Esta foi apenas uma das conclusões que saiu da conferência «Biodiversidade Costeira: Conservar, gerindo a compatibilização dos usos», que decorreu na passada semana em Olhão.
Uma questão que há muito está aliada à conservação da natureza é a do custo que esta acarreta, tanto o ato de proteger os valores naturais, como o facto de se fechar parcelas do território à exploração económica tradicional. Uma questão que já começa a ter respostas, em estudos como o que foi apresentado pela equipa do investigador Tomasz Boski da Universidade do Algarve (UAlg).
O projeto que está a ser desenvolvido por um grupo de investigadores do Centro de Investigação Marinha e Ambiente (CIMA) da UAlg parte de um outro pressuposto: quanto se pode lucrar com a preservação da natureza. E, para Tomaz Boski, não é pouco, pelo menos na área em que incide o seu estudo, o estuário do Rio Guadiana.
«Podemos transformar o estuário do Guadiana numa fábrica de dinheiro, através da criação de uma autoestrada navegável e da cobrança de uma portagem aos que a quisessem utilizar», lançou o investigador. Isto é apenas um exemplo do que se pode conseguir, caso se mude a visão que os investidores e as entidades com poder de decisão têm atualmente da conservação da natureza.
Tomasz Boski comparou o que se passa no campo da compatibilização de usos de zonas protegidas com «uma torre de Babel», que necessita de um tradutor «multilingue». Essa ferramenta é, no caso do Guadiana, o simulador «Guadex – Plataforma de Gestão Costeira Integrada aplicada no estuário do Guadiana».
Este programa informático, que se propõe à difícil tarefa de unir ciências tão distintas como a biologia, o ambiente, a sociologia e a economia, já tem uma versão Beta. Apesar de ainda não estar completo, foi possível perceber a ideia deste projeto, que está a ser desenvolvido em 18 locais espalhados pela Europa.
No caso do Guadiana, foi demonstrado o exercício aparentemente simples de perceber qual o retorno do investimento em tratamento de esgotos, que já permitiu aos investigadores concluir, entre outras coisas, que uma proteção ambiental elevada (e como tal mais cara) pode ter um alto retorno financeiro, seja pela maior afluência de turistas, seja pela melhoria da qualidade de vida dos que ali habitam.
Esta conferência, onde foram apresentados alguns dos mais importantes estudos feitos sobre diversas zonas protegidas algarvias e a sua biodiversidade, foi promovida pelo Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade e pela Câmara de Olhão.
Fonte: Barlavento Online
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