Um grupo de cientistas comparou a forma como os investigadores adquiriam informação nos últimos 200 anos com a que está a ser produzida hoje e verificaram que há uma tendência para menosprezar as espécies que não estão ameaçadas e as região que não são consideradas hotspots.
“A falta de informação recente sobre espécies comuns e áreas com pouca biodiversidade é extremamente preocupante. Estamos a falhar o registo de informação ecológica que poderia ser de um valor enorme para os cientistas de conservação do futuro”, disse em comunicado Elizabeth Boakes, primeira autora do artigo e investigadora do Imperial College, em Berkshire, no Reino Unido.
Os cientistas chegaram a estas conclusões depois de estudarem os dados de 127 espécies da família dos Galliformes, que agrupam entre outros, os faisões, as perdizes e as codornizes, espécies que estão distribuídas pela Europa e Ásia. Os cientistas foram procurar o registo e observação destas aves que existem em colecções de museus, em atlas de ornitologia, nos registos de anilhagem e em sítios da internet de observação de aves.
Segundo o estudo, os registos históricos cobrem todas as regiões e todas as espécies até ao início do século XX, o que dá uma boa base de comparação em relação à biodiversidade de hoje. No entanto, a incidência actual nas espécies em perigo e em hotspots, acabam por ignorar as espécies comuns. O estudo também notou que nenhuma das quatro fontes de informação dá, isoladamente, uma representação verdadeira da distribuição de cada espécie, só as quatro juntas é que dão uma visão do quadro completo.
Museus em queda
Os cientistas verificaram que a colecção dos museus europeus foi especialmente rica e completa até meados do século passado. Hoje, as colecções estão empobrecidas devido a um corte dos orçamentos, não são renovadas nem mantidas, o que põe em causa a manutenção destes dados. Os próprios documentos e relatórios, muitas vezes originários dos governos e das organizações não governamentais, por estarem poucos dispersos, estão em risco de desaparecer.
Para lutar contra este fenómeno os autores defendem a ciência do cidadão, ou seja, a disponibilidade de meios que permitam a qualquer pessoa criar informação sobre espécies. Um bom exemplo são os sites de observação de aves, que permitem a qualquer pessoa colocar informação sobre o visionamento de uma ave, quer seja comum ou esteja ameaçada. Segundo os autores, estas plataformas deveriam ser formalizadas e uniformizadas para proporcionarem uma informação base da biodiversidade actual, importante para as gerações futuras.
Fonte: Publico.pt
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