Para a maioria dos meus concidadãos o dia 2 de Fevereiro foi um dia igual a tantos outros, exceptuando, para quem esta data tem algum significado especial. Poucos se terão apercebido de que nesse dia se comemorou o Dia Nacional do Vigilante da Natureza. A actividade de vigilante da natureza foi instituída em 1975, aquando da criação dos Parques das Reservas Naturais, enquanto parte integrante de um Corpo Especializado na Preservação do Ambiente e Conservação da Natureza.
Os vigilantes da natureza, tutelados pelo Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, desenvolvem a sua actividade em articulação com o ICNB, com as CCDR, com as ARH’s e com as Regiões Autónomas. Têm por missão, para além da vigilância, fiscalizar e monitorizar áreas protegidas e recursos naturais ao nível da conservação da natureza, do património natural e do domínio hídrico. Segundo a Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza, existem, actualmente, 238 vigilantes da natureza, dos quais: 121 ICNB; 27 nas CCDR’s e 30 nas ARH’s. Na Região Autónoma da Madeira existem 35 vigilantes da Natureza e na Região Autónoma dos Açores exercem funções 25 profissionais, no caso destes últimos tutelados pelos Governos Regionais.
Em Portugal o número de vigilantes é insuficiente e a prová-lo está o facto de não haver um único vigilante da natureza nas CCDR’s Algarve e Norte, o mesmo acontecendo com a ARH Norte. No Algarve, a ARH tem um vigilante da natureza. A título comparativo, a Espanha tem mais de 6000 profissionais a exercerem esta actividade. No resto da União Europeia, mais do que a sensibilização e monitorização, os chamados “Park Ranger” têm autonomia própria e desenvolvem uma actividade prestigiada e respeitada pela população, enquanto nós por cá, tratamo-los como o parente pobre da protecção da natureza. Mais uma vez é fácil comprovar – basta ver que os sistemas de comunicação dos vários elementos que aparecem no teatro de fogo nem sempre são compatíveis entre si. Se o leitor tiver oportunidade de conversar um pouco com um guarda-florestal perceberá que na maioria das vezes os únicos contactos profícuos que se estabelecem, são, os contactos pessoais e informais entre agentes das várias forças militares e paramilitares.
Quando se pensa em combater os incêndios é importante, não só, começar a fazê-lo no Inverno, mas também, lembrarmo-nos de que são os vigilantes da natureza que estão na primeira linha da defesa do Ambiente.
Nos próximos dias 4,5 e 6 de Março, terá lugar no Parque Biológico de Gaia, o XVI Congresso dos Guardas e Vigilantes da Natureza. Este é um momento importante para reflectir sobre a importância do Corpo Nacional de Vigilantes da Natureza para a protecção do nosso património natural é que por vezes a solução está mesmo à nossa frente e não é preciso inventar muito!
Artigo de Opinião de Antonieta Guerreiro - Deputada pelo PSD à AR, publicado no Jornal “O Algarve”.
0 comentários:
Enviar um comentário