quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Madeira: UNESCO avalia construção de teleférico polémico em zona protegida

A construção de um teleférico na zona protegida do Rabaçal está a ser avaliada directamente pela UNESCO, revelou o director regional do Ambiente, João Correia.

Segundo este responsável, o presidente da comissão nacional da UNESCO de Portugal, Fernando Guimarães, esteve terça-feira na Madeira numa visita rápida para avaliar o projecto do Governo Regional da Madeira para construir um teleférico e um centro de interpretação ambiental, na zona do Rabaçal, no concelho da Calheta.

O projecto tem sido fortemente criticado por algumas associações ambientalistas regionais, já que será instalado em plena floresta Laurissilva, declarada património da Humanidade 1999 pela UNESCO.

Depois da visita, teve lugar uma reunião alargada com ambientalistas da Quercus, da Associação de Amigos do Parque Ecológico e ainda o ex-director regional do ambiente, Domingos Abreu.

Raimundo Quintal, da Associação de Amigos do Parque Ecológico, foi particularmente crítico da postura do governo regional e considerou “estranho” o facto de a visita ter sido feita com apenas “parte dos interessados”, mas acredita na “imparcialidade das pessoas que vieram avaliar a situação”.

A responsável local pela Quercus, Idalina Perestrelo, também apelidou a visita de “pouco correcta”, reafirmando a decisão já anunciada de “estar contra a construção de um teleférico” naquele local.

O ex-director regional do ambiente e actual presidente da ordem dos biólogos, Domingos Abreu, está de acordo com a construção da obra, mas ressalvou que a vinda dos peritos se inseriu num objectivo maior.

A floresta Laurissilva, enquanto Património da Humanidade, tem dez anos e esse reconhecimento obriga a um conjunto de obrigações, como divulgar, gerir e promover de forma participada e interactiva esse mesmo património, “e isso obriga a avaliações pontuais”, afirmou.

“Neste caso da gestão do bem, podem observar-se alguns incumprimentos, e um deles é o de melhorar os mecanismos de informação, como a criação de um centro de interpretação e educação e o teleférico encontra-se neste requisito”, afirmou.

O director regional do Ambiente, João Correia rejeitou as críticas feitas pelos ambientalistas, salientando que a “deslocação ao local foi feita com o promotor da obra - a sociedade de desenvolvimento da Ponta Oeste - que é quem tinha de dar esclarecimentos sobre a obra”.

Fonte: Publico.pt   Foto: Marcial Fernandes

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