sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Vila Real vai proteger borboleta azul e outras espécies ameaçadas

A Câmara de Vila Real arranca até Abril com um programa de preservação da biodiversidade que quer envolver os produtores de gado e restaurantes na protecção das espécies, algumas delas ameaçadas como a borboleta azul.

O vereador Miguel Esteves disse hoje que o programa inclui dois projectos - “Seivacorgo” e “Proteger é conhecer” - contando com um financiamento de 1,7 milhões de euros, aprovado no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte (ON.2 - O Novo Norte).

Nos próximos dois anos, a autarquia quer transformar Vila Real num concelho “emblemático” na preservação da biodiversidade.

Com o “Proteger é Conhecer”, a autarquia pretende proteger as várias espécies que vivem neste território, algumas delas ameaçadas, nomeadamente o lepidóptero Maculinea alcon, vulgarmente conhecido como borboleta azul, que tem uma colónia no Parque Natural do Alvão (PNA) e se encontra ameaçada em muitos países do Centro e Norte da Europa.

Para o efeito, o projecto inclui a construção da Estação da Maculinea, na zona da Campeã, onde vai ser possível observar o ciclo biológico desta espécie.

Trata-se um de lepidóptero bastante frágil e com baixa tolerância a variações no ecossistema, necessitando de condições ecológicas específicas. Necessita designadamente da presença da sua planta hospedeira, a genciana (Gentiana pneumonanthe), onde coloca os ovos, assim como da formiga do género myrmica que a alimenta no seu formigueiro durante as últimas fases larvares.

As maiores ameaças para esta espécie são o homem e o gado, que destroem os lameiros onde cresce a genciana.

Por isso, segundo Miguel Esteves, a ideia é também envolver os produtores de gado de raça maronesa do Alvão, para que se associem à preservação da espécie, respeitando a agropecuária tradicional e aplicando técnicas amigas do ambiente.

Em consequência será concedido um “selo de qualidade” à carne maronesa e incentivados os restaurantes a servirem este produto.

O “Seivacorgo” destina-se à protecção das margens ribeirinhas dos rios Corgos e Cabril e dos seus afluentes.

“No fundo é preservar as margens, a biodiversidade, quer a fauna quer a flora, que aqui habitam e fazem parte destes ecossistemas”, salientou o vereador.

O programa inclui a realização de rogas do rio (acções de limpeza dos cursos de água) e a colocação de câmaras subaquáticas nos rios para que, no centro de monitorização, se possa acompanhar a evolução de algumas espécies piscícolas.

Serão organizados acampamentos ecológicos, “biopercursos” com guias, criado o “biomóvel”, um veículo equipado com laboratório móvel sobre a biodiversidade que irá percorrer o concelho e aplicadas técnicas de engenharia biofísica para a recuperação das margens do rio Corgo.

Miguel Esteves referiu ainda a criação do “Fundo da Biodiversidade de Vila Real”, o qual será aplicado na continuidade do projecto.

A autarquia conta com a parceria do Tagis - Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, a associação Parques com Vida, a Quercus, o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Fonte: LUSA

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