Um projecto ambiental para recuperar habitats de anfíbios, como sapos ou rãs, está a ser desenvolvido em Portugal para preservar estas espécies. Os anfíbios ajudam a controlar insectos que podem ser vectores de doenças, como algumas espécies de mosquitos.
O habitat dos anfíbios está ameaçado devido à construção civil e à agricultura. O projecto do Centro de Investigação e Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), da Universidade do Porto, tenta conservar e construir charcos para que estes animais sobrevivam e continuem a cumprir o seu papel na natureza.
“Os anfíbios têm uma grande importância nos ecossistemas porque fazem parte da dieta alimentar de muitas espécies” e o seu desaparecimento “iria impactar de forma bastante acentuada” toda a natureza, explicou José Teixeira, coordenador do projecto.
“Ao serem predadores importantes de invertebrados, nomeadamente de insectos, são para o homem auxiliares da agricultura e acabam por controlar vários insectos que são vectores de doença, como os mosquitos” já que se alimentam de larvas de mosquitos, nos charcos e “ajudam a controlar essas potenciais pragas”, explicou.
Com as alterações climáticas, as condições mudam o que pode ter consequências no surgimento de doenças menos frequentes. A DGS [Direcção Geral de Saúde] anunciou no fim-de-semana a investigação em Portugal de um caso provável de infecção por vírus do Nilo Ocidental.
“Há doenças transmitidas por vectores, essencialmente mosquitos, carraças e roedores. Esses vectores, com as alterações climáticas, ficam com condições mais favoráveis de proliferarem e as doenças que estão associadas podem tornar-se mais frequentes”, afirmou Filipe Duarte Santos, especialista nas questões do sobreaquecimento global.
Através do projecto de conservação de anfíbios, estão a ser identificadas zonas degradadas importantes para estes animais que necessitam ser recuperadas.
O passo seguinte é “fazer alguns acordos com proprietários no sentido de proteger esses habitats e depois dinamizar os locais do ponto de vista da educação ambiental” para que as pessoas comecem a perceber a sua importância.
“Estamos a identificar áreas onde possamos construir novos habitats para substituir aqueles que foram destruídos e identificar outros que possam ser preservados a médio e longo prazo, acima de tudo charcos ou lagoas, pequenas massas de água parada, importantes não só para anfíbios, mas também para outras espécies”, alguns répteis, aves aquáticas e plantas, salientou José Teixeira.
“No Mindelo conhecemos a presença de 12 das 16 espécies de anfíbios que existem em Portugal”, referiu.
Nesta zona, são conhecidas entre 20 e 30 lagoas: “Não teremos capacidade para actuar em todas, vamos fazê-lo em três ou quatro. Estamos no processo de construção de uma lagoa e em conversações para mais uma ou duas”.
Em Portugal, existem duas espécies de anfíbios que estão ameaçadas: a salamandra-lusitânica e um tritão.
Este projecto prolonga-se por dois anos e depois será realizado um trabalho de monitorização para seguir a evolução dos locais com intervenção.
A iniciativa, com um orçamento entre 130 mil e 140 mil euros, tem alguns parceiros, como o Oceanário de Lisboa ou a Agência Portuguesa do Ambiente.
Fonte: LUSA
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