quinta-feira, 15 de abril de 2010

Morte de cria de lince-ibérico continua por explicar

Análises vão prosseguir em Espanha e em duas semanas saber-se-á algo de concreto. Segunda cria está de boa saúde.

A análise da cria de lince-ibérico que morreu em Silves, no domingo de manhã, "não foi conclusiva e só dentro de duas semanas, depois de mais investigação, se poderá saber mais qualquer coisa sobre a causa da sua morte", como explicou ao DN fonte do ICNB (Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade). A segunda cria não apresenta, entretanto, quaisquer problemas e continua junto da mãe, Azahar, na caixa parideira.

As duas crias, as primeiras que nasceram no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, em Silves, no dia 4 deste mês, no Domingo de Páscoa, "estiveram sempre bem até domingo, dia em que uma delas morreu de causa aguda e de forma rápida", segundo explicou Rodrigo Serra, especialista em felinos e director do centro de Silves.

Tudo aconteceu no domingo de manhã. Através do circuito de videovigilância, os técnicos aperceberam-se de alguma instabilidade, no decurso da qual Azahar pôs o corpo da cria morta fora da caixa parideira. Tratava-se de uma fêmea, e o seu cadáver, depois de recolhido, pelos técnicos, foi enviado para o Centro de Análises e Diagnóstico de Málaga, em Espanha, já que é esta a entidade à qual o Programa de Cria ibérico atribui este tipo de perícias.

Para já, as análises são inconclusivas, pelo que só daqui a duas semanas, com uma avaliação mais profunda, se poderá saber algo concreto. Uma coisa é certa: não houve maus tratos por parte da progenitora, uma vez que o cadáver não apresenta qualquer tipo de sinal nesse sentido.

Entretanto, a segunda cria continua bem, junto da progenitora, dentro da caixa parideira, e não há indícios de que possa vir a ter problemas.

O risco de mortalidade das crias de lince-ibérico é, no entanto, algo com que os técnicos envolvidos no programa ibérico de conservação da espécie (que tem a pedra basilar na reprodução da espécie em cativeiro) contam à partida, já que a sua ocorrência tem sido uma constante, desde que a reprodução em cativeiro se iniciou em Espanha. Dados divulgados pelo ICNB mostram isso mesmo.

No ano passado, por exemplo, nasceram 28 animais nos centros de reprodução espanhóis e só 17 (39%) sobreviveram até aos dois meses de idade. Em 2008, a média não foi melhor: dos 16 animais que nasceram nesse ano, três morreram ou foram abortados, e outros seis tiveram de ser retirados às suas mães e criados à mão. Ou seja, "em circunstâncias normais provavelmente morreriam", segundo o ICNB.

Os dados do programa em Espanha revelam, ainda, que 70% das fêmeas inexperientes, que são mães pela primeira vez, como é o caso de Azahar, tiveram algum tipo de conduta anormal que levou ao abandono das crias, partos prematuros ou ausência de instinto maternal, embora nada disso tenha sucedido com Azahar.

No centro de Silves prossegue agora a vigilância da cria que se mantém viva, e para já de boa saúde, e da sua mãe, que está calma e continua a cuidar dela. Dentro de duas semanas se saberá algo mais.

Fonte: Diário de Notícias

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