Na foto: Vigilante da Natureza Nelson Pereira e a Jornalista Eliana Macedo
Número de guardas que zelam por fiscalização dos espaços verdes aquém do necessário.
Portugal tem 230 Vigilantes da Natureza no continente e regiões autónomas, mas precisa de mais 500 para fazer face às necessidades do território, disse, à Lusa, o Presidente da associação de profissionais do sector. “É difícil fazer um trabalho sério com tão pouca gente”, afirmou Francisco Correia, no final do XVI Encontro Nacional de Vigilantes da Natureza, que reuniu entre sexta-feira e ontem, no Parque Biológico de Gaia, cerca de 60 profissionais.
Francisco Correia realçou que foi o próprio director do Parque Biológico de Gaia, Nuno Oliveira, que defendeu no encontro a necessidade de admitir mais “cerca de 500 Vigilantes da Natureza”. “Se compararmos com o que existe em Espanha, segundo dados do ano passado, havia seis mil Vigilantes da Natureza. Assim se vê como os governos olham para o ambiente. Em Portugal, olha-se muito mal”, salientou.
O Corpo Nacional de Agentes da Natureza conta com 230 guardas e vigilantes, a nível nacional dos quais 170 se encontram em Portugal Continental, 25 nos Açores e 35 na Madeira. A tendência é para diminuição deste número porque, conforme explica o presidente da Associação Nacional de Guardas e Vigilantes da Natureza, “não há abertura de novos concursos para a carreira e os profissionais que existem vão-se reformando e a renovação não é assegurada”.
Nelson Pereira tem 47 anos e trabalha como Vigilante da Natureza há 23 anos, cinco dos quais no Parque Nacional da Madeira. Para o Vigilante, “o número tem vindo a diminuir unicamente pela falta de percepção da importância da protecção da Natureza para o país, não só na base da defesa do património natural, mas também do turismo” e não se deve ao desinteresse dos jovens pela profissão, Nelson Pereira fala do exemplo do concurso da Madeira, o qual recebeu 150 candidaturas, para seleccionar quatro vigilantes.
José Carvalho tem 55 anos e trabalha na Reserva Natural do Estuário do Tejo, há 21 anos. “Fomos com a expectativa de combater as irregularidades que existiam na conservação da Natureza, em Portugal e, todos estes anos depois, continuamos à espera de meios e condições para podermos desenvolver com qualidade a profissão”, conta, “Muitas vezes, somos confrontados com situações em que temos que agarrar numa viatura e os meios não estão operacionais, ou por falta de condições do material, ou por falta de combustível, ou por falta de vontade dos políticos nesse sentido”, acrescenta.
As principais funções dos agentes passam pela protecção da Natureza, através da actuação face a infracções, como cortes de árvores, lixo e resíduos de grandes indústrias, prevenção de incêndios, monitorização de espécies e preservação de bacias hidrográficas. A actuação divide-se por áreas de montanha, de estuário e de interior.
A lei define que os Vigilantes da Natureza “asseguram, nas respectivas áreas de actuação, as funções de vigilância, fiscalização e monitorização relativas ao ambiente e recursos naturais.
Eliana Macedo, Jornal de Notícias
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