Os golfinhos do Estuário do Sado vão ser alvo de um plano de conservação que foi anunciado no dia 20 de Maio. Apesar da espécie Tursiops truncatus estar de boa saúde a nível mundial, a população que fez habitat no Sado conta só com 25 indivíduos.
O plano a lançar pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) vai ser publicado em livro e não promete inverter a situação, mas é a última oportunidade para a sobrevivência do roaz-corvineiro.
“Vamos tentar que não morra”, disse ao PÚBLICO Marina Sequeira. “Se possível, vamos fazer todos os esforços para travar o declínio”, sublinhou a bióloga, ligada à Reserva do Estuário do Tejo e que fará amanhã uma apresentação em Setúbal sobre o estado da espécie.
A diminuição da população do roaz acentuou-se durante a década de 80 quando a mortalidade infantil do cetáceo disparou e uma grande percentagem dos indivíduos apresentava extensas feridas no corpo que se pensa ter sido feitas devido à poluição. Hoje, o problema é menor, mas a população está envelhecida e continua a haver perda de indivíduos jovens – provavelmente por abandonarem o Estuário e irem integrar outras populações. Há testemunho de golfinhos das zonas costeiras que passam perto da foz, mas que se saiba nenhum ficou lá, o projecto quer alterar esta situação.
“Há quatro grandes objectivos no plano de acção”, explicou ao PÚBLICO João Carlos Farinha, director adjunto do departamento de gestão de áreas classificadas de zonas húmidas do ICNB, que iniciou este projecto. A monitorização da população, através do estudo das características fisiológicas, populacionais e genéticas – para compreender o grau de endemismo dos indivíduos –, a monitorização ambiental e do habitat, acção de educação da população e criação de um mecanismo para operacionalizar o plano. Um esforço importante é sensibilizar a Marina e o Porto para controlarem a forma como os barcos de recreio se comportam no rio. Mais de 30 entidades, tal como a Quercus e a LPN estão envolvidas na conservação do golfinho.
O projecto vai ser tutelado pela Secretaria de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar e pela Secretaria de Estado dos Transportes, adiantou ao PÚBLICO o secretário de Estado do Ambiente. Segundo Humberto Rosa, o espírito deste plano de conservação é semelhante ao do lince-ibérico. É uma aposta “cinzenta e com risco, mas achamos que vale a pena tentar.” Daqui a cinco anos, o tempo do projecto, ficamos a saber se deu resultado.
Fonte: Jornal O Público
0 comentários:
Enviar um comentário