sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Biodiversidade marinha da Antárctica na linha da frente das alterações climáticas

Os cientistas já identificaram mais de seis mil espécies no fundo do mar na Antárctica, bem como as zonas mais ricas em biodiversidade. Um estudo do British Antarctic Survey alerta agora que este mundo aquático está prestes a mudar com o aquecimento global.

As mais recentes descobertas relativas à vida marinha na Antárctica foram apresentadas este semana na AAAS (American Association for the Advancement of Science).

O biólogo marinho Huw Griffiths, do British Antarctic Survey (BAS) apresentou os resultados de um censo que começou em 2005 e deu conta da identificação de seis mil espécies que vivem no fundo do mar.

Este investigador, envolvido no Censo da Vida marinha da Antárctica (CAML) – que estuda a distribuição e abundância da biodiversidade marinha naquela região -, salienta que mais de metade daquelas espécies são únicas do continente gelado.

Estudos de monitorização, informação sobre a distribuição de espécies e modelos de aumentos de temperatura oceânicos ajudaram os cientistas a identificar as zonas mais ricas em biodiversidade.

No entanto, o impacto das alterações climáticas já estão a fazer-se sentir neste mundo aquático, numa das regiões do planeta que aquecem mais rapidamente.

Griffiths descreveu como as populações de Krill (os invertebrados que servem de alimento a pinguins, baleias e focas) estão a diminuir como resultado de uma redução da cobertura de gelo no mar. As áreas uma vez ocupadas pelo Krill estão a ser invadidas por um crustáceo muito mais pequeno (copepods). “Isto muda o equilíbrio da cadeia alimentar em benefício de predadores, como as alforrecas, que não são alimento de pinguins e outros predadores de topo”, salienta um comunicado do BAS.

Além disso, a redução da superfície de gelo no mar está a afectar os pinguins que se reproduzem no gelo.

“As regiões polares estão entre os locais do planeta que aquecem mais rapidamente e as previsões sugerem que, no futuro, iremos ter temperaturas mais elevadas nas águas de superfície, um aumento na acidificação dos oceanos e uma redução do gelo marítimo no Inverno”, comentou Griffiths. “Tudo isto tem um efeito directo na vida marinha”.

“Os animais marinhos demoraram milhões de anos a adaptar-se às condições das águas da Antárctica e são extremamente sensíveis à mudança”, salientou. “Os oceanos polares são ricos em biodiversidade. Se as espécies não puderem deslocar-se ou adaptar-se às novas condições, acabarão por morrer. A perda de uma única espécie é uma perda de diversidade global”, sustentou.

O Censo da Vida marinha da Antárctica é uma iniciativa que se insere no âmbito do Ano Polar Internacional para investigar e compreender a abundância da biodiversidade marinha da Antárctica.

Fonte: Publico.pt

0 comentários:

Enviar um comentário