Apesar dos problemas climáticos, registaram-se 48 avistamentos de cetáceos
Navegando sob uma das zonas mais ricas em biodiversidade de todo o percurso - Banco de Gorringe - a equipa do MarPro, a bordo do Santa Maria Manuela, teve dois dias muito agitados em avistamentos de cetáceos. Estes mamíferos aquáticos, que continuam a ser muito pouco conhecidos por serem difíceis de observar, como explicou ao «Ciência Hoje» Marisa Ferreira, da Universidade do Minho, apareceram em força, mesmo não estando o mar nas condições perfeitas.
Na verdade, foram poucos os dias desta primeira parte da campanha que proporcionaram boas condições para o trabalho. Apesar de tudo, o balanço da equipa dos cetáceos é positivo.
O banco de Gorringe, a 120 milhas náuticas do Cabo de São Vicente, é um monte subaquático, em que a zona mais alta está a 25 metros da superfície. É, por isso, uma zona de enormes recursos e de grande biodiversidade. Os animais mais avistados durante o cruzamento des banco foram baleias de bico. “Não se sabe quase nada destas baleias, são animais difíceis de estudar porque vivem em profundidade”, explica Marisa.
Este foi um dos melhores dias de observações. Apesar do mau tempo e consequente mau estado do mar, esta primeira parte da expedição, que terminou na madrugada de dia 4 de Agosto com o atracamento no Parque das Nações, Lisboa, a equipa de observação de cetáceos não faz um balanço negativo destes 12 dias de trabalho.
“Tínhamos programado três dias a mais na campanha para o caso de que algo corresse mal”, explica Marisa Ferreira. Na verdade, esses dias foram necessários para a deslocação para o sul, visto que não existiram condições climáticas que permitissem trabalhar na zona prevista, a norte.
Foi realizado 41 por cento de “esforço” ou seja, de trabalho de observação e registo (o que acabou por ser positivo, visto esta ser a primeira metade - 50 por cento - de todo o trabalho) em 335 milhas percorridas.
Registaram-se 48 avistamentos de 10 espécies diferentes: dois de misticetes (cetáceos com “barba”), sete cetáceos odontocetes (com dentes) e uma espécie de tartaruga. Em 70 por cento do percurso as condições foram “sub-óptimas”, com factores de vento de quatro, cinco e seis. Estima-se que ao todo o número de indivíduos tenha ascendido aos 272.
“Não é a melhor época para se observar aves”
A equipa de observação das aves, constituída por membros da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) afirma que a primeira parte da campanha “correu mal”.
“É a primeira vez que fazemos isto durante tanto tempo e a esta distância da costa (entre 50 e 400 milhas )”, afirmou Nuno Oliveira, da SPEA. E não correu bem porque “o tempo não estava bom e esta não é a estação propícia para este trabalho”. A maioria das espécies, esclarece, “está a nidificar noutras zonas do norte da Europa”.
As aves mais avistadas foram cagarros (dos Açores) e almas-negras (da Madeira) pois encontravam-se numa zona de confluência de alimentação, tendo o vento ajudando-as a dispersar, bem como gaivotas.
Depois de uns dias de paragem em Lisboa, onde o Santa Maria Manuela e a equipa do MarPro integraram o Festival dos Oceanos, voltaram a partir para o norte. O regresso está marcado para dia 23.
Fonte: CiênciaHoje
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