A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) criticou hoje a falta de «estratégia» na localização de parques eólicos em Portugal, que diz serem por vezes instalados em plenas «vias migratórias de aves».
"A SPEA é apoiante das energias alternativas, mas nem todos os parques eólicos estão a ser bem feitos em Portugal", argumentou hoje à agência Lusa o director executivo da SPEA, Luís Costa.
Segundo o mesmo responsável, que falava a propósito do congresso de ornitologia que arranca sábado em Elvas, a política energética nacional deve apostar nas fontes de energia alternativas, como a eólica, mas os conflitos que surgem no terreno devem merecer estudo mais cuidadoso.
"Os parques eólicos têm benefícios, mas surgem também conflitos, por exemplo quando são instalados em vias migratórias, o que pode prejudicar as aves. Muitos desses equipamentos são colocados sem estratégia, tanto no que toca ao vento, como à avifauna", frisou.
Como exemplo, o director executivo da SPEA aludiu à "zona do sudoeste alentejano e de Sagres (no Algarve)", onde se verifica a construção de "parques eólicos na via migratória de aves de rapina".
Luís Costa defendeu, por isso, que a definição ou aprovação da localização desse tipo de projectos deve ser antecedida pelo estudo estratégico dos possíveis impactos envolvidos, para garantir que são evitados ou minorados.
O impacto dos parques eólicos e das linhas eléctricas na conservação das aves é um dos muitos assuntos em debate, em Elvas, no VI Congresso de Ornitologia da SPEA e no IV Congresso Ibérico de Ornitologia, organizado em parceria com a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO).
O encontro decorre até terça-feira no Centro de Negócios Transfronteiriço, devendo juntar "cerca de 300" ornitólogos e cientistas ligados à conservação das aves, de Portugal e de Espanha.
"Há muita gente em Portugal a estudar aves. Já não existem as carências que tínhamos há alguns anos e, de três em três anos, aproveitamos o congresso para fazer um ponto da situação e divulgar os trabalhos de investigação mais recentes", disse Luís Costa.
O evento na cidade alentejana, situada na raia com a Extremadura espanhola, vai ser "o maior e mais ambicioso de sempre", garantiu o director executivo da SPEA, explicando que, ao longo de quatro dias, os participantes e o público têm à sua disposição várias propostas.
"Há um grande número de comunicações e saídas de campo para observação de aves (estas começam logo sexta-feira)", indicou, realçando ainda que a iniciativa inclui a I Feira Natureza Convida, de entrada livre.
Produtos tradicionais alentejanos, exposições de fotografia, ilustração e dos projectos desenvolvidos a nível ibérico no âmbito do estudo e conservação das aves selvagens, projecção de vídeos sobre a natureza e actividades para os mais pequenos são várias das atracções.
Fonte: Lusa Foto: Jiri Bohdal
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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