Actualizem os livros por favor: há mais sete mil géneros de bactérias só na região Oeste do Canal da Mancha. A apresentação dos resultados do Censos da Vida Marinha dedicados ao mundo microscópico dos oceanos abriu mais uma brecha para o que não se vê.
O espectacular tapete que existe no oceano Pacífico é outra das muitas descobertas. Junto da placa continental ao largo do Chile, a profundidades com quantidades ínfimas de oxigénio, existem agregados de bactérias em forma de filamentos enormes que se espalham por quilómetros. Alguns têm mais de sete centímetros de comprimento e metade do diâmetro de um cabelo, visíveis ao olho nu. O tapete ocupa uma área equivalente à Grécia e faz lembrar os ecossistemas da Terra há mais de 650 milhões de anos.
"O Censos para a Vida Marinha tem imenso orgulho em reconhecer a maioria escondida", exaltou Ian Poiner, responsável pelo Censos. O projecto que decorre desde 2000 e termina este ano propôs-se fazer um levantamento global da vida dos oceanos.
Os números revelam o que Poiner quer dizer com "maioria". Segundo as mais recentes estimativas, em apenas um litro de água existem mil milhões de microrganismos. Juntando os microrganismos de todos os oceanos, teríamos um peso total equivalente a 240 mil milhões de elefantes, o que representa cerca de 50 a 90 por cento da biomassa marinha.
O que se conhece a nível de diversidade também está em expansão. O exemplo do Canal da Mancha não é isolado - fizeram-se amostras de 1200 locais espalhados pelo mundo e estima-se que haja cem vezes mais géneros de bactérias do que se conhece. A tecnologia genética deu um grande empurrão, pois permitiu sequenciar material genético de milhões de micróbios.
Um mundo novo
"Os cientistas estão a descobrir e a descrever um surpreendente mundo novo na diversidade e abundância microbiológicas, e nos padrões de distribuição e mudanças sazonais", sublinhou Mitch Sogin, investigador que lidera o projecto internacional dos Censos do Micróbios Marinhos.
Dos pólos aos trópicos existem muitas bactérias diferentes. Mas em cada local a maioria das espécies é muito pouco abundante, enquanto há um punhado que domina o ecossistema. Estas espécies dominantes não são as mesmas em todos os sítios. O que se pensa é que as bactérias raras aproveitam alterações do ambiente mais favoráveis que lhes permite obter a dominância.
As descobertas feitas agora dão força a esta teoria. Nas fontes hidrotermais que estão a 30 quilómetros da crista média atlântica, no fundo do oceano, à latitude de Marrocos, os cientistas verificaram através de análises de ADN que as bactérias raras que existem nas zonas formadas mais recentemente tornam-se as mais abundantes nas mais antigas.
O número de espécies de animais microscópicos que fazem parte do zooplâncton também aumentou. Até 2004 só se conheciam sete mil espécies, agora o número já duplicou para 14 mil. Segundo os investigadores, os dados aprofundam o conhecimento das relações entre os animais.
Fonte: Publico.pt
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