Portugal vai receber ainda este ano os primeiros linces ibéricos no Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro, que está pronto para inaugurar, revelou hoje a coordenadora do plano de acção para a conservação desta espécie, lançado há um ano.
"O trabalho nunca é muito grande no primeiro ano, mas conseguimos uma convergência de objectivos de todas as partes envolvidas", entre as quais responsáveis do ambiente, caçadores e produtores florestais, disse à Lusa Lurdes Carvalho, a propósito do primeiro ano de vigência do Plano de Acção para a Conservação do Lince Ibérico em Portugal, que se assinala sábado.
O centro de reprodução do lince construído em Silves "está pronto" e aguarda apenas a inauguração oficial, que deverá acontecer em breve, embora não haja ainda uma data, segundo aquela responsável.
Mas a chegada dos primeiros linces não é para já: "Falta ainda protocolar os detalhes" com Espanha, adiantou, explicando que o envio dos primeiros animais depende também da disponibilidade do centro de reprodução do lince de Donãna.
"Estou convicta de que até ao fim deste ano vamos receber os primeiros linces", afirmou Lurdes Carvalho, lembrando que o centro de Silves tem capacidade para receber 16 animais.
Quanto à libertação na natureza dos primeiros linces ibéricos, esta responsável explicou que esse passo vai demorar "pelo menos dois anos".
"Não se sabe quando isso vai acontecer, até porque é preciso assegurar uma taxa razoável de coelho bravo", a presa mais apreciada pelo lince ibérico, explicou.
A serra da Malcata e o sul de Portugal são duas regiões do país onde se pretende fomentar a reprodução do coelho bravo, entre outras medidas, para poderem acolher o lince em liberdade, mas no sul a situação é mais difícil por muitos dos terrenos serem de privados.
"Temos ainda de criar um entendimento sobre a gestão do matagal mediterrâneo [o habitat natural do lince ibérico], o que demorará algum tempo. Estão previstas também acções de sensibilização e trabalhos com os proprietários, agricultores ou gestores de caça", explicou Lurdes Carvalho.
O Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) está ainda a elaborar um manual de boas práticas para a gestão do matagal mediterrânico e prepara o lançamento de um site sobre o lince dirigido ao público em geral, com várias informações sobre a espécie e a sua situação na Península Ibérica.
O lince ibérico (Lynx pardinus) é considerado o felino mais ameaçado do mundo e, de acordo com o último censo nacional da espécie, está em fase de pré-extinção em Portugal, sendo que desde 2001 não se detectam vestígios de lince em território nacional.
O centro de recuperação do lince em Silves está fechado ao público, não tendo qualquer vertente pedagógica.
A construção do centro foi levada a cabo com fundos da Águas de Portugal do Algarve, como medida de compensação da Barragem de Odelouca, e com fundos comunitários.
Fonte: LUSA
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