As alterações climáticas vão provocar "impactos profundos" nos habitats das aves, com o previsível aumento de temperaturas a "empurrar" mais para Norte as rotas migratórias e distribuição populacional de muitas espécies, alertou hoje um especialista.
"As alterações climáticas são um tema cada vez mais falado na opinião pública, bem conhecido da comunidade científica, que não tem andado a dormir, nomeadamente quem está ligado à conservação das aves", disse Luís Costa, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), na véspera do VI Congresso de Ornitologia, que decorre em Évora de sábado a terça-feira.
O director executivo da SPEA realçou à agência Lusa que, à semelhança de outros animais, também as aves vão sofrer "impactos profundos" devido ao aquecimento global, estando a investigação científica a estudar quais poderão ser esses efeitos.
"Muitas pessoas que trabalham na área da conservação de aves já estão a fazer modelos do clima esperado para o futuro, por exemplo para 2050, e a cruzar essas informações com as características das espécies", disse.
Desta forma, segundo Luís Costa, é possível "ver quais poderão ser os impactos" e "simular a diminuição populacional" das espécies, que se vão deslocar "cada vez mais para Norte", para "fugir" à subida das temperaturas.
No caso do Alentejo, indicou o director executivo da SPEA, "esses previsíveis aumentos de temperatura vão levar aves características da região, como o peneireiro-das-torres ou o abelharuco, a mudar as suas rotas migratórias e distribuição populacional".
"Mas esta tendência de várias espécies mudarem as suas migrações ou distribuição mais para Norte, devido às alterações climáticas, aplica-se a todo o país e à Península Ibérica", acrescentou.
O impacto das alterações climáticas na conservação das aves é um dos temas em debate em Elvas (Portalegre), a partir do próximo sábado e até terça-feira, num encontro que deve juntar "cerca de 300" cientistas ligados à conservação de aves.
O Centro de Negócios Transfronteiriços de Elvas vai acolher o VI Congresso de Ornitologia da SPEA e o IV Congresso Ibérico de Ornitologia, organizado por aquela associação portuguesa em parceria com a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO).
Em vésperas da conferência das Nações Unidas de Copenhaga (Dinamarca) - de segunda-feira até dia 18 - que visa estabelecer uma estratégia comum contra as alterações climáticas que suceda ao protocolo de Quioto (após 2012), Luís Costa destacou a importância de sensibilizar para os efeitos que se prevêem na conservação de aves.
"A SPEA, tal como organizações internacionais nesta área, têm trabalhado muito neste tema. O congresso é uma boa ocasião para o discutir e divulgar investigações mais recentes, ainda para mais em vésperas da conferência de Copenhaga", sublinhou.
Além das alterações climáticas, o evento vai ainda centrar atenções na relação da agricultura com a conservação das aves e da natureza e na importância de áreas marinhas protegidas para as aves, em que a SPEA e a SEO "lideram projectos pioneiros a nível europeu".
Fonte: LUSA
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
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