A Associação de Municípios do Alto Tâmega (AMAT) solicitou hoje uma audiência com carácter de urgência à ministra do Ambiente a fim de alertar para os “graves problemas” decorrentes da construção de quatro barragens, disse o autarca de Vila Pouca de Aguiar.
Domingos Dias é presidente em Vila Pouca de Aguiar, um dos concelhos mais afectados pela cascata do Alto Tâmega, já que vai ser atingido pela albufeira de três das quatro barragens previstas.
A “cascata” do Alto Tâmega, adjudicada à espanhola Iberdrola, prevê a construção de quatro barragens: a do Alto Tâmega, em Vidago, e Daivões (ambas no rio Tâmega) e Gouvães e Padroselos (afluentes).
Especialistas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) apresentaram ontem aos seis autarcas da AMAT - que junta as câmaras de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar - as suas conclusões sobre o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) das barragens do Alto Tâmega.
Os autarcas não gostaram do que ouviram porque, segundo Domingos Dias, são apontadas algumas lacunas e, por isso mesmo, querem ser recebidos pela ministra do Ambiente, a quem solicitaram ontem uma audiência com carácter de urgência.
“O objectivo é, em conjunto, analisarmos os pormenores do EIA. Debatermos o efeito das barragens na qualidade da água, na fauna ou na flora, nomeadamente no que diz respeito ao lobo ibérico, à lontra ou toupeira de água, ou até nas alterações climáticas que poderão ocorrer”, salientou.
O autarca referiu ainda que a Iberdrola fez o EIA individualmente para cada barragem, mas considera que os impactos têm que ser analisados no seu conjunto.
Domingos Dias afirmou ainda que os concelhos só vão beneficiar com as barragens durante o período de construção, devido à movimentação que vão criar os cerca de 3500 trabalhadores previstos. “Quanto ao que vem a seguir está tudo muito nebuloso e no ar. Essa parte tem que ser devidamente esclarecida”, referiu. O autarca vai mais longe e diz que não antevê mais valias, pelo menos “para as gerações futuras”.
No decorrer da elaboração do EIA destes empreendimentos foi descoberta uma importante população de bivalves com elevado estatuto conservacionista no rio Beça. Em sequência destes “fortes constrangimentos de ordem ambiental” na área de implantação da albufeira de Padroselos, o EIA revela um “possível cenário alternativo do projecto”, que passa pela exclusão desta barragem aumentando a potência prevista para Gouvães. Se for aumentada a cota em Gouvães, segundo o autarca, serão aumentados ainda mais os problemas para Vila Pouca de Aguiar.
Além da eliminação de grande parte dos terrenos agrícolas das localidades de Carrazedo do Alvão e Gouvães, Domingos Dias defende que é preciso fazer uma avaliação de solos e de contaminação de águas e saber em que estado ficará a Rede Natura.
O EIA vai estar em discussão pública até 14 de Abril.
Fonte: Publico.pt
quinta-feira, 4 de março de 2010
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