à água do depósito, o que permitia reduzir rapidamente os focos de incêndio, atingindo apressadamente a sua extinção, usavam também “extintores explosivos” que eram de extrema eficácia.
Nessa época evitaram muitos incêndios o que parece ter desagradado a muitos dos “decisores”, porque em muitos casos foi ordenada a retirada dos “Kits de combate a incêndios” das viaturas e desmanteladas as equipas de deteção e 1.ª Intervenção a incêndios rurais.
Porque é que se deixou de utilizar a calda retardante e os extintores explosivos que demonstraram ser eficazes?
Porque é que os meios aéreos deixaram de utilizar a calda retardante no combate aos incêndios?
Atualmente os Vigilantes da Natureza são colocados pela poderosa ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil) em local de pouquíssima importância para a salvaguarda dos valores naturais a proteger, nem sequer os considera como agentes de proteção civil.  Sem equipamento de proteção individual, maioritariamente com viaturas antiquíssimas, dignas de um museu do automóvel, sem viaturas devidamente equipadas, continuam teimosamente a desempenhar a sua missão.
Chamo a especial atenção para o facto de que os  Vigilantes da Natureza Estagiários ao desempenharem a sua missão de vigilância, ao detetarem um foco de incêndio, dão de imediato o alarme e  apesar de na DON (Diretiva Operacional Nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil)) não estar previsto a sua atuação em cenário de 1.ª intervenção, como é compreensível  atuam e dão o seu melhor na resolução do problema, colocando a sua vida em risco porque continuam sem formação para atuar em cenário de fogo e sem equipamento de proteção individual.
Outro aspeto que me tem chamado à atenção é que os diferentes canais televisivos aparentemente apenas estão autorizados a acompanhar os “Bombeiros” da força policial militarizada o que dá a falsa ideia de que os Bombeiros não estão no terreno e na frente do combate aos incêndios.
Os grandes especialistas que enchem horas intermináveis nos canais televisivos a debitar teorias sobre os incêndios rurais, não me enganei são incêndios rurais porque em Portugal existem apenas alguns núcleos de floresta, limitam-se a criticar a falta de prevenção e de limpeza dos terrenos, esquecendo a fiscalização e vigilância que é de responsabilidade da polícia militarizada.
Uns dias antes do incêndio que lavra em Monchique assisti num dos Telejornais a uma reportagem que evidenciava o estado de prontidão e eficácia da força policial militarizada na sua ação de vigilância e prevenção a incêndios rurais, se não estou enganado a notícia foi efetuada na Serra de Monchique.
Tenho um grande respeito pelo trabalho da força policial militarizada, e pelas outras também, mas a força policial militarizada foi criada para cumprir a sua missão, no âmbito dos sistemas nacionais de segurança e proteção, assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, bem como colaborar na execução da política de defesa nacional, nos termos da Constituição e da lei.
Os políticos que adoram o poder e que no fundo gostariam de lá se manter eternamente, sempre apoiaram a polícia militarizada como forma de garantir a sua continuidade, parece que os políticos têm um certo saudosismo do passado e querem que a sua força de “elite” domine todos os setores, desde o combate a incêndios, resgate e salvamento, mergulho, fiscalização da pesca, da caça parece que não gostam muito…, fiscalização ambiental (exceto às grandes industrias, não se pode desagradar aos poderosos), … enquanto demonstram a sua polivalência deixam ao abandono as populações rurais que são assaltadas e agredidas por bandidos sem escrúpulos.
Os verdadeiros heróis são aqueles que sempre estiveram ao lado das populações rurais na defesa das suas tradições, e sem meios, sem reconhecimento, continuam a dar o seu melhor no apoio às suas gentes.
Os heróis esquecidos são aqueles que dão sem nada pedirem em troca, são aqueles que sentem que a sua missão é servir as populações rurais, são aqueles que têm orgulho no desempenho das suas funções apesar de auferirem salários miseráveis, são aqueles que dedicam a sua vida à defesa da Natureza e do “mundo rural”.
Aos Vigilantes da Natureza e aos Guardas Florestais o meu MUITO OBRIGADO!

Francisco Correia

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