domingo, 7 de fevereiro de 2010

SITE DO ICNB IGNORA O DIA NACIONAL DO VIGILANTE DA NATUREZA

Os Vigilantes da Natureza, do ICNB, há muito que se habituaram a ser ignorados pelos colegas do Instituto responsáveis pela divulgação das actividades e acontecimentos directa ou indirectamente relacionados com as acções de Conservação da Natureza, em que estes profissionais intervenham. O Dia 2 de Fevereiro, dia consagrado aos Vigilantes da Natureza desde 1990, sempre passou despercebido, tal como todas as actividades e acções desenvolvidas pela Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza (APGVN), os Encontros Nacionais, as Jornadas Técnicas e o Congresso Ibérico nunca mereceram uma única linha no site oficial de um organismo de quem estes profissionais são o rosto no terreno. A APGVN para além de uma associação profissional também é reconhecida legalmente como Organização Não Governamental do Ambiente, todas as suas acções têm como meta a protecção e salvaguarda da Natureza, porque só com profissionais bem equipados e motivados as nossas maravilhosas áreas protegidas poderão perdurar para que as gerações futuras possam usufruir delas. Os responsáveis pela divulgação das actividades no site do ICNB não consideram importante as acções de Conservação da Natureza levadas a cabo pela APGVN em cooperação com entidades regionais, mesmo tendo estas merecido a participação dos Dirigentes máximos da instituição, que reconhecem a importância destas actividades em parceria com os agentes locais, temos como exemplo a plantação e sementeira de carvalhos que se realizou na Serra da Estrela em parceria com a Associação Amigos da Serra da Estrela, a plantação de árvores autóctones realizada no município de Cascais em colaboração com a Agência do Ambiente de Cascais “Cascais Natura” e a recente acção de apadrinhamento de uma cabra serrana do rebanho comunitário de Chãos, que faz parte do projecto de recuperação da Gralha-de-bico-vermelho levada a cabo pela Cooperativa Terra Chã, pela Associação Ambientalista QUERCUS e a operadora de telecomunicações Vodafone.
Há alguns dias atrás, o artigo da jornalista do Expresso, Luísa Schimdt, mereceu destaque no sistema de informação interno do instituto, mas, mais uma vez os Vigilantes da Natureza foram ignorados, os parágrafos do texto que referiam esta classe profissional foram simplesmente retirados. O título de facto não é um bom prenúncio, como diria o companheiro Campeão, “nunca pronunciem a palavra extinção quando se referiram aos Vigilantes da Natureza porque somos uma “raça” de sobreviventes”.
O texto a que me refiro é o seguinte:


GUARDAS DA NATUREZA EM VIAS DE EXTINÇÃO

“O Parque Natural do Douro Internacional não tem actualmente um único vigilante para cuidar dos seus 81.150 hectares. Criado em Maio de 1998, previa contratar sete técnicos e oito vigilantes, mas, ao cabo de uma dúzia de anos, tem só quatro técnicos mal equipados... Este é apenas um exemplo do muito que se passa, ou não se passa, nas nossas áreas (des)protegidas. Três anos depois da reforma do Instituto de Conservação da Natureza, ao qual se acrescentou um 'B' (de Biodiversidade), nada a registar a não ser a fragilização da sua estrutura de funcionamento. O 'B' não trouxe bravura, nem brilho, nem brio às áreas protegidas (AP). Agrupadas agora por tipologias, e não por proximidade territorial, a mesma equipa de gestão anda aos ziguezagues da Serra da Estrela para a de S. Mamede e desta para a da Malcata, para dar só um exemplo... É certo que também há medidas positivas, como o Projecto Lince, resultante de uma contrapartida dos impactos negativos da barragem de Odelouca no Algarve. Mas acabam por ser avulsas e não compensam a precariedade em que vivem as AP, sem funcionários, sem força, sem ânimo. Nem compensam os atentados impunes que continuam: estradas (veja-se a Mata dos Medos, na Arriba Fóssil da Costa de Caparica, ou os IC na Serra da Estrela), projectos PIN e até alguns excessos das eólicas. Nos tempos de António Guterres, as áreas protegidas chegaram a ser consideradas estratégicas. Uma Resolução do Conselho de Ministros de 1998 decretava que as populações nelas residentes deveriam ser alvo prioritário de investimentos que melhorassem a sua qualidade de vida (na saúde, educação, cultura, ciência...) Na altura nada se fez. Que tal ressuscitar esta importante medida e dar-lhe finalmente aplicação no ano da biodiversidade? Só mobilizando as populações locais - antigas ou novas - se conseguirá conservar a natureza... “
Texto publicado na edição do Expresso de 30 de Janeiro de 2010 da autoria de Luisa Schimdt (www.expresso.pt)


Esta consagrada jornalista dá destaque à necessidade de envolver as populações locais na Conservação da Natureza, dando razão ao modo de proceder da APGVN que em todas as suas acções envolve sempre os agentes locais e as suas gentes, afinal, parece que as nossas actividades se enquadram em pleno nos objectivos da salvaguarda da Natureza e da Biodiversidade.


Texto: Francisco Correia
Fotos: Francisco Correia

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