sábado, 14 de agosto de 2010

Incêndio atinge Parque Ecológico do Funchal

O Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, propriedade da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, foi ontem atingido pelo incêndio que calcinou o solo das vertentes do Pico do Arieiro.

"Até este momento ainda não conseguimos avaliar a dimensão da área queimada, mas logo pela manhã tentaremos lá chegar para fazer uma avaliação do que foi destruído e reflectir sobre a forma mais eficaz de iniciar a recuperação", declarou ao PÚBLICO o geógrafo Raimundo Quintal, presidente daquela associação.

O fogo, impelido por rajadas de vento da ordem dos 100 quilómetros por hora, subiu velozmente, ao início da tarde de ontem, as vertentes da Ribeira do Cidrão, vindo do fundo do Curral das Freiras. Ao chegar ao Pico do Areeiro começou a descer e queimou tudo o que encontrou pelo caminho. A plantação dos Associação dos Amigos do Parque Ecológico não escapou à voracidade das chamas e muito do trabalho realizado nos últimos dez anos foi destruído em instantes, lamenta Quintal.

"A extraordinária autorregeneração da formação vegetal primitiva que estava a ocorrer na área do Poço da Neve, na vertente oriental da Ribeira de Santa Luzia, sofreu um forte revés", constata ainda o presidente da associação. Os bombeiros e os funcionários do Parque Ecológico, apesar do trabalho abnegado, não conseguiram travar o fogo que transformou em cinzas uma parte significativa da vegetação do Chão da Lagoa e da vertente da Ribeira de Santa Luzia até à área da Casa do Barreiro, que também foi afectada.

"Menos de seis meses depois da força arrasadora da água, as serras da Madeira são varridas pelo fogo. Mais uma vez os satélites meteorológicos registaram o fenómeno e já o difundiram na aldeia global. Esconder ou fazer demagogia não são bons remédios para minimizar as causas do terrível ciclo: aluvião no inverno, fogo no verão", acrescenta Raimundo Quintal. Face a estas situações, conclui, "é necessário reflectir e debater sem tibiezas, as causas naturais e antrópicas destes acidentes, que provocaram enormes feridas nos ecossistemas e na sociedade madeirense".

Fogo galgou serras na Madeira mas não há casas atingidas

O presidente do Serviço Regional de Protecção Civil, coronel Luís Neri, confirmou que o incêndio na Eira do Serrado, no concelho de Câmara de Lobos, galgou as serras e atingiu as zonas altas do Funchal, mas não provocou vítimas.

“O incêndio não provocou, até agora, vítimas pessoais nem atingiu residências habitáveis, mas sim alguns palheiros, apesar de, por prevenção, terem sido evacuadas algumas casas”, disse à agência Lusa o coronel Luís Neri.

O incêndio ocorreu nas serras altas da Eira do Serrado, no concelho de Câmara de Lobos, e alastrou, com a ajuda do vento, para as montanhas sobranceiras à cidade do Funchal, atingindo Pico do Arieiro, Monte, Alegria, Galeão, Terreiro da Luta e a parte norte do Parque Ecológico do Funchal, nomeadamente Chão da Lagoa, provocando uma nuvem de cinzas, que, por vezes, encobria o sol e que surpreendeu funchalenses e visitantes. A residencial da Eira do Serrado chegou a ser evacuada por motivos de precaução, devido ao excesso de fumo na zona.

Um grupo de turistas que estava na vereda Pico do Areeiro - Pico Ruivo foi surpreendido pelo incêndio e viu-se obrigado a recuar para o Poiso. Para o local foram deslocadas duas viaturas do Exército que auxiliaram no transporte para os respectivos hotéis.

O concelho de Santa Cruz foi também afectado por um incêndio florestal, sobretudo nas zonas da Camacha e de Gaula, que destruiu igualmente algumas casas desabitadas e palheiros e terrenos agrícolas e cabeças de gado, segundo os bombeiros. Cerca de 100 bombeiros estão disseminados pelas duas áreas, mas o arrefecimento nocturno poderá ajudar a extinguir os vários focos de sinistros ainda em curso nas zonas altas do Funchal e em Gaula.

Todas as corporações de bombeiros da Madeira, num total próximo de 400 homens, apoiados por funcionários da direcção regional das Florestas, da empresa pública Investimentos e Gestão da Água (IGA) e militares, estão no terreno a combater os vários incêndios que continuam activos.

Fonte: Publico.pt

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