sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Comissária europeia para o Clima embarca em périplo diplomático

A nova comissária europeia para o Clima, Connie Hedegaard, vai embarcar em breve numa viagem diplomática para dar um novo fôlego às negociações, depois dos fracos resultados da cimeira de Copenhaga, em Dezembro passado.

As negociações terminaram com um acordo para limitar a 2ºC o aumento global das temperaturas, em relação a níveis pré-industriais. No entanto, o acordo não é vinculativo e as metas de redução de emissões propostas não são suficientes. Especialistas dizem que com elas o planeta vai aquecer mais 3,5ºC e não 2ºC.

Ontem, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, dirigiu uma carta aos líderes europeus onde defende que o bloco precisa de encontrar uma nova abordagem à política climática internacional.

“A maioria de nós esteve em Copenhaga e penso que ninguém ficou satisfeito com o resultado”, escreveu. “Tínhamos a esperança de que se mostrássemos o exemplo, ao comprometermo-nos com reduções de emissões de 30 por cento, seria suficiente para convencer os outros países. Mas isso não aconteceu. Apesar disso, esta não é a altura para a União Europeia começar a duvidar dos seus compromissos. Isso seria um erro”, insistiu.

“Trabalhar em conjunto para manter as nossas ambições em matéria de alterações climáticas continuará a ser um dos nossos principais desafios para este ano”, garantiu.

“Precisamos que o processo internacional continue, a partir daquilo que acordámos no Acordo de Copenhaga”. “Pedi a Connie Hedegaard, a comissária para a acção climática, para iniciar uma consulta a parceiros internacionais cruciais a fim de encontrarmos formas de revigorar o processo internacional”, acrescentou.

Hedegaard vai visitar várias capitais à procura de alianças, nomeadamente com África, China, Brasil e Estados Unidos.

A chanceler alemã Angela Merkel propôs acolher uma próxima reunião sobre o clima, em Junho em Bona, para preparar a próxima cimeira climática da ONU, em Novembro no México. A questão estará também na ordem do dia nas duas próximas cimeiras europeias, em Março e Junho, em Bruxelas.

Durão Barroso também pediu aos líderes europeus para que não se esqueçam do seu compromisso para, urgentemente, canalizar 7,3 mil milhões de euros em “ajudas climáticas” para ajudar os países pobres a reduzirem as suas emissões e a enfrentarem os impactos das alterações climáticas nas suas colheitas agrícolas.

Em Dezembro, os líderes europeus aceitaram disponibilizar 2,43 mil milhões de euros por ano, durante o período de 2010 a 2012. Mas as negociações de Copenhaga não conseguiram definir os canais de distribuição desse dinheiro.

“Um elemento importante nesta estratégia será a implementação do financiamento a curto prazo”, escreveu Durão Barroso. “Não devemos esquecer que aqueles que trabalhavam mais de perto connosco em Copenhaga eram os países em desenvolvimento, especialmente os mais pobres e vulneráveis”.

Muitos políticos europeus são a favor de mais negociações bilaterais com África.

Fonte: Publico.pt

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