terça-feira, 6 de abril de 2010

Movimento para a defesa do Tejo contra desvio de água para Múrcia


O movimento ProTejo considera "despropositados" e "imprudentes" os transvases temporários que têm sido aprovados pelas autoridades espanholas para a bacia do Tejo. De acordo com a organização que junta cerca de 500 entidades e cidadãos portugueses preocupados com o futuro do Tejo, a Comissão de Exploração do Transvase Tejo-Segura aprovou, no dia 31 de Março, o desvio excepcional de 114 hectómetros cúbicos (hm3) de água para a região de Múrcia.

O movimento defende que o Governo português deve exigir que as reservas se mantenham na bacia do Tejo, para que não se repitam os incumprimentos de caudais mínimos, e deve demonstrar o seu desagrado pela "gestão unilateral" das autoridades espanholas, que considera "contrária ao princípio da unidade da gestão hidrográfica estabelecido na Directiva Quadro da Água" aprovada pela União Europeia.

Segundo o ProTejo, os governos dos dois países deveriam definir caudais ambientais para a bacia do Tejo, de modo a evitar que a escassez de água nos períodos mais secos tenha efeitos negativos nos ecossistemas e na vida das populações.

O movimento, criado em 2009, tem-se reunido com os diversos grupos parlamentares, procurando sensibilizá-los para as suas preocupações. No dia 23 foi recebido pela Comissão Parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional, a quem expôs os seus objectivos de "defesa de uma gestão sustentável da bacia hidrográfica do Tejo e a consequente recusa da política de transvases em Espanha". O ProTejo agendou para 9 de Maio o segundo cruzeiro Vogar Contra a Indiferença, que pretende mobilizar centenas de cidadãos ibéricos para a luta pela defesa do rio.

No que diz respeito ao transvase para Múrcia (87,4 hm3 para irrigação e 26,6 para abastecimento de água) previsto para o segundo trimestre deste ano, o ProTejo sublinha que se vem juntar a outro de 60 hm3 já autorizado em Março. Frisando que as 15 barragens da bacia do Segura armazenavam em meados de Março 659 hm3, valor considerado positivo, a direcção do movimento português sublinha que as duas barragens da cabeceira do Tejo tinham comparativamente menos água e ficarão apenas com 23,5 por cento da capacidade se forem efectuados estes dois transvases. Acrescenta o ProTejo que, no dia 22, já a água debitada para Portugal era "inferior ao caudal mínimo ecológico semanal" estipulado na Convenção de Albufeira, o que "não garante" a saúde ambiental do Tejo em Portugal.

Fonte: Publico.pt

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