segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

As máscaras com que as empresas disfarçam a poluição

Para o comum dos mortais, o Carnaval são três dias, mas há empresas que passam a vida a mascarar as suas práticas poluentes, aquilo que os ecologistas consideram pouco ético. Aqui ficam os casos mais flagrantes.

É um facto que a ecologia está na moda e que cada vez mais influencia as pessoas a terem deter- minados comportamentos. As empresas sabem disto como ninguém e por isso algumas mascaramos seus comportamentos poluentes com práticas que pretendem melhorar a imagem junto do público. A isto chama-se greenwashing ("lavagem verde", traduzido à letra para português).

"É uma estratégia pouco séria, que só vem prejudicar ainda mais o ambiente", comenta ao DN o vice-presidente da Quercus, Hélder Spínola. De facto, o greenwashing motiva os consumidores a comprar produtos que não vão melhorar o planeta, ao contrário do que pensam.

Um caso português ocorreu quando a EDP promoveu uma campanha que dizia que as barragens motivavam o aumento da biodiversidade. As associações ambientalistas não tardaram a insurgir-se contra a empresa, por promover uma campanha que mentia. "As barragens não pro-movem a biodiversidade. Pelo contrário, destroem tudo à sua volta", diz o ambientalista.

Este tipo de estratégias também é usado para limpar a imagem das empresas, como aconteceu com o grupo Espírito Santo. "Após a polémica do abate de sobreiros, do caso Portucale e do financiamento partidário, em que se viu envolvido, o BES apostou no facto de ter um logótipo verde e dedicou-se aos cartões que pretendem ajudar o ambiente. Estes últimos em parceria com a WWF."

Outro caso são os veículos que se apresentam como ecológicos. "Querem dar uma ideia de que são amigos do ambiente, quando nem os eléctricos são completamente neutros". Outros promovem a plantação de uma árvore na compra de um veículo, algo que nem compensa a produção do automóvel nem sequer um dia a conduzi-lo. "Temos de ver também que as pessoas estão a comprar um automóvel que custa à volta dos 20 mil euros e que depois as marcas investem apenas dois euros para plantar a árvores", explica Hélder Spínola.

Para o vice-presidente da Quercus, a solução passa por incluir as práticas de greenwashing na publicidade enganosa. "Devia-se arranjar uma maneira para que não fosse tão fácil fazer este tipo de publicidade. Até que o cidadão comum, que não acompanha as questões ambientais é capaz de se deixar levar por um produto que não ajuda o ambiente", termina.

Fonte: Diário de Notícias

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