quinta-feira, 22 de abril de 2010

Conservação: quatro casos de sucesso e quatro casos de fracasso

Quatro casos de sucesso

Na história da conservação da natureza em Portugal há histórias que simbolizam o sucesso na recuperação ou preservação de espécies e habitats. Estas são apenas algumas delas.

Pássaro dos Açores vai sair da extinção

No coração da floresta sempre verde da ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, há pelo menos uma ave feliz. O priôlo (Pyrrhula murina), uma das aves mais ameaçadas da Europa, está prestes a sair da categoria de “criticamente em perigo” de extinção. A União Mundial de Conservação (UICN) prepara-se para a promover em Maio, fazendo entrar a pequena ave na lista das espécies “em perigo”, revelou Luís Costa, director executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

No início deste século, a população mundial do priôlo estava reduzida a um grupo de entre 120 e 140 indivíduos, concentrada num cantinho montanhoso da ilha, nos concelhos do Nordeste e da Povoação. A ave, com 30 gramas e cerca de 16 centímetros de comprimento, estava a desaparecer devido à falta de alimento. A justificação estava no “recuo da floresta laurissilva e da proliferação das espécies exóticas”, explicou.

Hoje estima-se que a população de priôlo esteja algures entre os 500 e os 800 casais.

Mas as boas notícias não são fruto do acaso. De 2003 a 2008, a SPEA conseguiu recuperar 230 hectares de floresta nativa, através do corte e do controlo da vegetação exótica e da plantação de espécies autóctones. Tudo aconteceu no âmbito do projecto europeu LIFE "Recuperação do habitat do priôlo na zona de protecção especial Pico da Vara/Ribeira do Guilherme".

“As condições de trabalho não foram as melhores por causa dos declives daquela região montanhosa”, contou Luís Costa. Apesar disso, o esforço de recuperação daquela fl oresta ainda não terminou. Em 2009 arrancou um outro projecto, "Laurissilva Sustentável", através do qual a SPEA pretende recuperar mais 120 hectares. Para isso, está já a funcionar uma estufa e um viveiro para produzir plantas nativas da ilha. “Hoje temos 19 mil plantas”, disse Luís Costa. “O nosso objectivo é chegar a 2019 com mil casais de priôlo”, num total de 350 hectares de fl oresta recuperados.

O esforço – que também envolveu a Secretaria Regional do Ambiente, a Direcção Regional dos Recursos Florestais, as câmaras do Nordeste e de Povoação e a Universidade dos Açores – já foi distinguido como uma referência na Europa. Este mês, a plataforma Birdlife International citou-o como um dos cinco melhores projectos da União Europeia.

O regresso do falcão ao Alentejo

A pouco e pouco, o território do peneireiro-das-torres (Falco naumanni), o falcão mais pequeno de Portugal, espalha-se pelas planícies do Alentejo. Mais do que uma conquista, é o regresso da espécie a locais que foi obrigada a abandonar.

No final do século XX, a espécie estava a regredir, à medida que desapareciam as suas áreas de alimento nos campos de cereais. A agricultura de sequeiro era substituída pela de regadio e as searas por olival e vinha. ~

“Esta espécie depende de um habitat agrícola específi co, com cereal de sequeiro com pastagens, onde está o seu alimento”, explica Rita Alcazar, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) em Castro Verde.

Há cerca de 20 anos que a LPN está presente nas planícies de Castro Verde com projectos agro-ambientais para recuperar o habitat de várias espécies de aves, uma das quais o peneireiro-das-torres. Rita Alcazar recorda o desaparecimento da colónia de 80 casais que existia no Castelo de Castro Marim.

“Temos recuperado várias colónias, estabelecendo protocolos de colaboração com proprietários para recuperar paredes de montes onde as aves pudessem nidifi car”, explicou. Foram instaladas caixas-ninho e erguidas torres de nidifi cação ou muros altos cheios de cavidades para as aves fazerem ninhos. Ao todo, a LPN já disponibilizou mais de 800 novos locais de nidifi cação.

“Resultou muito bem e a espécie conseguiu aumentar rapidamente nas colónias antigas e colonizar os novos locais.” Em menos de dez anos a população triplicou. Na década de 90 existiam 150 casais e em 2006, data do último censo, eram já 450. Para dar nova ajuda, a liga tem a funcionar em Évora um centro de reprodução que ajuda as aves feridas ou as crias que caem dos ninhos.

Como prova do sucesso conservacionista, o programa LIFE 2002 a 2006 Peneireiro das Torres foi premiado pela Comissão Europeia em 2009 como um dos melhores 26 projectos para conservação das espécies.

Não significa que os bons resultados na conservação desta espécie, classificada como Vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, se traduza num baixar de braços. Na calha estão já outros projectos, nomeadamente a construção de uma nova estrutura para nidificação no Vale do Guadiana e um esforço de reintrodução da espécie em Évora.

Foca-monge à conquista da Madeira

Os esforços para recuperar a população de lobo-marinho (Monachus monachus) da Madeira têm 22 anos. “Quando começámos a trabalhar, em 1988, existiam apenas entre seis e oito animais nas ilhas Desertas”, recordou Rosa Pires, do Parque Natural da Madeira.

A espécie, actualmente classificada como Criticamente em Perigo no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, ficou reduzida a uma população extremamente pequena: primeiro, por causa da caça para fi ns comerciais e, depois, devido à actividade pesqueira. Os lobos-marinhos, também conhecidos por focas-monge, acabavam presos nas artes de pesca, principalmente nas redes de emalhar, ou eram capturados ilegalmente. Em meados do século passado, agudizou-se o conflito entre o lobo-marinho e os pescadores, dado que ambos se batiam pelo peixe nos mares da Madeira.

As ameaças fizeram dela a foca mais rara do mundo e uma das espécies mais ameaçadas de extinção. Hoje a população do arquipélago da Madeira está estimada entre 30 e 40 animais e a sua área de distribuição deixou de ser exclusiva das Desertas e foi alargada à ilha da Madeira, com registos da sua presença desde 1997. Em 2000, este passou a ser um local de residência. “Antes só havia lobos-marinhos nas ilhas Desertas e agora estão em qualquer sítio da Madeira.”

É um facto que esta população ainda é demasiado pequena para deixar de causar preocupação, mas pode dizer-se que está em crescimento. Apesar disso, no ano passado só foi detectada uma cria, “o que não quer dizer que não tenham nascido mais”, disse Rosa Pires, explicando que 2009 foi um mau ano a nível de agitação marítima. “Não conseguimos muitos postos de observação.”

Um dos marcos nesta história de conservação é a criação da Reserva Natural das Ilhas Desertas, em 1990, cujo principal objectivo foi a protecção do lobo-marinho.

Além da monitorização contínua dos animais e da protecção do seu habitat, grande parte do esforço concentrou-se na sensibilização dos pescadores e da população em geral. “O nosso trabalho leva sempre em consideração a população madeirense, especialmente os pescadores”, explicou Rosa Pires, salientando a importância de não ignorar as suas condições socioeconómicas. “Estamos numa fase em que não podemos só criar reservas e legislação. Porque os animais não ficam confi nados a espaços.”

Laboratório de excelência no Porto

Os cientistas estão no centro da equação quando se fala de conservação da natureza. Em Portugal, há um laboratório que dá cartas dentro e fora de fronteiras.

O Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio) recebeu, a 16 de Dezembro de 2008, a classificação de Excelente na última avaliação conduzida pelo painel internacional da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Foi o único centro na área da biodiversidade a receber essa distinção.

Criado em 2002, o Cibio começou a trabalhar com dez pessoas com o objectivo de aplicar a investigação à conservação. “Hoje são 70 doutorados e mais de 200 investigadores”, contou Nuno Ferrand Almeida, biólogo e coordenador científi co daquele centro, a funcionar na Universidade do Porto. O laboratório reúne investigadores das áreas da genética molecular e populacional, biologia populacional, taxonomia, ecologia, conservação e gestão dos ecossistemas e da paisagem. Do total dos investigadores, 20 por cento “não são portugueses, são de toda a Europa, Estados Unidos, China, Rússia, entre outros países”.

Actualmente, este centro de investigação tem pólos na Universidade dos Açores, na Universidade de Évora e no Instituto de Investigação Científica e Tropical, em Lisboa.

Segundo Nuno Ferrand Almeida, o centro funciona com base em três componentes da biodiversidade: diversidade genética das populações, distribuição das espécies e ecossistemas e, por fim, os recursos genéticos e a domesticação. Estas três vertentes são trabalhadas por 12 grupos de investigação. “Já há propostas para criação de mais dois grupos de trabalho que poderão avançar este ano”, adiantou.

Actualmente, o Cibio tem investigadores espalhados pelos quatro cantos do planeta, especialmente no Norte de África, em países como Tunísia, Mauritânia, Líbia e Marrocos. Ferrand Almeida explicou que colabora com as instituições responsáveis pelos parques naturais desses países para aconselhar na gestão das espécies.

O coordenador salienta o trabalho no âmbito da biologia do coelho, procurando saber, por exemplo, como se transformou a espécie selvagem em doméstica e tentando descobrir formas para fazer frente às doenças virais que ameaçam as populações.



Quatro casos de fracasso

Na história da conservação da natureza há histórias que simbolizam um fracasso na tentativa de preservar espécies ou habitats. Estas são apenas algumas delas.

Mimosa, a árvore fora de controlo

As florestas portuguesas já não conseguem esconder as flores amarelas da mimosa. Esta árvore, originária do Sul da Austrália e da Tasmânia, está hoje espalhada por todo o país de forma descontrolada. Tanto assim é que a Acacia dealbata ganhou o estatuto legal de espécie invasora. A Universidade de Coimbra (UC) acredita que talvez seja a mais agressiva em solo de Portugal Continental.

Tudo começou quando quisemos trazer esta árvore para fins ornamentais e para fixar os solos. Hoje é uma verdadeira dor de cabeça para associações fl orestais, municípios, empresas e particulares. E não é por desfear a paisagem. Elisabete Marchante, especialista em plantas exóticas e invasoras na UC, explica que a espécie, em povoamentos muito densos, “compete com as plantas nativas pelos recursos”, nomeadamente pela água, e “altera o funcionamento do solo”. Uma má notícia para as espécies autóctones, “que se adaptaram a características do ecossistema”.

Há vários anos que um pouco por todo o país se tenta controlar o avanço da mimosa. O método utilizado tem sido o corte da árvore. Mas sem grandes casos de sucesso para contar. Elisabete Marchante, investigadora do Centro de Ecologia Funcional daquela universidade, acredita que há coisas a melhorar. “A bem da eficácia, seria necessário aplicar sempre um herbicida para matar a raiz, o mais rapidamente possível a seguir ao corte da árvore. Mas nem sempre isso é feito.”

Mas mais grave é a falta de um controlo de continuidade. “Tentar controlar uma mancha de mimosas requer um acompanhamento que pode durar vários anos. Deve voltar-se várias vezes para controlar a germinação, que nunca deve ser uma operação a curto prazo.” De facto, esta árvore rebenta vigorosamente após o corte e “estes métodos nunca garantem que a mimosa não volte a germinar”. A missão torna-se quase impossível quando a mancha é de grande dimensão.

Os vários tipos de controlo de exóticas invasoras estão descritos na legislação desde 1999. Mas trata-se “apenas de linhas gerais, nada dedicado a cada espécie”. As pessoas foram tomando consciência de que esta bonita árvore é também perigosa: “Há casos de sucesso em que as pessoas se têm esforçado por não abandonar o controlo. Mas ainda há muito trabalho a fazer.”

Os últimos airos das Berlengas

As falésias rochosas das ilhas Berlengas, que albergam a única colónia do país de airos (Uria aalge), assistem ao desaparecimento desta ave marinha. Em 1995 restavam apenas 34 indivíduos de uma população que chegou a ter seis mil casais no início do século XX. Hoje, são avistadas “apenas oito a dez aves, que não se sabe ao certo se nidificam nas Berlengas”, contou Pedro Geraldes, especialista em aves marinhas da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Escolhida como símbolo da Reserva Natural das Berlengas, esta espécie tem sofrido uma regressão drástica e hoje está classifi cada como Criticamente em Perigo pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Este estatuto tem poucas hipóteses de vir a mudar nos próximos tempos e o arquipélago, que representa o limite a sul da distribuição da espécie na Europa, poderá deixar de o ser.

Nem mesmo a criação da reserva das Berlengas, em 1981, conseguiu travar o seu declínio, cujas causas ainda não estão preto no branco. “Existem várias possibilidades, como as artes de pesca (principalmente a rede de emalhar), o aquecimento global, a diminuição dos stocks piscícolas e a pressão das gaivotas. Mas o problema é que ainda não se conseguiu defi nir a causa principal”, disse o biólogo.

Fazendo lembrar um pequeno pinguim, o airo passa a maior parte do tempo na superfície da água, de onde mergulha em busca das suas presas. Esta situação acaba por tornar a ave particularmente susceptível às redes de pesca.

E os seus “vizinhos” nas Berlengas também não ajudam, especialmente a gaivota-depatas- amarelas (Larus cachinnans), que compete com o airo nas pescarias e pode mesmo ser um predador dos juvenis. Em meados dos anos 90, a Operação Larus tentou reduzir a população das gaivotas, mas sem sucesso duradouro. “Com tantas gaivotas na ilha, não há grandes condições para o airo. Nunca houve regras para o proteger, nem um esforço directo. Nem sequer se tentou, assumiu-se logo o declínio.”

Hoje não se sabe se esta colónia terá possibilidades de algum dia vir a recuperar. “Quando uma população atinge um nível muito baixo de indivíduos deixa de ser viável, tornando-se muito sensível à predação.”

Lagoas temporárias em silêncio

Se a biodiversidade que passa despercebida aos nossos olhos tivesse um símbolo, as lagoas temporárias seriam um bom candidato. Estes corpos de água de pequena dimensão estão dispersos por campos agrícolas ou bosques um pouco por todo o país. A sua principal característica é encherem-se no período das chuvas e secarem no Verão. No entanto, esta inconstância não impediu a União Europeia de considerá-las um dos habitats prioritários para a conservação da natureza. Nelas vivem espécies de plantas e de animais especializadas, muitas delas raras e do tempo dos dinossauros. Como o pequeno crustáceo Triops cancriformis – cujos ovos podem permanecer “adormecidos” nos sedimentos secos das lagoas durante anos – ou o camarão-fada. Este animal existe apenas numa lagoa em todo o Reino Unido. Ambas as espécies, com as suas formas, fazem lembrar os seres descobertos nas profundezas dos oceanos, raramente vistos e conhecidos. É um pequeno mundo de invertebrados, mas também de sapos, rãs e tritões, que apenas sobrevive porque estas lagoas não têm predadores, neste caso, peixes. E não têm peixes porque secam no Verão.

Mas os últimos 20 anos não têm sido favoráveis às lagoas temporárias. Segundo Pedro Beja, biólogo do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), são habitats que “passam por um processo de destruição muito rápido”, sendo drenadas e terraplenadas, principalmente por causa da intensificação da agricultura e das construções urbanas. “Estão a desaparecer pouco a pouco e sem ninguém dar por isso.”

As lagoas temporárias mais bem estudadas estão no litoral alentejano. Em 1991, o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina fez um primeiro inventário. Foram encontradas, com a ajuda de fotografi a aérea, 295 lagoas. “Em 2009 voltámos aos mesmos locais. O que lhes aconteceu foi catastrófi co”, comentou. Desapareceram 45 por cento. E Pedro Beja pormenoriza: a taxa de desaparecimento fora do parque natural foi de 16 por cento; dentro da área protegida foi de 47. “O estudo mostrou que nem por estarem em parques naturais são protegidas. São um habitat que sofre com um fracasso das estratégias de conservação”. Esta história “ilustra a perda, quase sem se dar por isso, de uma biodiversidade que estava em todo o lado”.

O adeus à águia-pesqueira

O século XX traçou uma rota de declínio para a águia-pesqueira (Pandion haliaetus) em Portugal. Foi um caminho sempre descendente que terminou em 1997 com a morte da última fêmea, enrolada numa rede de pesca.

A espécie chegou a nidifi car desde a costa rochosa da Estremadura (possivelmente Pinhal de Leiria) até à costa sul algarvia (zona de Albufeira). O declínio começou no início do século XX, marcado pela campanha do Estado contra os animais tidos como nocivos, de 1938 a 1967. A águia-pesqueira estava na lista dos animais a abater. Mas depressa se percebeu que a espécie estava a desaparecer do país. Nos anos 70 existiam três casais a nidifi car e em 1992 apenas um. Em 1997, o biólogo Pedro Beja, então no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, recuperou o corpo da última fêmea, morta, num ninho das falésias, com a ajuda de um helicóptero da Marinha. O macho acabou por desaparecer em 2002.

Apesar da espécie ter beneficiado da criação do Parque Natural do Sudoeste Alentejano em 1995, “nunca houve um projecto de recuperação activa” da espécie. A primeira tentativa só começou em 1997, “quando se avaliaram as condições para uma possível reintrodução da águiapesqueira”, contou Pedro Beja, hoje investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, na Universidade do Porto. Mas esta não foi uma história de sucesso. “Em 1997 foi construída a infra-estrutura para receber o projecto, no concelho de Vila do Bispo, estabelecidos contactos com eventuais dadores [de Finlândia, Escócia, Alemanha e Córsega] e havia apoio por parte das entidades” responsáveis. A reintrodução da águia-pequeira em Portugal chegou a ser considerada o projecto mais importante para a conservação da espécie no Mediterrâneo.

Mas tudo parou em 1998 quando mudou “a presidência do Instituto de Conservação da Natureza”, contou. “O projecto só precisava de uma decisão política e dos pedidos formais aos países dadores”, notou. Algo que nunca aconteceu. Em 1999, os responsáveis desistiram do projecto. “O fracasso da águia-pesqueira é também o fracasso da comunicação das questões de conservação da natureza. É preciso comunicar o interesse e o valor das espécies.”

Fonte: Publico.pt

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