Insectos usam as duas antenas para cheirar em estéreo.
Vêem, mas acima de tudo cheiram. E por causa disso conseguem produzir um sofisticado mapa de odores do local onde se encontram para regressarem direitinhas ao ninho. Se assim não fosse, as formigas do deserto da espécie Cataglyphis fortis perder-se-iam irremediavelmente.
A descoberta é de uma equipa de investigadores do Instituto Max Planck em Jena, na Alemanha, que estudou e treinou formigas daquela espécie no deserto da Tunísia para perceber a sua estratégia de orientação naquela paisagem desolada. O artigo foi publicado na Frontiers in Zoology.
Markus Knaden, Kathrin Steck e Bill Hansson seguiram a pista das formigas no deserto e verificaram que elas saem todos os dias do ninho para procurar alimento. Afastam-se no máximo cerca de cem metros e quando encontram o que querem regressam imediatamente a casa.
Os investigadores identificaram por cromatografia as assinaturas químicas dos odores que as formigas utilizam para se orientarem de regresso ao ninho, através do deserto - cada micro-habitat tem uma assinatura específica que as formigas conseguem reconhecer.
Em seguida, a equipa treinou formigas para estas reconhecerem odores associados à entrada do seus ninhos e fizeram experiências para testar a sua capacidade de reconhecimento daqueles odores específicos, no meio de outros, colocando-as em lugares desconhecidos para elas. E as formigas foram direitinhas ao local com o odor ao qual tinha sido associado o seu ninho durante a fase de aprendizagem.
"Conseguiram aprender a reconhecer os odores e a orientar-se no terreno", explicou o cientista Markus Knaden, citado pela BBC News.
O segredo das formigas é que elas reconhecem os cheiros com as duas antenas e não com uma apenas. Ou seja, elas cheiram em estéreo, como acontece também com os ratos.
Para Markus Knaden, é uma estratégia de sobrevivência numa região extrema. "O deserto hostil parece exigir uma capacidade de orientação que combine qualquer pista disponível", afirmou à BBC News. A equipa quer estudar a seguir a relação entre o odor e a visão no contexto desta estratégia.
Fonte: Diário de Notícias
terça-feira, 2 de março de 2010
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