segunda-feira, 30 de março de 2009

Foca-monge-do-mediterrâneo: A “Desertinha” deixou-nos!


A mais famosa fêmea de lobo-marinho da colónia existente na Madeira, da espécie Foca-monge-do-mediterrâneo (Monachus monachus), morreu pouco depois de ter sido resgatada.

A Desertinha, como era carinhosamente tratada pelos Vigilantes da Natureza, era a matriarca de uma pequena mas importante colónia de lobos-marinhos que existe na Região Autónoma da Madeira.

A sua espécie corre o risco de se extinguir, estando mesmo classificada em “Perigo Crítico” na Lista Vermelha da IUCN pois, para além desta, só existem pequenas colónias, na Costa do Saara Ocidental, no Norte de África, em Marrocos, Argélia e Tunísia e em mais alguns locais da Costa Mediterrânica europeia, nomeadamente na Grécia, costa continental e ilhas, num total estimado de cerca de 400 exemplares.

Esta espécie, outrora abundante no arquipélago madeirense, levou a que quando os Portugueses desembarcaram na ilha em 1419, comandados por João Gonçalves Zarco, tenham chamado Câmara de Lobos ao local onde agora existe a cidade com esse nome. Hoje não existem no arquipélago da Madeira mais de 35 animais, que podem ser encontrados nas ilhas desertas, e que representam quase 10% da população mundial da espécie.

A Desertinha foi o primeiro animal da sua espécie a ser observado e identificado pelos responsáveis pela monitorização da espécie no Parque Natural da Madeira (PNM).

Apareceu muito debilitada na Ilha da Madeira, tendo sido de imediato transportada para as instalações da Unidade de Reabilitação das Desertas, onde foi feito um grande esforço para a salvar, tendo-se inclusive recorrido a um veterinário holandês, do Centro de Reabilitação de Focas de Pieterburen, com muita experiência no tratamento e recuperação de focas, que se deslocou ao local, mas foi impossível salvar o animal.

A autópsia permitiu identificar a causa da morte, resultado de um conjunto de factores, como uma cardiomiopatia, uma broncopneumonia e uma gastroentrite.

A “Desertinha” desapareceu, mas deixa hoje uma colónia de leões-marinhos pela qual muito se temeu, em franca recuperação.

Em sinal de reconhecimento pela importância que teve para a colónia, a “Desertinha” vai ser embalsamada e posteriormente exposta num local público na Madeira, ainda não definido.

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