Nos últimos seis meses, os rios da Amazónia registaram as secas e inundações mais extremas dos últimos cem anos, segundo o Serviço Geológico do Brasil. Os especialistas relacionam este cenário com as alterações climáticas.
Em Junho, o Rio Negro - o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas - alcançou a marca histórica de 29,7 metros, durante as maiores cheias do último século, revela o estudo, citado pelo jornal “O Globo”.
O mesmo rio, a 4 de Dezembro, registou outra marca importante mas contrária: atingiu uma cota de 15,8 metros, ligeiramente abaixo da cota mínima de segurança, ou seja, dos 16 metros. Segundo o Sistema de Protecção da Amazónia, nos próximos três meses a quantidade de chuvas deverá ser menos de 50 por cento em relação ao esperado. A Defesa Civil já iniciou um plano de emergência para ajudar, pelo menos, 192 mil pessoas, a enfrentar os efeitos da seca.
Até agora, as secas e cheias no Amazonas tinham sido atribuídas ao fenómeno El Niño, que ocorre no Oceano Pacífico e que influencia o clima em várias regiões do planeta. Mas os investigadores da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais no Amazonas (CPRM) do Serviço Geológico do Brasil adoptaram uma nova explicação: as alterações climáticas.
“O El Niño produz um padrão de inundações e secas em redor do mundo e no Brasil causa secas na Amazónia, inundações no Sul, mas de forma gradual e não tão violenta como ocorreu nos últimos seis meses”, comentou ao jornal “O Globo” o meteorologista Marcondes Gama. “Não tenho dúvidas de que essa variação extrema de chuva e tempo seco tem mais a ver com o aquecimento global”, defendeu.
Um aumento das temperaturas médias globais entre 3ºC e 4ºC representa o ponto a partir do qual parte da floresta da Amazónia corre o risco de entrar em colapso, defense um estudo de investigadores brasileiros e britânicos apresentado na cimeira de Copenhaga (7 a 18 de Dezembro).
Segundo um relatório do Governo brasileiro de 2007, as temperaturas na Amazónia entre 2071 e 2100 deverão aumentar entre 4 e 8ºC num cenário pessimista (altas emissões de gases com efeito de estufa) e os 3 e 5ºC num cenário optimista (baixas emissões).
Fonte: Publico.pt
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