quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Confirmada entrada de lince-ibérico em Portugal vindo de Huelva

Um lince-ibérico macho com cinco anos, seguido por telemetria, entrou em Portugal, na zona de Moura-Barrancos, vindo de Huelva na última semana de Janeiro e por cá ficou durante três dias. Esta é uma confirmação rara de que animais desta espécie ameaçada de extinção atravessam a fronteira.

Caribú está a ser seguido por telemetria pelas autoridades espanholas. Mas há cerca de um mês, estas notaram que o sinal que recebiam estava cada vez mais fraco. Desde então têm tentado capturar o lince para trocar as baterias do sistema transmissor que transporta.

Sandra Moutinho, assessora do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), contou ontem ao PÚBLICO que as autoridades espanholas pediram autorização a Portugal para capturarem Caribú. “Enquanto recebemos sinal de que o lince estava deste lado da fronteira, técnicos espanhóis e do ICNB estiveram no terreno à procura de vestígios do animal. Acabámos por encontrar pegadas”, confirmou.

Este lince, entretanto, já regressou a Espanha mas ainda não foi capturado, informou Sandra Moutinho.

“Acreditamos que os animais usam este corredor [entre Espanha e Portugal], entrando em território português”. Desta vez a novidade é que “conseguimos confirmá-lo”.

Caribú, original da Serra Morena, foi libertado na área protegida de Doñana, no Sul de Espanha, no final de 2008. Três meses depois já tinha viajado cerca de 200 quilómetros na província de Huelva. “Os seus movimentos proporcionaram muita e valiosa informação sobre os processos de dispersão deste felino, utilizada para a planificação das reintroduções” que o Governo espanhol tem realizado desde o final de 2009, segundo o site do projecto Life Lince da Junta da Andalucia. “A manutenção do seu colar localizador é vital para continuarmos a segui-lo”.

Estima-se que existam actualmente apenas cerca de 150 linces-ibéricos (Lynx pardinus); em meados do século XIX seriam cem mil espalhados por toda a Península Ibérica. Hoje a espécie vive em Portugal numa situação de "pré-extinção". O colapso das populações de coelhos, a sua principal presa, a caça indiscriminada e a perda de habitat explicam o cenário.

Morreu Garfio, o “patriarca” dos linces nascidos em cativeiro

Mas os esforços de conservação da espécie sofreram um revés com a morte, na tarde de 1 de Fevereiro, de Garfio, o primeiro macho adulto a ingressar no programa ibérico de criação em cativeiro.

O animal, com dez anos de idade, morreu de doença renal crónica “em fase muito avançada” no centro de La Olivilla, na Serra Morena, revela o site do Programa de Criação em Cativeiro.

Garfio foi o pai da primeira ninhada de linces nascidos em cativeiro, em Março de 2005: Brezo, Brezina e Brisa. Foi macho reprodutor nas épocas de criação de 2005 a 2008 e proporcionou ao programa de reprodução um total de onze crias.

“Fez-se tudo o que era possível por este animal, mas as suas funções vitais estavam já seriamente comprometidas”. “Este é um dos dias mais tristes para todos os membros da equipa do programa de Conservação Ex situ”, lê-se no comunicado.

Actualmente, 25 dos 72 animais deste programa têm Insuficiência Renal Crónica e especialistas renais espanhóis e internacionais estão a trabalhar para encontrar um tratamento com sucesso.

Fonte: Publico.pt

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