quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Palavras de Vigilante da Natureza: «Não trocava profissão por nada»

A jovem madeirense Márcia Bazenga é a única mulher no corpo dos Vigilantes da Natureza da Região Autónoma da Madeira, uma profissão "difícil" que desempenha há 17 anos, mas que "não troca por nada".
O corpo de Vigilantes da Natureza desta Região Autónoma é composto por 34 elementos e trabalha na conservação da biodiversidade do arquipélago em diferentes reservas, entre as quais a freira da Madeira e a colónia dos lobos-marinhos, nas ilhas Desertas e Selvagens.
Em declarações à agência Lusa, Márcia Bazenga garantiu que "faz todas as tarefas" como os seus colegas, embora de momento esteja a fazer um trabalho mais administrativo, sendo responsável pelos processos das contra-ordenações e pela logística no apoio às reservas naturais do arquipélago.
Isto porque: foi mãe, tem dois filhos pequenos, um com seis e outro com quatro anos, que precisam da sua atenção."Mas estou desejosa que eles cresçam mais um pedacinho para poder voltar às ilhas, porque sinto a falta e tenho saudades", sublinha. Recorda que entrou para este corpo de profissionais apenas por curiosidade em 1993, "logo no início" da constituição do corpo de vigilantes da natureza da Madeira, pensando que seria uma carreira temporária.
Contudo, Márcia mudou de opinião porque "se tornou aliciante", designadamente pelo facto de "ajudar cientistas nas investigações, sempre fazendo coisas novas", pelo que continuou e "não se imagina a fazer outra coisa".
Salienta que as competências "são iguais para todos" os vigilantes, independentemente do sexo, acrescentando que "quando são coisas de peso, o que não pode levar de uma vez leva em duas", sabendo que conta com o apoio dos colegas quando necessário.
"Mas consigo fazer as tarefas na mesma, incluindo as mais perigosas", sublinha Márcia Bazenga, adiantando que "já fez todo o tipo de coisas e que a diferença de sexo nunca a impediu de cumprir qualquer tarefa, desde andar de bote ou de mota a andar na montanha" e realça que "nunca recusou fazer nada por ser mulher".
Falando sobre a experiência de fazer comissões nas Selvagens e nas Desertas, isolada da civilização, Márcia Bazenga realça que aproveita o tempo disponível para "pôr a leitura em dia", mencionando que "as tarefas são interessantes e passam por ajudar nas investigações em curso"
Uma das coisas que lhe "custa" nesta profissão é ter de passar o Natal longe da família, vigiando as reservas. Recorda uma vez em que foi obrigada a permanecer nas Desertas no dia de Natal "porque as condições atmosféricas não permitiam que a equipa fosse rendida".
Não esquece também o "grande susto" que apanhou no dia em que estava na Selvagens Pequena com um colega e os caças da Força Aérea de Espanha sobrevoaram o ilhéu "num voo tão rasante que tiveram que se atirar para a areia".
Outro caso que a marcou foi o do afundamento de um barco de pesca. Quando chegaram ao local, os pescadores saltaram todos para o bote dos vigilantes, de forma que o iam afundando.
O director do Parque Natural da Madeira, Paulo Oliveira, elogia o trabalho desenvolvido por Márcia Bazenga, destacando que, "como no caso dos anjos", não existe a diferença de sexo no corpo dos vigilantes da natureza.
Por seu turno, o responsável da Associação dos Vigilantes da Natureza, João Paulo Mendes, considera Márcia Bazenga um exemplo e lamenta que não existam mais mulheres neste corpo, apesar da dureza do trabalho.

Fonte: Jornal da Madeira / LUSA

2 comentários:

  • Este é mais um exemplo que nos enche de orgulho, ser Vigilante da Natureza extravasa o sentido de gostar da profissão, vai muito mais além, é algo que faz parte de nós, faz parte da nossa vida. Não se consegue deixar de ser Vigilante da Natureza, não se consegue abandonar algo que amamos, apesar da dureza, dos riscos e da indiferença que grande parte da sociedade tem perante uma profissão que não conhece. Fazer parte desta família que está espalhada por todo o planeta é um motivo de grande orgulho!

    Francisco Correia

    19 de fevereiro de 2010 às 11:34

  • O que é preciso para ser guarda da natureza? Como fizeste? existe algum site para se inscrever? o meu email é ivo.matos-sapo@hotmail.com

    24 de janeiro de 2012 às 13:19

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