O projeto lançado pelo LEA, integrado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), pretende contribuir para o conhecimento da população desta espécie em Portugal e potenciar a sua conservação.
"Não foi inocentemente que escolhemos esta espécie para objeto de estudo, embora seja emblemática em termos de cor e das suas características biológicas. Ela está de facto em perigo de extinção a par, de por exemplo, a águia-real", afirmou hoje à agência Lusa o investigador Paulo Travassos.
Segundo dados do livro vermelho dos vertebrados de Portugal, editado em 2005, esta espécie terá à volta de mil indivíduos.
No entanto, de acordo com o responsável, até ao final do ano passado a equipa do LEA contabilizou apenas 359 aves em 10 locais de contagem.
"Números muito distantes da estimativa dos censos", frisou.
O trabalho de investigação do LEA começou no Alvão, mas depressa se alastrou a outras áreas limítrofes depois de se terem detetado oscilações de indivíduos entre núcleos.
Paulo Travassos sustenta que esta gralha está reduzida às áreas mais isoladas de Portugal, nomeadamente as serras do Alvão, Barroso, Gerês, Estrela, Aire e Candeeiros, escondendo-se ainda nas escarpas do Douro Internacional ou da Ponta de Sagres.
Em 2008, o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) associou-se ao projeto.
Neste momento, os investigadores estão a fazer contagens quase em simultâneo nos vários locais para obterem um "retrato real" da espécie em Portugal.
"Nunca esta espécie foi alvo de uma monitorização a esta escala", salientou outro investigador, João Cabral.
Os especialistas estão também a identificar as ameaças da espécie como a mortalidade infantil da ave, o turismo de massa, os parques eólicos, o abandono agrícola e do pastoreio extensivo.
Estas aves alimentam-se fundamentalmente de insectos e outros invertebrados do solo (como escaravelhos, gafanhotos ou larvas), complementada com material vegetal, como sementes e grãos, durante o período de inverno.
Depois há que delinear medidas de proteção e conservação que possam reverter o declínio que, segundo João Cabral, "está a ultrapassar limiares preocupantes".
No PNA foi criada uma área de proteção total nos Cabeços de Arnal, com acesso condicionado, precisamente para preservar esta zona onde costumam nidificar estas gralhas.
Em território fora de área protegidas poder-se-á optar, de acordo com o investigador, pelas micro reservas, uma figura que está a ser alvo de regulamentação.
A gralha-do-bico-vermelho é também a protagonista de uma exposição que pode ser visitada até 31 de julho na sede do PNA, em Vila Real.
Fonte: LUSA
Said
Como envolvido directamente neste projecto há 2 anos, não posso deixar passar em branco o trabalho que os Vigilantes da Natureza têm desempenhado para o mesmo, sobretudo no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
A UTAD tem o onus da coordenação, mas o trabalho de campo nas zonas centro e sul da área de distribuição desta espécie estão a cargo sobretudo de Vigilantes da Natureza.
O seu a seu dono!...