sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Vestidos de bambu, cânhamo ou ráfia - moda e biodiversidade são compatíveis

Em bambu, cânhamo, ráfia ou algodão biológico, as criações de 50 costureiros brilharam ontem à noite em Genebra, num desfile promovido pelas Nações Unidas para mostrar que a moda e a biodiversidade podem ser compatíveis.

“O esgotamento da biodiversidade é uma realidade. Estamos a explorar o nosso património natural até ao limite”, disse ontem Lucas Assunção, da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Cnuced).

“Além disso, há uma clara procura de novos materiais” no sector de luxo que procura, ao mesmo tempo, produzir de uma forma que respeite mais o Ambiente. “Existe uma ocasião de influenciar os mercados”, considerou.

A associação Green2greener, que organizou o desfile “Ecochic” na sala do Conselho dos Direitos do Homem da ONU, forneceu aos costureiros tecidos feitos a partir de soja, bambu, seda ou algodão biológico, de alpaca ou ainda de fibras de ananás.

“Estamos no meio de uma nova revolução, uma revolução verde, que é tão importante como a revolução industrial”, comentou Sarah Ratty, cuja marca Ciel mostrou peças que combinam cânhamo e seda ou ainda t-shirts de algodão biológico.

O costureiro Philippin Oliver Tolentino apresentou um vestido creme feito de fibras de ananás e o vestido em algodão vermelho e laranja do criador camaronês Anggy Haif foi feito de ráfia. No final dos anos 1990, “tive de ir às aldeias convencer os artesãos a utilizar estes materiais”, recorda Anggy Haif, que diz dar emprego a 500 pessoas. Mas Haif tem condicionantes ao seu trabalho. Em 2005, uma colecção de camisas teve muito sucesso mas viu-se obrigado a recusar encomendas devido à falta de matérias-primas.

O acto de curtir as peles, branquear e tingir tecidos e os processos de lavagem da lã ameaçam a biodiversidade e “consomem grandes quantidades de energia”, segundo a Cnuced. Só o cultivo de algodão consome onze por cento dos pesticidas utilizados todos os anos no mundo.

Em muitos países em desenvolvimento, há comunidades que apenas podem contar com a riqueza natural da região onde vivem. “A biodiversidade é, para elas, uma fonte de receitas e de emprego”, lembra Lucas Assunção. “Mas apenas se essa biodiversidade for explorada de forma sustentável e se os benefícios forem partilhados”.

Fonte: Agencia France Press

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