terça-feira, 16 de julho de 2013

Madeira: Chefe de Estado visita as Ilhas Selvagens


    Cavaco Silva é o terceiro chefe de Estado a visitar as Ilhas Selvagens mas quer ficar para a história como o primeiro a destacar o seu valor económico.

Mais do que reafirmar a soberania portuguesa - tal como tinham feito Mário Soares e Jorge Sampaio - o atual Presidente da República visita esta semana o subarquipélago das Selvagens pela sua importância económica.

São as Selvagens que conferem a Portugal a maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia (1,6 milhões de quilómetros quadrados), potenciando além do mais a dimensão de mais 2,15 milhões de quilómetros da plataforma continental, cuja jurisdição Lisboa espera ver reconhecida pelas Nações Unidas entre 2014 e 2015.
Embora no passado Espanha tenha contestado a jurisdição portuguesa sobre este subarquipélago, que engloba para além da Grande e Pequena Selvagem ainda 16 ilhéus e distam efetivamente mais da Madeira do que das Canárias, o objetivo primordial da visita não passa por reafirmar a nossa soberania.

A visita assinala o 50.º aniversário da primeira expedição científica às ilhas, realizada pelo ornitólogo de origem inglesa Paul Alexander Zino, e que conduziu ao estabelecimento nas Selvagens da mais antiga reserva natural do país (1971).
Destacando a importância desta vertente da proteção da natureza associada à investigação científica, a visita presidencial coincide com a presença no local do navio hidrográfico "Gago Coutinho", que está a concluir o levantamento da biodiversidade das Selvagens, iniciado em 2011 no âmbito do programa M@rbis, com o robô submarino ROV. Uma demonstração do seu trabalho será feita durante a estada de Cavaco nas ilhas.

É neste contexto que o Presidente quer chamar a atenção para o facto de como a geoestratégia, a geografia e a investigação podem e devem integrar a chamada "equação da resolução económica da crise", tal como disse ao Expresso um especialista.
Potencial económico

Cavaco quer pois destacar o significado potencial para a economia da investigação científica, realçando a importância da preservação do ambiente, e ligando--a à geografia e à importância da geoestratégia. É, mais uma vez, o apelo do Presidente a que o país olhe para o mar e concentre nele a sua investigação. Já há hoje em Portugal mais de 50 centros de investigação ligados ao mar mas a sua produção é ainda pequena.
Tal como dizia ironicamente um perito, hoje, "a soberania portuguesa está mais ligada ao braço do ROV do que a uma fragata", pois a capacidade científica é fundamental para o aumento da competitividade. "Mostrar que Portugal tem tecnologia capaz de explorar as riquezas da plataforma que Portugal ambiciona é fundamental para a nossa credibilidade", sublinhava.

Cavaco Silva tem frisado insistentemente a importância da economia do mar e algo tem avançado. Diz sobretudo respeito ao desenvolvimento portuário (potenciado pela crise, já que as exportações estão a fazer-se mais por via marítima) e na fileira do pescado e da sua transformação, que já vale 1,2 mil milhões do PIB. A sua exportação alcança quase 900 milhões de euros, quase tanto como as hortícolas, e muito mais do que o vinho.

Fonte: Expresso/Luísa Meireles, com Marta Caires e Carlos Abreu



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