Uma equipa de investigadores da Universidade do Algarve arranca em Janeiro com um projecto que visa estimar se a Ria Formosa consome ou produz mais carbono e de que forma as actividades humanas influenciam o metabolismo da ria.
A Ria Formosa - sistema lagunar que se estende ao longo de 60 quilómetros entre o Ancão e a Manta Rota -, é à partida um consumidor de dióxido de carbono (CO2), por ser dominada por plantas, que o consomem para a fotossíntese.
Contudo, a presença de animais (peixes e bactérias) e as actividades desenvolvidas pelo homem, como construções ou estabelecimento de viveiros, poderão contribuir para que a ria produza mais dióxido de carbono do que o que consome.
"A ideia é ver se a Ria Formosa se comporta como uma planta, consumindo mais CO2 do que aquele que produz ou, pelo contrário, como um animal", resumiu Rui Santos, coordenador do grupo Algae, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve.
De acordo com o investigador, o projecto é importante por permitir dar mais um passo no conhecimento dos efeitos da libertação de carbono na atmosfera, sobretudo pelo homem, e consequentes alterações climáticas.
"Vamos avaliar como é que a presença do homem afecta o metabolismo da ria", disse, lembrando que todas as actividades humanas que impliquem a destruição das comunidades vegetais têm efeitos nefastos no sistema.
Como exemplos, Rui Santos indica a construção de marinas, a instalação de viveiros de bivalves - feita normalmente nas zonas de ervas marinhas , e as alterações da qualidade das águas provocadas pelas descargas das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
Os investigadores vão usar dois métodos para medir a quantidade de carbono, nomeadamente, a análise das trocas efectuadas entre a ria e o oceano, a atmosfera e todo o CO2 que entra vindo das ETAR, ribeiras e linhas de água.
Por outro lado, vão analisar com mais detalhe cada componente biológica da ria (ervas marinhas, algas, sapal e viveiros, por exemplo) para quantificar quanto produzem e quanto consomem, fazendo depois uma estimativa global.
O projecto, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), arranca em Janeiro e deverá durar cerca de três anos, embora no decurso desse período já devam haver relatórios preliminares.
Fonte: Diário de Notícias
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
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