terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Observação da natureza e avifauna vai ter espaço inédito na lezíria de Vila Franca

Projecto de dois milhões de euros já está em obra e deve abrir ao público dentro de dois anos.

Numa zona com características únicas onde o rio Sorraia desagua no Tejo, paredes-meias com a Reserva Natural do Estuário do Tejo (RNET), vai nascer, dentro de dois anos, um complexo pioneiro vocacionado para a observação da natureza e da rica avifauna da região.

As obras do Espaço de Observação e Visitação de Aves, que começaram em Setembro, resultam de um investimento de dois milhões de euros, financiado pela Brisa e por fundos comunitários. O projecto envolve uma área de 70 hectares e parceiros como a Companhia das Lezírias, a Câmara de Vila Franca de Xira, a Associação de Beneficiários da Lezíria Grande, a Liga para a Protecção da Natureza, a Aquaves e o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade.

Criar um espaço com condições muito próprias para atrair visitantes e turistas europeus (um mercado que envolve mais de seis milhões de pessoas por ano na Europa), sobretudo britânicos, apaixonados pela observação de aves e, ao mesmo tempo, contribuir para a sua preservação e divulgação são os objectivos fundamentais do projecto. A iniciativa, liderada pela Companhia das Lezírias, proprietária do espaço situado na zona da Ponta de Erva, pretende atrair, de uma forma controlada, 30 mil a 50 mil visitantes por ano e contempla a criação de um centro de interpretação, auditório, ateliers e cafetaria.

A ideia começou por ser dinamizada pela Aquaves, mas nunca avançou por falta de financiamento. Segundo Rui Alves, da Companhia das Lezírias, só em 2007 foi garantido o financiamento desta primeira fase, assegurando a Brisa um apoio de um milhão de euros (50 por cento). Já em Janeiro, a candidatura a fundos comunitários foi aprovada, comparticipando com os restantes 50 por cento.

"Um dos objectivos fundamentais é criar condições de atracção da maior diversidade possível de aves e permitir que um número não alargado de pessoas possa observá-las sem perturbar essa tranquilidade. Ao mesmo tempo pretende-se criar condições para que possam ser desenvolvidos trabalhos científicos e para sensibilizar as pessoas para o papel que a Lezíria tem na conservação destas aves", vincou Rui Alves.

Actualmente decorrem os trabalhos de movimentação de terras, esperando-se que as lagoas fiquem concluídas até final de Janeiro. Em 2010 deverá arrancar também a obra de construção do centro de interpretação, a norte das lagoas, um edifício branco rectangular, desenhado de forma a que passe praticamente despercebido para as aves. No seu interior haverá também áreas de observação, exposições permanentes sobre a avifauna e a gestão da água na região, auditório e cafetaria. Prevê-se que o espaço de observação seja inaugurado no segundo semestre de 2011, para entrar em funcionamento pleno em 2012. Estuário atrai 207 espécies

Na Zona de Protecção Especial (ZPE) do estuário do Tejo, onde se insere a RNET, acorrem regularmente 207 espécies de aves, 34 das quais protegidas por directivas internacionais. Especialistas estimam que, só nos 14 mil hectares da reserva natural, acorram cerca de 100 mil aves.

Nos habitats que vão ser recriados no âmbito do projecto do espaço de observação espera-se que permaneçam regularmente 24 daquelas espécies protegidas. Segundo os promotores, na área da ZPE acorre mais de um por cento da população europeia de espécies raras como o alfaiate, o maçarico-de-bico-direito, a tarambola-cinzenta, o perna-vermelha-comum, o pato-trombeteiro, a marrequinha e o pilrito-comum. "Acredito que vai ser possível conseguir que algumas aves passem a nidificar ali e que espécies como o caimão e o maçarico-preto voltem a esta zona", sustenta Rui Alves, frisando que o melhor período para observação será entre Fevereiro e Outubro.

Fonte: Público.pt

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