O fracasso da táctica “top kill” para estancar a fuga de petróleo no Golfo do México foi a gota de água que fez a administração Obama afastar-se da actuação da BP. A empresa lançou hoje uma nova tentativa, mas estará sozinha na hora de se dirigir à nação.
Parece que nada tem corrido bem na resposta à maré negra no Golfo do México, desde a explosão a 20 de Abril na plataforma petrolífera da BP. O furo continua por estancar, cresce a revolta das populações costeiras que pedem a Obama e à BP para fazerem mais, a poluição deverá chegar às praias do Mississípi e Alabama ainda esta semana, 26 por cento das águas do Golfo estão fechadas à pesca e hoje os Estados Unidos entraram, oficialmente, na época dos furacões (1 de Junho a 30 de Novembro). Tudo isto tem influenciado a relação entre o grupo britânico e o Governo federal, com um Presidente “frustrado” com as várias tentativas falhadas da petrolífera. Esta relação ficou marcada ainda pelas chamadas de atenção do Governo para o perigo do uso intensivo pela BP de dispersantes químicos nas águas e o risco de esta ter estado a injectar grandes quantidades de lamas pesadas para o poço.
Ontem, a relação entrou num período especialmente tenso. Segundo o “Washington Post”, a administração Obama anunciou que vai deixar de partilhar com a BP as conferências de imprensa diárias na Luisiana. Thad Allen, comandante da Guarda Costeira norte-americana, passará a dirigir-se sozinho à nação. A gota de água terá sido o fracasso da técnica “top kill” para estancar os cerca de 19 mil barris diários de petróleo libertados a 1500 metros de profundidade. A notícia de que o furo continuará a libertar petróleo até Agosto não ajuda o esforço da administração Obama em convencer o país de que é o Governo, e não a BP, quem tem nas mãos o controlo da situação e uma resposta eficaz.
“Tenho Obama como o responsável por não fazer com que a BP nos olhe nos olhos e se comprometa a resolver o problema”, disse Dean Blanchard, proprietário de um negócio de marisco em Nova Orleães, citado pela Reuters.
O Ministério da Justiça anunciou hoje que o ministro Eric Holder vai à Luisiana durante o dia para se “reunir com os procuradores federais” e os estados da Luisiana, Mississípi e Alabama. Isto poderá indicar, escreve o “Washington Post”, que a “catástrofe ambiental poderá originar uma investigação criminal”.
BP começa a experimentar nova táctica
A BP anunciou hoje que já está a experimentar uma nova táctica para estancar parte da fuga, ainda que sem grandes garantias de sucesso. Segundo a CNN, vários robôs submarinos começaram a serrar a parte do tubo de exploração que está danificada, a onze metros da cabeça do poço. Depois, essa secção será removida para ser colocada uma cúpula construída à medida. Contrariamente às anteriores tentativas, o objectivo já não é estancar a fuga mas sim recuperar o crude para um navio à superfície. Tony Hayward, director-executivo da BP sublinhou que esta técnica nunca foi tentada a estas profundidades.
A maré negra no Golfo do México já ultrapassou o acidente do petroleiro “Exxon Valdez” no Alasca (em 1989) e tornou-se na pior catástrofe ambiental dos Estados Unidos, nas palavras da conselheira da Casa Branca, Carol Browner. Segundo as estimativas da administração Obama, entre 71 milhões e 113 milhões de litros de crude terão sido libertados para o mar, desde 20 de Abril.
Uma solução para estancar definitivamente a fuga só está prevista para Agosto, quando ficarem concluídos os dois poços de apoio que começaram a ser perfurados no início de Maio. O primeiro dos poços já atingiu uma profundidade de 3.687 metros e o segundo, 2.616 metros.
“Estou devastado... Estamos a morrer lentamente. De cada vez que aquele petróleo leva mais um pedaço dos pauis, é uma parte da Luisiana que desaparece para sempre”, lamentou Billy Nungesser, presidente da região de Plaquemines, na CNN. Um grupo que se auto-proclama "Seize BP", afirmou ontem que vai organizar manifestações em mais de 50 cidades dos Estados Unidos, de quinta-feira a sábado para protestar contra a maré negra.
Fonte: Publico.pt
terça-feira, 1 de junho de 2010
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