sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O lobo presença forte na cultura popular ibérica

    Estudo analisa a perceção que os habitantes da Península Ibérica têm do lobo

    A investigação de um biólogo português agora publicada, revela que o grande predador tem uma presença forte na cultura popular local, que pode ser explorada através do desenvolvimento ações que promovam o valor recreativo e cultural da espécie,  que funcionem como estímulo ao desenvolvimento rural e aumentem a tolerância e aceitação do carnívoro favorecendo a sua Conservação.

Um investigador português do CIBIO (Universidade do Porto), Francisco Álvares,  publicou recentemente na revista InnovationThe European Journal of Social Science Research, os resultados de um estudo que analisou a perceção que as populações da Península Ibérica têm do lobo.

A investigação, que se baseou em entrevistas a habitantes de zonas rurais, na procura de vestígios de cultura material e numa revisão biográfica, teve como objetivo a caracterização da dimensão cultural do grande predador.

Em particular, procurou-se determinar quais as manifestações culturais associadas ao lobo no Noroeste de Portugal, nomeadamente no que diz respeito à cultura material, e qual a atitude das comunidades rurais nelas refletida perante o carnívoro, e as suas implicações na conservação desta espécie que se encontra classificada como “Em Perigo” no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.

Os resultados revelaram que o lobo está muito presente na cultura popular, através de lendas, mitos, crenças e aspetos materiais ou na vida quotidiana dos habitantes das serras que a espécie habita.
O biólogo português identificou dois tipos de motivações associadas às manifestações culturais – uma é a perceção do lobo como “ameaça real aos animais domésticos” e a outra passa por encará-lo como um “ser mítico e simbólico”.

Estes resultados permitiram concluir que a perceção do lobo “ultrapassa a das suas características biológicas e comportamentais” e que “apresenta motivações de caráter ancestral que vão muito para além da ameaça aos animais domésticos”, explica o CIBIO em comunicado.

Deste modo, é sugerido que a rica “herança associada ao lobo no Noroeste ibérico“ e a sua forte presença na cultura popular devem ser exploradas através do desenvolvimento ações que promovam o valor recreativo e cultural do lobo, que funcionem como estímulo ao desenvolvimento rural e aumentem a tolerância e aceitação da espécie, contribuindo para a sua Conservação. 

*Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico*

Fonte: CIBIO – CI e Filipa Alves

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